O empresário Paulo Paganucci, já conhecido no cenário da gastronomia capixaba, acaba de inaugurar o Vincent Wine Bar, na rua Afonso Cláudio, na Praia do Canto, um dos pontos mais charmosos de Vitória. A proposta da nova casa é simples e sofisticada ao mesmo tempo: criar um espaço acolhedor, com boa comida, vinhos selecionados e preços justos. Com decoração intimista, prateleiras recheadas de rótulos nacionais e importados, e uma iluminação quente que convida à permanência, o Vincent se apresenta como um novo ponto de encontro para quem deseja curtir um vinho sem pressa. A casa é perfeita para encontros a dois, grupos de amigos ou até para aquele final de tarde com petiscos e uma boa taça. Vinhos a preço acessível: diferencial que chama atenção Um dos grandes atrativos do Vincent é a política de preço dos vinhos. Ao contrário da prática comum dos restaurantes, os rótulos são vendidos com preços de loja especializada — o que torna a experiência mais acessível e democrática para os amantes da bebida. A casa oferece um cardápio conciso, mas repleto de sabor. As opções são pensadas para harmonizar com diferentes tipos de vinho e para compartilhar à mesa. Entre os destaques: Entradas: Empanadas argentinas (2 unidades – R$ 35): sabores como carne, marguerita e choripán. Massa crocante, recheio saboroso — destaque absoluto da casa. Cesta de mini esfirras (6 unidades – R$ 25): nas versões de carne, fraldinha, ricota com espinafre e queijo. Carpaccio de carne (R$ 65): finalizado com grana padano e rúcula. Seleção de queijos especiais (R$ 69): servida com compotas, mel e nuts. Charcutaria artesanal (R$ 69): presunto cru, salame italiano e lombo curado. Tábua mista Vincent (R$ 99): uma generosa seleção de queijos, embutidos, frutas secas e castanhas. Pratos quentes: Ravioli de muçarela de búfala (R$ 75): ao molho de tomate confit e manjericão. Canelone de ossobuco na fonduta trufada (R$ 75): receita da Nonna Mia, intenso e cremoso. Sanduíches artesanais: Três opções com ciabatta e ingredientes como presunto parma, brie, rúcula, pesto e burrata — todos por R$ 55. Para acompanhar: cervejas, sucos e serviço atencioso Além do vinho, o bar oferece cervejas como Heineken (R$ 17) e Stella Artois (R$ 15), refrigerantes, suco de uva integral e águas com ou sem gás. O atendimento é outro diferencial: a equipe está preparada para ajudar o cliente a encontrar a harmonização ideal com o prato escolhido.
Saúde estadual abre seleção emergencial com salários de até R$ 12,2 mil; inscrições até dia 15
A Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa) abriu, nesta quinta-feira (4), quatro processos seletivos emergenciais com salários que chegam a R$ 12.201,86. Os editais são voltados à formação de cadastro de reserva para contratações temporárias em todas as unidades da rede estadual de saúde. Há oportunidades para níveis Fundamental, Médio, Técnico e Superior, com atuação em hospitais e órgãos vinculados à Sesa. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas exclusivamente pelo site www.selecao.es.gov.br até as 10h do dia 15 de setembro. Confira os destaques de cada edital: Edital SESA nº 008/2025: médicos com carga de 40 horas semanais e salário de até R$ 12.201,86. Edital SESA nº 009/2025: profissionais com nível Superior em outras áreas, com salários de até R$ 5.589,89. Edital SESA nº 010/2025: cargos de nível Fundamental, Médio e Técnico, com remuneração de até R$ 2.871,02. Edital SESA nº 011/2025: oportunidades no Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES) para profissionais com formação em biologia molecular, bromatologia e gestão pública, também com salário de até R$ 5.589,89. Os contratos temporários terão validade inicial de 12 meses, com possibilidade de prorrogação. Já os editais têm vigência de quatro meses. A seleção visa atender à demanda emergencial e temporária nas unidades de saúde do Estado. Interessados devem conferir os requisitos específicos de cada edital antes de se candidatar.
Cultura, gastronomia e história na festa pomerana de Melgaço a partir desta sexta (5)
Por Rachel Martins Há 166 anos, desembarcavam no Espírito Santo os primeiros imigrantes pomeranos. O grupo era formado por 27 famílias, um total de 117 passageiros, agricultores e luteranos, que partiram de Hamburgo, na Alemanha, em 1859, a bordo do navio Eleonor. O transatlântico entrou no porto do Rio de Janeiro após dois meses de viagem. Lá estava sediada a “Central de Colonização”, responsável pelos contratos e transportes. Após essa breve escala, na capital do Império, seguiram viagem no barco São Matheus e chegaram a Vitória. Um dos destinos dos imigrantes pomeranos, a partir do porto capixaba, foi Domingos Martins, sendo que, no distrito de Melgaço, começaram a chegar em 1870. Na bagagem, trouxeram suas tradições: música, dança, artesanato, folclore, língua, religião, gastronomia e arquitetura. A tradição pomerana no Espírito Santo é tão rica que acaba de ser criada, por meio do deputado Marcelo Santos, a Rota dos Pomeranos (Projeto de Lei 387/2025), em Domingos Martins. A casa pomerana: tradição nas montanhas do ES E quem quiser conhecer Melgaço e sua tradição pomerana pode começar a se planejar para pegar a estrada entre os dias 05 e 07 de setembro, quando o distrito realizará a XXXIV Pommerfest, sua tradicional festa, com uma programação intensa, incluindo casamento pomerano. A primeira edição da festa foi realizada em 1989, com o propósito de divulgar, preservar e valorizar a rica cultura pomerana, por meio de manifestações culturais como danças típicas, culinária tradicional, música folclórica e a celebração dos costumes trazidos pelos imigrantes da região da Pomerânia. Para Genilza Schröder, presidente da Associação de Moradores, Produtores e Amigos de Melgaço, a festa traz um sentimento de pertencimento, que é celebrado anualmente: “Mais do que uma simples festividade, o evento representa a resistência e a força de um povo que, mesmo diante de inúmeros desafios e adversidades, conseguiu manter viva sua identidade cultural”, ressalta. E completa: “Podemos afirmar, com orgulho, que nossa cultura sobreviveu ao tempo e às dificuldades, sustentada pela coragem e pelos sonhos daqueles que deixaram sua terra natal em busca de novas oportunidades. Hoje, somos herdeiros desse legado e temos a honra de compartilhá-lo com as novas gerações, reafirmando nossa história, nossos valores e a beleza de uma herança cultural que continua a florescer.” Programação da 34ª Pommerfest Sexta-feira – 05/09 15h – Baile de Concertina (Salão) com Rodrigo e Angelino 18h30 – Casamento Pomerano 19h – Abertura Oficial da 34ª Pommerfest com Banda Pommerchor (Palco) 21h – Os Santanas (Salão) 00h – Encerramento Sábado – 06/09 9h – Demonstração de bordados na Casa Pomerana 14h – Culto em Pomerano (Igreja da Paz) 14h – Apresentação de alunos 15h – Baile de Concertina (Salão) com Wavan da Concertina e Gêmeos do Fandango 17h – Eleição do Boneco e da Boneca Pomeranos 18h – Eleição da Rainha e Princesas da Pommerfest 19h – Concurso do Lenhador e brincadeiras 19h – Gruda Mais (Salão) 21h – Os Germanos (Palco) 23h30 – Os Tradicionais Pomeranos (Palco) 2h – Encerramento Domingo – 07/09 9h – Desfile Cultural e carros antigos 11h – Almoço 12h – Os Baladeiros (Palco) 13h – Guilherme e Rodrigo da Concertina, Grupo de Concertina e Os Baladeiros (Salão) 15h – Concurso Lenhador (Palco) 17h – Os Alma di Vanera (Palco) 19h – Pommerchor 20h – Encerramento 🍖 A festa terá o Tradicional Churrascão a quilo. ℹ️ Serviço Entrada gratuita Local: Melgaço, a 31 km de Domingos Martins
Famílias cobram respostas para pessoas desaparecidas no Espírito Santo
Falta de integração entre órgãos e estrutura precária dificultam solução de casos e aumentam a dor de quem busca por entes queridos Em alusão ao Dia Internacional das Pessoas Desaparecidas (30 de agosto), a Assembleia Legislativa do Espírito Santo realizou uma sessão especial, nesta quarta-feira (3), para debater os desafios enfrentados por familiares e autoridades na busca por pessoas desaparecidas. A iniciativa foi conduzida pelo deputado Delegado Danilo Bahiense (PL), presidente da Comissão de Segurança da Ales, e reuniu representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública, da Polícia Civil e de entidades ligadas ao tema. Bahiense destacou que a falta de recursos, efetivo e estrutura nas delegacias especializadas compromete a resolução de casos e alimenta um cenário de subnotificações e estatísticas imprecisas. “Existe um vazio investigativo extremamente perigoso. Quando há indícios de homicídio com ocultação de cadáver, a delegacia não tem estrutura para investigar, e o DHPP se recusa a assumir por não haver corpo. Isso é inadmissível”, criticou o parlamentar. A situação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foi apontada como crítica, com apenas quatro servidores, instalações inadequadas e acúmulo de funções por parte do delegado titular. Falta de integração entre órgãos A promotora Luciana Almada, coordenadora do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID/ES), reforçou a crítica à falta de integração entre os órgãos. “Vivemos na era da inteligência artificial e, ainda assim, não conseguimos integrar informações básicas entre IMLs, cartórios e instituições públicas. Isso trava o acesso à verdade para famílias que vivem um luto sem fim”, afirmou. Segundo dados apresentados pela promotora, os desaparecimentos cresceram 4,9% no Brasil em 2024. Foram 81.873 registros, contra 77.725 em 2023. Destes, 57.568 pessoas foram localizadas. No Espírito Santo, foram 2.621 casos em 2024, com apenas 458 resolvidos. Um ciclo que não se fecha O investigador Adriel Ludolfo Moreira, da Delegacia Especializada em Pessoas Desaparecidas, emocionou o plenário ao relembrar a história de seu irmão, Joeser Ludolfo Moreira, desaparecido em 2012 no mar de Setiba, em Guarapari. A perda impulsionou a criação de uma associação de apoio psicológico a famílias de desaparecidos no Estado. Casos semelhantes foram compartilhados por outros participantes da sessão, como Lair Dias, que relatou a dor de sua mãe diante do desaparecimento de uma filha ocorrido dois anos antes de seu nascimento. “Minha mãe diz que, se a criança tivesse morrido, ela teria direito ao luto, a um enterro. Mas foi privada disso. Por quê?”, questionou. Ela defendeu a abertura de uma CPI para investigar os casos históricos de desaparecimentos no Estado. Falta de acesso a informações básicas O assessor da Comissão de Segurança e delegado aposentado André Cunha revelou que muitas investigações esbarram na falta de colaboração de cartórios, hospitais e cemitérios. “Temos registros de crianças declaradas mortas, com prontuários indicando telefone e endereço dos pais, que visitavam regularmente o hospital. Nos anos 1960, mães do interior deixavam os filhos para tratamento sem direito a acompanhante. Décadas depois, seguem sem respostas”, disse. Avanços e desafios O delegado Luis Gustavo Ximenes, titular da Delegacia de Pessoas Desaparecidas, informou que a unidade trabalha na implementação de um Procedimento Operacional Padrão (POP) para melhorar o fluxo de atendimento desde o registro do boletim de ocorrência. O protocolo tem dado bons resultados, especialmente na Grande Vitória, com apoio de novas tecnologias e integração entre as Unidades da Federação (UFs). A perita criminal Bianca Bortolini Merlo, chefe do Laboratório de DNA Forense da Polícia Científica (PCIES), apresentou os números do banco estadual de perfis genéticos: 516 restos mortais não identificados 355 registros de desaparecidos 295 famílias cadastradas 8 pessoas vivas sem identificação O banco foi criado em 2019 e busca agilizar o cruzamento de dados entre cadáveres e familiares que registraram formalmente a busca por desaparecidos. Enfrentamento coletivo O defensor público Hugo Fernandes Matias, coordenador de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado, destacou a complexidade da temática e a responsabilidade internacional do Brasil. “Temos desaparecimentos relacionados ao crime organizado, à exclusão social, à população em situação de rua, ao uso de drogas. A Defensoria acompanha casos de pessoas que podem ter sido privadas de liberdade de forma ilegal, ou que vivem sem documentação e sem vínculos familiares”, pontuou. Juventude capixaba é a mais afetada Segundo Bahiense, o perfil dos desaparecidos no Espírito Santo mostra que a juventude é a mais impactada. 59,6% são homens 42,8% são pardos 19,8% são adolescentes de 12 a 17 anos Jovens entre 18 e 24 anos somam mais de 10% dos registros “São adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade, vítimas de conflitos familiares, violência, tráfico e exclusão social. Precisamos garantir estrutura e sensibilidade institucional para dar respostas a essas famílias e evitar novas perdas”, finalizou o parlamentar. Informações e foto: Ales
Vila Velha é uma das 5 cidades do país que oferecerão videochamadas odontológicas
Vila Velha foi escolhida como uma das cinco cidades do Brasil – e a única do Espírito Santo – a participar do projeto-piloto de teleodontologia, conduzido pelo Ministério da Saúde. A iniciativa visa modernizar os atendimentos odontológicos no SUS com o uso de videochamadas, nos moldes da telemedicina. Com previsão de implantação em 2026, o serviço permitirá a realização de triagens, telediagnósticos e orientações remotas, reduzindo o tempo de espera por atendimento e otimizando o fluxo nas unidades de saúde. Inicialmente, a teleodontologia será aplicada nas filas do Centro de Especialidades Odontológicas e em unidades com maior demanda. O projeto é coordenado pela Coordenação-Geral de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Faculdade de Odontologia da USP (FOUSP). Quatro profissionais da rede municipal de saúde serão capacitados por meio de aulas ao vivo e conteúdos on-line. Nos dias 16 e 17 de setembro, eles participam de encontros presenciais com docentes da USP e representantes do Ministério da Saúde. Foto: PMVV
Sinais que antecedem o suicídio não podem ser ignorados, alerta especialista
Brasil registra 38 mortes por dia; campanha reforça importância da escuta, acolhimento e prevenção O suicídio raramente ocorre de forma repentina. Em grande parte dos casos, ele é o desfecho de um processo silencioso, cheio de sinais e sintomas que muitas vezes passam despercebidos pela família, pelos amigos e pela sociedade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo. No Brasil, são aproximadamente 14 mil mortes por ano, o que representa uma média de 38 vidas perdidas por dia. Esses números poderiam ser menores, segundo especialistas, se os sinais de sofrimento emocional fossem mais observados e acolhidos. É nesse contexto que ganha força o Setembro Amarelo, campanha mundial de prevenção ao suicídio, que reforça a importância de falar sobre o tema com responsabilidade e empatia. Sinais de alerta: o que observar A psicanalista e especialista em comportamento humano Joseana Sousa explica que o suicídio é, na maioria das vezes, precedido por sinais. “Uma pessoa dá sinais o tempo todo de que pensa em tirar a própria vida. São pistas emocionais, comportamentais e até verbais que precisam ser levadas a sério”, afirma. Entre os fatores que podem desencadear esse processo, ela cita dívidas, traições, alcoolismo, isolamento social e, principalmente, a sensação de não ter saída para a dor que se sente. Segundo Joseana, se antes o isolamento era uma das principais causas, hoje a exposição excessiva nas redes sociais também pode adoecer. “A comparação social se tornou um dos grandes males da nossa era. Vidas aparentemente perfeitas vistas no digital reforçam sentimentos de inadequação e desesperança”, aponta. Ela também chama atenção para o chamado efeito contágio, em que histórias de suicídio divulgadas publicamente podem influenciar outras pessoas em situação vulnerável. “Por isso, precisamos falar com responsabilidade, sensibilidade e sem estigmas. É conscientizando que podemos salvar vidas”, reforça. Entre os principais sinais de alerta, a psicanalista destaca: Mudanças bruscas de comportamento ou humor Fala constante sobre morte ou falta de sentido na vida Isolamento e perda de interesse em atividades antes prazerosas Alterações no sono, apetite e aparência pessoal Uso excessivo de álcool ou outras drogas Frases ou atitudes que indicam despedidas “É preciso ouvir até o que não é dito diretamente. Muitas vezes, a dor é comunicada por entrelinhas, e cada palavra importa”, afirma. Como ajudar Reconhecer os sinais é o primeiro passo. O segundo, e igualmente importante, é acolher. Escutar sem julgamentos, demonstrar empatia, validar a dor do outro e incentivar a busca por ajuda profissional são atitudes fundamentais. Em casos de risco iminente, a recomendação é acionar atendimento médico de emergência ou entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo telefone 188 – o serviço é gratuito, sigiloso e funciona 24 horas por dia. Além do apoio familiar e da rede social, a atuação de profissionais da saúde mental é decisiva. Psicólogos, psicanalistas e psiquiatras estão preparados para conduzir processos terapêuticos que ajudam o paciente a ressignificar suas dores e encontrar novos sentidos para seguir em frente. “Meu trabalho é mais do que escutar. É oferecer um espaço seguro, onde é possível acessar as raízes emocionais do sofrimento e, a partir delas, construir novas possibilidades de vida”, ressalta Joseana. A história de Joseana: da cabine ao consultório Hoje psicoterapeuta e especialista em saúde emocional da mulher, Joseana Sousa conhece de perto o que é viver processos de dor profunda. Nascida no interior do Maranhão, em meio à pobreza extrema, foi entregue ainda bebê a outra família pelo pai – que sofria com o alcoolismo – e que mais tarde tiraria a própria vida. Mais tarde, ela enfrentou outras perdas marcantes, como a mãe adotiva e o irmão. Em 2020, um período de transição pessoal e profissional trouxe à tona antigos lutos e a levou a um mergulho no autoconhecimento. Na mesma época, também enfrentou a depressão. Antes disso, Joseana construiu carreira como piloto de avião, sendo a primeira mulher maranhense a conquistar essa habilitação profissional. Mas a pandemia, a maternidade e a pausa nos voos a impulsionaram a fazer novos planos. “Enquanto fui voluntária na África, comecei a estudar Psicanálise Clínica. Depois mergulhei em Neurociência, hipnose clínica, constelação familiar. Entendi que eu podia continuar conduzindo pessoas – só que agora para dentro de si mesmas”, conta. Desde então, Joseana desenvolveu sua própria metodologia terapêutica e lançou, em 2022, o livro “Caixa-Preta”, uma autobiografia com reflexões sobre superação e autoanálise que marcou sua virada de carreira. O que é o Setembro Amarelo? A campanha Setembro Amarelo foi lançada oficialmente no Brasil em 2014, por iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e do Conselho Federal de Medicina (CFM), inspirada em ações de conscientização já realizadas nos Estados Unidos desde a década de 1990. Desde então, o mês se tornou um período simbólico de prevenção ao suicídio, com ações de informação, acolhimento e escuta ativa em todo o país. Monumentos são iluminados de amarelo e espaços públicos promovem atividades para chamar atenção da sociedade sobre a importância de cuidar da saúde mental e falar sobre o que, por muito tempo, foi tratado como tabu. Precisa conversar? Ligue 188 (CVV – Centro de Valorização da Vida) Atendimento gratuito, anônimo e 24h por dia. Saiba mais: www.cvv.org.br Se desejar, posso adaptar o conteúdo para postagens no Instagram, banners digitais, folder informativo ou release de imprensa. É só avisar!
FestCine Pedra Azul divulga seleção oficial de filmes para a 7ª edição do festival
Evento acontece de 24 a 27 de setembro na região serrana do ES, com entrada gratuita e programação especial A sétima edição do FestCine Pedra Azul já tem seus filmes selecionados e datas definidas. O festival, que reúne cinema, cultura e natureza na região serrana do Espírito Santo, será realizado entre os dias 24 e 27 de setembro, com entrada gratuita. As sessões acontecem no Auditório Eliezer Batista, no Hotel Vista Azul, enquanto as homenagens e premiações serão no tradicional Aroso Paço Hotel. Nesta edição, o festival recebeu mais de 1.500 inscrições de 98 países. Desses, 80 filmes foram selecionados, sendo 45 produções nacionais – entre curtas, longas, animações e documentários – que serão exibidas ao longo dos quatro dias de evento. A lista com os 35 filmes internacionais, que também concorrem ao Troféu Rota do Lagarto, será divulgada em breve. Abertura com exibições e homenagens O festival tem início no dia 24 de setembro, às 10h, com a exibição de documentários no Hotel Vista Azul. Entre os destaques estão A Dita Filha de Claudia Wonder (SP), de Wallie Ruy; As Cores e Amores de Lore (SP), de Jorge Bodanzky; e Não haverá mais história sem nós (PA), de Priscilla Brasil. Na quinta-feira, dia 25, a programação começa com o “Projeto Escola”, às 10h, voltado para alunos do ensino fundamental. Em seguida, às 11h, serão exibidas animações de diferentes regiões do país. Às 13h, o festival oferece uma oficina de cinema com os atores e diretores Roney Villela, Vanessa Lynx e Roberto Birindelli. À noite, às 20h, no Aroso Paço Hotel, haverá uma homenagem especial pelos 27 anos do filme Central do Brasil, com presença do ator Vinícius de Oliveira, que interpretou Josué na obra de Walter Salles. Ele receberá o Troféu Rota do Lagarto pela sua contribuição ao cinema nacional. Programação segue com oficinas, debates e música Na sexta-feira (26), a mostra competitiva de curtas-metragens continua pela manhã. À noite, também no Aroso Paço Hotel, o festival prestará homenagem a um artista brasileiro com reconhecida trajetória nas artes cênicas. Após a cerimônia, haverá coquetel para convidados e, às 22h, show exclusivo do músico Rodrigo Santos, ex-Barão Vermelho, no Ronchi Pub. O sábado (27) será marcado pelo encerramento do evento com programação intensa. A partir das 9h, serão exibidos os longas-metragens em competição. Durante a tarde, o Auditório Erling Lorentzen sediará palestras sobre temas como sustentabilidade, saúde mental, dependência química e análise fílmica. À noite, a partir das 20h, o Salão Nobre do Aroso Paço Hotel será palco da cerimônia de premiação, com entrega do Troféu Rota do Lagarto para os vencedores das categorias nacionais e internacionais. A noite contará ainda com uma homenagem ao professor e escritor João Candido Portinari, pocket show de Rodrigo Santos e apresentações de stand-up com os humoristas Chiara Pascotini e Marcelo Smigol. Festival valoriza a cultura e o cinema capixaba Criado pelos produtores Alex Reis e Marcoz Gomez, da Tower Filmes, em parceria com a artista plástica Patricia Secco, o FestCine Pedra Azul reafirma seu compromisso com a valorização da produção audiovisual, com foco em democratizar o acesso ao cinema e fomentar o diálogo entre diferentes linguagens artísticas. “Receber filmes de quase 100 países mostra que Pedra Azul já está no mapa do cinema mundial e isso é motivo de celebração”, destacam os organizadores. Patrocínio e apoio O festival conta com patrocínio do Sicoob ES, Aroso Paço Hotel e Vista Azul Hotel, e apoio de diversas marcas e empreendedores da região, além da Prefeitura de Domingos Martins. Confira a lista completa dos 45 filmes selecionados para o FestCine Pedra Azul: DOCUMENTÁRIO ● A Dita Filha de Claudia Wonder – Direção: Wallie Ruy (SP) ● Acorda, Cajueiro! – Direção: Guga Carvalho (PI) ● As Cores e Amores de Lore – Direção: Jorge Bodanzky (SP) ● Benzô – Direção: Letícia Andra (SP) ● Cerne – Direção: Rafaê (RJ) ● Intervenção – Direção: Gustavo Ribeiro (SP) ● Julião, filhos da praia – Direção: Mônica Mac Dowell (RN) ● Maçãs no escuro – Direção: Tiago A. Neves (SP) ● Mama – Africanos em São Paulo – Direção: Rafael Aquino (SP) ● Não haverá mais história sem nós – Direção: Priscilla Brasil (PA) ● Neon – Direção: Daniel Luciancencov Petrillo (SP) ● Paradiso de Aníbal – Direção: Diego Baraldi (MT) ● Um homem sem rosto resiste – Direção: Luiz Gonçalves (GO) ● Vozes do Território – Terra Indígena Piaçaguera – Direção: Diana Freixo (SP) ANIMAÇÃO ● Caguaçu – Direção: Graffiti com Pipoca Collective (SP) ● Cheia – Direção: Wayner Tristão (RJ) ● Divagar – Direção: Lupa Silva (RN) ● Finito – Direção: Giorgio Vinicius Casetta (GO) ● Hoje Eu Só Volto Amanhã – Direção: Diego Lacerda (PE) ● Homofonia – Direção: Lincoln Fortes (SP) ● Mundinho – Direção: Gui Oller, Pipo Brandão e Ricky Godoy (SP) ● O Sonho de Clarice – Direção: Fernando Gutiérrez e Guto Bicalho (DF) ● PiOinc – Direção: Alex Ribondi e Ricardo Makoto (DF) ● Posso Contar Nos Dedos – Direção: Victória Kaminski (RS) ● Reciclos – Direção: Diego Guerra (RJ) CURTA-METRAGEM ● Bença – Direção: Mano Cappu (PR) ● Caído – Direção: Alexandre Estevanato (SP) ● Dependências – Direção: Luisa Arraes (RJ) ● Deixa – Direção: Mariana Jaspe (RJ) ● Descamar – Direção: Nicolau (DF) ● Dois Bois – Direção: Perseu Azul Safi Leal (MT) ● Entrega – Direção: Luiz Azambuja e Pedro Presser (RS) ● Farol Alto – Direção: Brunno Bimbati (SP) ● Linda do Rosário – Direção: Vladimir Seixas (RJ) ● Memórias Enferrujadas – Ressonâncias – Direção: Tayhú Wieser (RS) ● O Céu Não Sabe Meu Nome – Direção: Carol AÓ (SP) ● Os Cravos – Direção: Renan Amaral (ES) ● Solange Não Veio Hoje – Direção: Hilda Lopes Pontes e Klaus Hastenreiter (RJ) ● Terminal – Direção: Getsemane Silva e Guilherme Bacalhao (DF) ● Vinil Riscado – Direção: Sara Engelhardt (ES) ● Windows – Direção: Pedro Gandolla (SP) ● Xarpi – Direção: Rafael Lobo (DF) LONGA-METRAGEM ● A Flor da Gigóia – Direção: Ivo Schergl Jr. (RJ) ● Enquanto
Vitória comemora 474 anos com histórias de quem viu a cidade se transformar
Às vésperas de completar 474 anos, no dia 8 de setembro, a cidade de Vitória é celebrada não apenas por sua história oficial, mas também pelas memórias de quem cresceu junto com ela. Moradoras da capital compartilharam lembranças afetivas e testemunhos sobre as transformações que marcaram suas vidas e os bairros onde vivem. A aposentada Maria Schirley Bastos, de 67 anos, lembra da época em que se mudou para Jardim Camburi, nos anos 1990, quando o bairro ainda tinha ruas de terra e pouca infraestrutura. “Quando chovia, ia de chinelo até o ponto e levava outro sapato limpo para trabalhar. Depois, tudo foi mudando: vieram os prédios, os comércios, o shopping. Foi bonito ver esse crescimento.” Já a esteticista Maria José Cunha, de 61 anos, chegou a Vitória vinda de Minas, há 32 anos, e escolheu também Jardim Camburi como lar. “Cheguei grávida de três meses. Criei meus três filhos aqui. O bairro era tranquilo, com prédios baixos e a Praia de Camburi era o lazer das famílias. Hoje tudo está mais vivo, cheio de opções, com ciclovias, parques e espaços de convivência. Vitória é a melhor cidade para se viver.” A professora aposentada Maria da Penha Gonzaga, de 71 anos, nasceu e cresceu em Vitória. Viveu a infância no Parque Moscoso, morou no Morro do Quadro e diz que sua história está toda ligada à capital. “Foram mais de 30 anos dedicados à educação. Casei, criei meus filhos e nunca encontrei outro lugar como aqui. Vitória tem um calor que é só dela.” Já a enfermeira Maria do Carmo de Souza, de 66 anos, lembra da realidade difícil que enfrentou em São Pedro, quando ainda havia muitas palafitas sobre o mangue. “Fazia visitas domiciliares e vi a transformação do bairro de perto. Em Jardim Camburi, onde também morei, era tudo terra. Hoje tem ciclovia, ruas asfaltadas, estrutura. Vitória está incentivando o uso da bicicleta, isso traz qualidade de vida.” Entre ruas de barro que viraram avenidas, bairros que floresceram e espaços públicos que ganharam vida, as histórias dessas mulheres revelam uma cidade construída com afeto e pertencimento. No aniversário de 474 anos, Vitória celebra as memórias de quem a viu crescer — e de quem nunca deixou de chamá-la de casa. Fotos: PMV
Capixaba disputa vaga para levar pesquisa ao espaço
Competição reúne mais de 150 países: apenas seis serão escolhidos O engenheiro de software Briant Moreira de Oliveira, 29 anos, conhecido nas redes sociais pelo seu apelido Elliot, nasceu nos Estados Unidos, possui dupla cidadania e foi naturalizado brasileiro no Espírito Santo, onde passou a viver a partir dos 3 anos. Ele disputa agora uma das seis vagas para participar de uma missão espacial no foguete New Shepard, da Blue Origin, empresa fundada pelo empresário Jeff Bezos. O experimento que Elliot Briant pretende investigar na missão é sobre os efeitos da microgravidade no corpo humano: ele busca analisar como músculos, ossos e conexões neuromusculares reagem à ausência de gravidade. A pesquisa tem potencial de gerar avanços científicos aplicáveis à saúde na Terra. A competição é organizada pela agência espacial SERA Space Agency e conta com candidatos de mais de 150 países. Das seis vagas, cinco serão destinadas a conduzir experimentos no espaço. A SERA – Space Exploration and Research Agency – é uma agência espacial privada fundada com o objetivo de democratizar o acesso ao espaço, tornando a participação global e a exploração da economia do espaço acessível a todos. Elliot Briant desenvolveu a sua proposta no Instituto Geração de Marte e na Habitat Marte Analog Station, no Rio Grande do Norte. A pesquisa foca em biomarcadores, que são indicadores biológicos, como células ou proteínas, que podem ser medidos para indicar um processo biológico, e nesse caso estão relacionados à degeneração muscular, um processo acelerado em ambientes de microgravidade e semelhante ao envelhecimento e a doenças degenerativas como sarcopenia, esclerose lateral amiotrófica, osteoporose e até mesmo a caquexia do câncer. “Quero trazer de volta para a Terra os resultados desse experimento, para ajudar o desenvolvimento de novas tecnologias, procedimentos terapêuticos e medicamentos que possam tratar doenças neuromusculares, gerando impacto real na ciência e na vida das pessoas”, afirma Elliot Briant. Da Medicina à tecnologia Elliot Briant nasceu em 30 de outubro de 1995, em Fort Lauderdale, nos Estados Unidos, mas cresceu em Laranjeiras, na Serra, onde se naturalizou brasileiro. Filho de um caminhoneiro e de uma dona de salão de beleza, teve uma infância simples e curiosa. “Desde pequeno, eu queria entender como as coisas funcionavam e como eu poderia ajudar as pessoas”, lembra. No Brasil, cogitou estudar Medicina. Apesar da curiosidade, admite que não era o aluno mais aplicado. “Eu era muito indisciplinado, chamava atenção demais. Tinha energia de sobra para ficar parado em sala de aula”, confessa. Ele cursou parte do ensino fundamental e médio na unidade SESI Laranjeiras. Com o tempo, a rebeldia deu lugar à disciplina. No Ensino Médio, decidiu se dedicar aos estudos com o objetivo de construir uma trajetória internacional. Em seguida, já em 2012, mudou-se para os Estados Unidos, onde iniciou o curso pré-med na Everest University, um curso de graduação que os estudantes fazem nos EUA antes de se candidatar à faculdade de medicina. Trabalhou como assistente cirúrgico em várias especialidades e participou de procedimentos que o aproximaram da tecnologia aplicada à saúde. Foi nesse contato com dispositivos médicos que descobriu sua verdadeira paixão: a tecnologia. Com apoio de amigos e familiares, migrou para a engenharia de software e ingressou na Make School (um programa incubado pela Y Combinator – umas das maiores incubadoras do mundo), em parceria com a Dominican University of California, em São Francisco. “Percebi que poderia aplicar a tecnologia a diferentes áreas. Esse casamento abriu caminhos que eu nunca tinha imaginado”, conta. Experiência na NASA O interesse por ciência e tecnologia abriu portas em instituições de ponta, como a NASA. Durante uma disciplina de Machine Learning, Elliot Briant participou de uma competição no Kaggle, plataforma de aprendizagem e competição para cientistas de dados, usando dados do telescópio Kepler, e identificou, quase por acaso, 37 possíveis exoplanetas, que orbitam estrelas fora do nosso Sistema Solar. O feito repercutiu e chamou a atenção da equipe da NASA Open Data, que confirmou seu estudo. “Trabalhar na NASA me mostrou como a ciência é construída em equipe e o impacto que a tecnologia pode ter”, afirma Elliot Briant. Ansiedade e propósito Elliot Briant explica que quando era criança sonhou em ser astronauta, mas nunca achou que seria uma possibilidade. “Minha meta sempre foi ajudar a ciência. Essa competição representa justamente isso: transformar curiosidade em conhecimento útil para a humanidade”, diz ele. Ele ressalta que a microgravidade não é apenas uma curiosidade espacial. “O que astronautas sofrem em meses no espaço, nós levamos anos para desenvolver aqui. Estudar isso de perto pode antecipar soluções para doenças ligadas a ossos, músculos e neurônios”, explica. Como ajudar O público pode contribuir diretamente com a candidatura de Elliot Briant. A votação é realizada em uma comunidade no Telegram, onde é possível criar um perfil e participar da missão junto com ele. Além disso, Elliot Briant lembra que é possível ajudar de outras formas: engajando nas postagens com a hashtag da competição, participando da comunidade dele no Instagram e acompanhando sua jornada pelos canais oficiais. O anúncio dos 18 selecionados para a etapa final será feito no final de outubro. “Cada participação é importante. Mais do que me ajudar, é uma forma de apoiar a ciência e mostrar que pessoas do Brasil, do nosso Estado, também podem chegar longe, até mesmo ao espaço”, conclui. Telegram: https://t.me/sera_mission_control_bot/app?startapp=4KHKUZF5 Instagram: Acompanhe a rotina de Briant no Instagram: @the_social_hacker
Gustavo Varella – “Contribuições para a reconstrução do diálogo: um prólogo”
Há muito tempo, talvez na adolescência, ouvi uma parábola bastante singela, porém ilustrativa, sobre a importância da contribuição individual de cada um de nós na construção de uma sociedade melhor. De um mundo melhor e mais digno, acrescento, na perspectiva de que, independentemente das diferenças múltiplas que existem entre todos nós, fazemos parte de um coletivo, de um ambiente que não dispensa a concórdia, a convivência respeitosa e, principalmente, o diálogo intelectualmente honesto e equilibrado. Essa pequena história tinha como “pano de fundo” um grande incêndio que consumia a floresta de todos. Convocados pelo “rei dos animais”, o leão, os bichos se empenhavam no combate ao fogo que, sabiam eles — incluindo os que achavam belas as chamas — acabaria por destruir aquele lugar, palco da vida comum. Cada qual fazia o que lhe era possível, conforme as suas condições e características. O tatu cavava furiosamente buracos, que depois eram unidos pelos chifres e patas do búfalo, formando uma vala para contenção do fogo, impedindo-o de se alastrar para outras áreas ainda não atingidas. Cavalos, burros e outros animais fortes se empenhavam em tirar dali grandes feixes de galhos mortos, “amarrados” por cobras que se uniam umas às outras, evitando que alimentassem novos focos. Felinos corriam para todos os lados, dando notícias da situação do incêndio em todas as suas frentes. Águias voavam alto, monitorando, do céu, a direção dos ventos, permitindo a antecipação de providências. Enfim, cada um dos animais, todos eles juntos, contribuíam para o propósito comum de debelar a ameaça, somando suas características semelhantes e complementando, ou melhorando, aquelas carentes nos seus iguais de destino. Em determinado momento, um dos elefantes, animais imensos que usavam suas trombas para sugar água e derramá-la sobre as chamas, percebeu um minúsculo beija-flor indo e vindo, da margem do riacho até uma pequena fogueirinha, tomando, no pequeno bico, poucas gotas, para depois jogá-las no braseiro. Aproximando-se do pássaro, o elefante perguntou-lhe em tom de ironia: “…Escuta aqui, passarinho, tu achas mesmo que vai apagar esse fogaréu medonho pingando água com seu biquinho?” Ouvindo dele a resposta: “Sozinho, claro que não, mas estou fazendo tudo o que posso, dentro das minhas limitações, para contribuir com o grupo!” Uma brevíssima e valiosíssima lição de “responsabilidade individual” que tive. Lembro dela, bem nítida, até hoje! E, como costumo fazer, associo essas imagens e exemplos — mesmo decorridos de experiências ruins — quando me ponho a buscar soluções para problemas, pessoais ou sociais, que surgem, incluindo na liturgia a intenção de melhorar-me, um pouquinho que seja, a cada dia. Alguém que não lembro disse que no ocaso de nossos dias não carregamos conosco nada além da vida que levamos. Portanto, tudo aqui nessa floresta é efêmero, injustificando extremismos, apegos e vaidades. Apesar de ser uma das poucas verdades absolutas, podemos buscar deixar um legado existencial melhor para os que permanecem. É difícil, trabalhoso, muitas vezes decepcionante, visto que além das diferenças que todos temos com os outros, em vários aspectos e assuntos, somos também como aqueles músicos que jamais se viram antes, convidados para integrar uma orquestra sinfônica que vai se apresentar instantes depois. O desafio é encantador, mas também amedrontador! Ousar enfrentá-lo é o que diferencia aqueles que vivem suas vidas dos que apenas cumprem seus tempos olhando-a passar! Harmonia e sintonia são, grosso modo, “qualidades” ou “metas” que impõem, para alcançá-las, esforço e dedicação imensos, mormente quando distintas, em uma universalidade tão rica. Nesse passo, ouso fazer uma interpretação axiológica de duas outras parábolas — essas bíblicas — as “Dos Talentos” e “Do Sermão da Montanha”. A primeira nos permite compreender que recebemos, cada um de nós, riquezas distintas, algumas incomparáveis entre si, e nos cabe dar às mesmas um encaminhamento útil, nem que seja para justificar essas Dádivas. A outra, olhada sob um singular prisma matemático, revela que quem não sabe dividir, jamais aprenderá a multiplicar. Então a “pegada” é agregar. A cada instante em que nos surge a possibilidade de darmos de nós alguma coisa boa, fazermos isso com aquilo que apreendemos, soubemos, vivenciamos, na exata medida de “como somos”, àqueles outros, na moldura de “como são”. Isso imprescinde compromisso e respeito para com as dissonâncias, realidades e capacidades alheias, tal e qual sensibilidade para aceitar respostas e resultados diversos daqueles que imaginamos ter a curto prazo, uma vez que cada um de nós vive seu próprio e exclusivo momento. E “encaixes” perfeitos não podem ser forçados ao risco de “espanarmos a rosca” (expressão comum aos mecânicos), inutilizando o processo. Assim, assumindo minha limitação e confessando a ignorância imensa que me alcança mesmo em relação às poucas informações que detenho, firmei-me a missão de honrar os espaços de voz e escrita a mim confiados — em programas de rádio ou provedores de conteúdo — para oferecer à reflexão dos “sei lá quantos” ouvintes ou leitores elementos interessantes à construção de suas opiniões e visões. Acrescento minha nenhuma expectativa de que sejam havidos como incontestáveis, a singela aceitação do seu descarte imediato e, mais que tudo, sua crítica, ainda que acerba, que estimulará o debate quando construtiva, e o silêncio quando agressiva ou despropositada. Promessa de que tentarei fazê-lo com o menor “juridiquês” possível e, ainda, evitando consignar “achismos” e paixões que nos contaminam a todos, já que por mais racionais que busquemos ser, nossa constituição é de carne, ossos e sangue, e quase sempre deslembramos o que José Saramago dizia: “A maior estupidez do discurso é usá-lo para convencer alguém que não quer ser convencido.” Serão minhas “gotinhas de colibri”, inúteis de per se, mas, creio, valiosas, se somadas às outras milhões vertidas no mesmo objetivo. *Gustavo Varella é advogado, jornalista, professor e mestre em Direitos e Garantias Fundamentais pela FDV *A opinião do articulista é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a posição do portal News Espírito Santo