Em apenas um ano de funcionamento, o Centro Especializado em Transtorno do Espectro Autista (CETEA) do Hospital Evangélico de Vila Velha já se consolidou como referência no acolhimento e tratamento de crianças com TEA no Espírito Santo. O serviço atende cerca de 500 crianças por mês, de 35 municípios capixabas, promovendo mais de 8 mil atendimentos mensais quando consideradas também as famílias. A marca foi celebrada nesta segunda-feira (15) durante uma reunião extraordinária da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, promovida pelo presidente da comissão, deputado estadual Dr. Bruno Resende. “O Hospital Evangélico está de parabéns. É um serviço com atendimento humanizado, feito com amor. Vamos trabalhar pela ampliação, para que mais capixabas, de Norte a Sul, tenham acesso a esse nível de cuidado”, afirmou o parlamentar. Equipe multidisciplinar e estrutura de ponta Durante a apresentação dos resultados na Assembleia, a diretora-geral do hospital, Melina Ferrari, destacou a estrutura do CETEA e a atuação de uma equipe formada por 46 profissionais, incluindo psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, psicopedagogos e terapeutas ocupacionais. “Nosso objetivo é promover qualidade de vida por meio de um atendimento humanizado, científico e ético, que apoia tanto as crianças quanto seus cuidadores”, afirmou Melina. Segundo ela, o serviço tem transformado realidades e devolvido a esperança a muitas famílias. Robô terapêutico e casa de acolhimento Um dos diferenciais do CETEA é o uso de tecnologia robótica no processo terapêutico, ferramenta que contribui para o desenvolvimento da comunicação e das habilidades sociais das crianças. O centro também conta com 30 consultórios individuais, salas de atendimento em grupo, jardim sensorial e uma casa de acolhimento voltada às famílias que vêm do interior do Estado. Durante a sessão, pais e mães relataram experiências emocionantes. Uma das mães contou que o filho de 12 anos, após iniciar os atendimentos, conseguiu escrever o próprio nome pela primeira vez — um marco de desenvolvimento e superação. Presenças Além do deputado Bruno Resende, participaram do encontro o presidente da Associação Evangélica Beneficente Espírito-Santense (Aebes), pastor Rodrigo Seibel; o superintendente do Ministério da Saúde no Espírito Santo, Luiz Carlos Reblin; e o vereador de Vila Velha e ex-deputado estadual Dr. Hércules. “O CETEA mostra como o investimento em saúde especializada e equipes qualificadas gera impacto real na vida das famílias. Este é um exemplo de política pública que precisamos fortalecer e ampliar”, concluiu Dr. Bruno Resende. Foto: Renilson Chagas
Vitória aprova projeto que endurece regras contra ocupação irregular de imóveis
Medida prevê multas, restrições em concursos públicos e bloqueio de acesso a programas habitacionais; proposta segue para sanção do prefeito A Câmara Municipal de Vitória aprovou nesta segunda-feira (15) um projeto de lei que estabelece novas medidas administrativas para coibir ocupações irregulares em imóveis públicos ou privados na capital capixaba. O texto segue agora para sanção do prefeito. De autoria do vereador Armandinho da Federal (PL), a proposta define como ocupação irregular a permanência em imóveis sem autorização do proprietário ou do Poder Público, especialmente quando houver decisão judicial ou administrativa determinando a desocupação. O texto também trata de ocupações com violência, grave ameaça ou em grupo, prevendo punições mais rígidas. Entre as penalidades previstas estão: – Multa de até R$ 50 mil – Proibição de celebrar convênios com o Município – Suspensão do acesso a programas habitacionais – Proibição de participar de concursos públicos ou assumir cargos na administração municipal por cinco anos, no caso de condenação judicial definitiva por invasão Segundo o autor, o objetivo é garantir instrumentos legais mais claros e eficazes para o enfrentamento das invasões. “A proposta respeita os princípios constitucionais e está alinhada à divisão de competências prevista na Constituição Federal”, afirmou Armandinho. Debate esquentou discussão sobre habitação Durante a votação, o projeto também trouxe à tona o debate sobre a política habitacional da cidade. O vereador Professor Jocelino (PT) criticou o valor atual do bônus moradia concedido pela prefeitura, afirmando que a alta especulação imobiliária na capital impede que as famílias encontrem imóveis dentro do orçamento. “Reconheço que o bônus é significativo, mas muitas famílias acabam comprando imóveis fora de Vitória por não conseguirem arcar com os preços aqui. Isso mostra que precisamos discutir com seriedade a política habitacional”, pontuou. Já o presidente da Casa, Anderson Goggi (PP), defendeu a necessidade de equilíbrio, mas com firmeza na proteção do patrimônio coletivo. “Sempre defendi a moradia digna e pública, mas que seja construída de forma democrática. Quem invade bens públicos precisa arcar com as consequências, respeitando a mesma régua para todos”, declarou.
Dupla capixaba brilha na estreia da nova pista da V11 Arena, em São Paulo
Irmãos Emerick levantam seis troféus nas categorias Mirim e Cadete da V11 Cup, em fim de semana de alto desempenho no kart paulista Os irmãos Miguel e Joaquim Emerick representaram o Espírito Santo com destaque na rodada da V11 Cup, realizada neste fim de semana (13 e 14/09), na inauguração da nova pista da V11 Arena, em Arujá (SP). Ao todo, os dois pilotos da Múltipla Racing Team levaram seis troféus para casa, com pódios nas categorias Mirim e Cadete, em meio a um grid altamente competitivo. No sábado, Miguel conquistou o sexto lugar geral na Mirim, enquanto Joaquim foi quinto na classificação geral da Cadete e campeão entre os estreantes. No domingo, Miguel garantiu a pole position, foi terceiro no geral e vice na Mirim Rookie. Já Joaquim (foto acima) teve problemas na primeira bateria, mas protagonizou uma recuperação impressionante na segunda, saindo do último para o segundo lugar na Cadete Rookie. “Foi uma das minhas melhores corridas do ano”, celebrou Miguel. Joaquim também vibrou com a performance: “Apesar dos contratempos, consegui chegar ao pódio e estou muito feliz”. A dupla capixaba volta à V11 Arena no próximo fim de semana, para a oitava etapa da Copa São Paulo Light, embalada pela boa performance na estreia do novo traçado. 📸 Acompanhe mais em: @multiplaracingteam
Evento gratuito transforma Vitória na capital do café e do chocolate a partir de quinta (18)
Evento gratuito será realizado de quinta (18) a sábado no estacionamento do Shopping Vitória e promete reunir amantes do café, baristas premiados e empreendedores de todo o Brasil Um dos maiores produtores de café do Brasil, o Espírito Santo se prepara para receber a terceira — e maior — edição do Festival CoffeES, que acontece entre os dias 18 e 20 de setembro, no estacionamento do Shopping Vitória, com entrada gratuita. O evento é promovido pelo Instituto Panela de Barro, com apoio do Governo do Estado e do Sebrae-ES, e promete oferecer uma verdadeira imersão no universo do café capixaba, da semente à xícara. Além dos grãos especiais, a programação inclui campeonatos de barismo, workshops, aulas-show, experiências sensoriais, atrações musicais e, como grande novidade, o Salão do Chocolate Artesanal Capixaba, mostrando que a gastronomia local vai muito além da bebida. Café com identidade capixaba Mais do que um evento voltado ao consumidor, o Festival CoffeES funciona como uma plataforma de negócios, conectando mais de 40 empreendedores e promovendo a valorização do café de qualidade produzido nas regiões do Caparaó, das Montanhas e da Região de Imigrantes. Eduardo Destefabi e Alessandro Eller “O nosso objetivo é mostrar ao capixaba a excelência do café que temos aqui, com suas notas sensoriais únicas, e estimular o orgulho por esse produto que é nosso”, afirma Eduardo Destefani, diretor do Instituto Panela de Barro. Já o chef Alessandro Eller, presidente do Instituto, destaca a versatilidade do café na gastronomia: “É um ingrediente que vai além da xícara, capaz de transformar receitas e experiências à mesa. E o Espírito Santo tem tudo para ser referência nisso”. Campeonatos e estrelas do café Entre os destaques da programação, está a edição comemorativa dos 10 anos do Campeonato Brasileiro de Aeropress, com a disputa “Campeão dos Campeões por Aeropress Brasil”, reunindo nove vencedores nacionais — incluindo nomes como Caio Lucena (campeão de 2025), Amanda Lobo, João Ribeiro e Marcelo Silva. Profissionais capixabas também terão vez no Campeonato Capixaba por Aeropress Brasil, e os dois torneios acontecem nos dias 19 e 20 de setembro, a partir das 17h. No dia 18, o evento também promove o TNT Latte Art, um desafio em que baristas criam desenhos com leite vegetal na superfície do café, abrindo a série de competições que prometem encantar os visitantes. Workshops, aulas-show e experiências sensoriais Durante os três dias, o público poderá participar de workshops e aulas gratuitas com nomes de peso do setor cafeeiro, como: Eliana Relvas (ABICS) Andrea Menocci (Cafeística Lab) Renan Dantas (Dantas Coffee) Rubens Vuolo (Amado Grão) Raul Guizelini (Terrafé Cafés) Marcelo Silva (Ernesto Cafés) Diego Weigelt, que fará o lançamento do livro Uma Vida com Café Os conteúdos abrangem desde técnicas de preparo, harmonização com queijos, gestão de cafeterias e métodos de torra, até o sensorial do cacau capixaba — com experiências conduzidas pela ACAU e pelos chocolatiers locais. A curadoria das competições e parte da programação está a cargo da jornalista e especialista Mariana Proença, uma das maiores referências do Brasil em conteúdo e eventos voltados ao universo do café. Gastronomia, música e programação para toda a família Além do café e do chocolate, o Festival CoffeES 2025 oferece ainda uma praça de alimentação diversificada, com pratos a partir de R$ 25, e cervejas artesanais da região. A programação musical é outro ponto alto, com shows gratuitos no palco anexo de: Serginho Oliveira (18/09) Novelo (19/09) Nano Vianna (20/09) SERVIÇO Festival CoffeES 2025 📍 Local: Estacionamento do Shopping Vitória – Vitória/ES 📅 Data: 18 a 20 de setembro de 2025 🕘 Horário: Programação a partir das 13h 🎟 Entrada: Gratuita 📱 Mais informações: @coffeesoficial e @institutopaneladebarro
Do interior do Maranhão ao palco em Vitória: jovem inspira com história de superação pelo estudo
Evento em Vitória celebra 11 anos da organização com histórias inspiradoras de superação e ascensão social por meio da educação Aos 17 anos, o maranhense Iury Roberts já aprendeu que grandes mudanças começam com coragem. Natural de Vargem Grande (MA), ele deixou a cidade natal para morar com a tia em São Luís e se dedicar aos estudos. “O Instituto Ponte me deu confiança para acreditar que meus sonhos são possíveis. Aprendi que ninguém conquista nada sozinho. Meu objetivo é cursar Medicina e ajudar outras pessoas”, afirma o jovem, que é um dos 466 alunos atendidos atualmente pela instituição. Iury divide o palco da Festança Instituto Ponte – 11 anos com outros talentos de diferentes partes do Brasil, como a capixaba Eduarda Schwartz, de 15 anos. Moradora de Cariacica, filha de um pedreiro e de uma professora de educação física, ela acorda às 5h da manhã para estudar em uma escola de excelência em Vitória. “O Instituto me mostrou que os sonhos não têm tamanho, eles têm direção. O meu é ser médica, para transformar vidas”, conta. Os dois serão mestres de cerimônia do evento ao lado das colegas Maria Julia Neres (MG) e Emily Firmino (SP), no próximo dia 27 de setembro, na Escola Americana de Vitória. Aberta ao público, a comemoração marca os 11 anos do Instituto Ponte, uma ONG nascida no Espírito Santo que se tornou referência nacional na promoção da educação de qualidade como ferramenta de ascensão social. Educação que transforma Fundado em 2014, o Instituto atua oferecendo bolsas em escolas de excelência, orientação de carreira, desenvolvimento socioemocional, aulas no contraturno, cursos de inglês e acompanhamento pedagógico. Com presença em 19 estados, a ONG já foi reconhecida seis vezes entre as 100 melhores do país. “Hoje, 38% dos nossos universitários, a partir do segundo ano de graduação, já têm remuneração fixa mensal, com média 2,7 vezes maior do que a renda per capita de suas famílias”, afirma a presidente do Instituto, Bartira Almeida. “É a prova de que a educação transforma vidas em uma única geração.” Entre os 146 universitários assistidos pela organização, muitos estudam em instituições como ITA, USP, Unicamp, Insper, FGV, UFMG e UFES — uma conquista que evidencia o alcance do trabalho feito com olhar atento, escuta ativa e apoio contínuo a cada estudante. A Festança Instituto Ponte – 11 anos será também um momento de reencontro entre alunos, educadores, apoiadores e familiares, em uma celebração do poder da educação como ferramenta de transformação social. Serviço Evento: Festança Instituto Ponte – 11 anos Data: Sábado, 27 de setembro de 2025 Horário: Das 9h às 11h Local: Escola Americana de Vitória — Av. Mal. Mascarenhas de Moraes, 1910, Bento Ferreira, Vitória Entrada: Gratuita e aberta ao público Inscrições: Disponíveis no Sympla e nas redes sociais do Instituto Ponte
Gustavo Varella – “Lidice e Selma”
Dois nomes femininos. O que poderia existir de comum entre eles além do gênero? Aparentemente, nada. Porém, nomes — palavras que sejam — guardam significâncias, pertinências que nos levam a associá-los a fatos, outras pessoas e momentos significativos às nossas histórias pessoais. Com datas isso igualmente ocorre. O dia 11 de setembro era, até 2001, um dia como qualquer outro. Ocorre que, quando os terroristas da Al-Qaeda jogaram seus aviões contra prédios nos EUA, a data passou a ter uma dimensão mundial, extrafronteiras americanas. Essa mesma data, no Brasil, significava pouco — até que, neste ano, ocorreu um julgamento no STF e, cada um inferindo do resultado o que lhe convier, para muitos passou à história como um dia de redenção cidadã; para outros, sinônimo de injustiça. Lídice, numa singela busca na internet, nos traz vários verbetes. Além de nome de mulher e de uma cidade do Rio de Janeiro, remonta a um pequeno vilarejo na hoje República Tcheca, que, em 10 de junho de 1942, foi massacrado: seus pouco mais de 500 habitantes foram assassinados, suas casas explodidas e seu solo, depois disso, aplainado com tratores pelos nazistas. A justificativa era que um dos ali nascidos teria participado do assassinato de Reinhard Heydrich, governador nomeado por Hitler para impor seu regime de terror naquele pedaço da Europa. Resolveram, então, tatuar o exemplo do que ocorreria com quem ousasse desafiá-los. Uma espécie de “menina dos olhos” do ditador alemão, Heydrich tinha 38 anos por ocasião de sua morte, e era considerado símbolo de eficiência, inteligência e crueldade — exemplo público de dedicação e lealdade canina à causa nazista. Selma, por seu turno, significa “protegida por Deus”, em sua origem germânica, ou “lugar de vista agradável”, do árabe. Além de batizar incontáveis mulheres, também dá nome a uma cidade localizada no Estado americano do Alabama, de onde, em 1965, partiu uma marcha de pessoas lideradas por Martin Luther King, protestando contra a segregação racial naquele país, pela igualdade e pelo direito ao voto — já que negros americanos não podiam votar naqueles tempos. A manifestação provocou reações violentas daqueles que os consideravam, os negros, gente de quinta categoria. Há poucos anos, o nome “Selma” voltou a ocupar espaço nas discussões, usado como codinome de um evento para o qual milhares de brasileiros, em grupos hospedados nas redes sociais, foram convidados: a “Festa da Selma”. Não obstante alguns defenderem-no como mera coincidência, uma reação extremista aos protestos civis ocorridos nos EUA, e outros, menos criativos, como uma homenagem à esposa de um de seus mais estrelados apoiadores, o fato é que, em 8 de janeiro de 2023, uma turba numerosa invadiu as sedes dos Três Poderes da República, munidos de faixas uníssonas — daquelas que não se produzem durante poucos quilômetros de caminhada —, em sincronicidade elogiável até para tropas regulares. Destruíram tudo à sua frente, vilipendiaram recintos públicos, pregaram a prisão de seus contrários, a eliminação de autoridades, agrediram policiais e pediram intervenção militar — tudo, claro, em nome de Deus e da democracia. Um exemplo do que a degradação moral, a ignorância e a violência, quando amalgamadas e extremadas, produzem. Pois há poucos dias, um ser humano foi assassinado nos Estados Unidos. Diante de sua esposa e de sua filha — uma criança — teve sua cabeça alvejada por um tiro de fuzil. Aparentemente, o disparo não foi feito por um declarado oponente, um marido traído, um inimigo de infância ou um assassino contratado por uma gangue rival, mas por alguém que era, até pouco tempo, um seu admirador. Ele estava palestrando em um evento que ocorria numa universidade, com centenas de alunos e outras pessoas presentes, que foram ao local ouvi-lo discorrer sobre suas ideias de sociedade perfeita, de democracia, de liberdade e de direitos individuais. Pelo que se sabe, a vítima não estimulava ou provocava atos de violência per se, como surgir em locais públicos provocando os que pensavam de maneira diversa, para colher suas reações e postar em suas páginas de apostolado. Era o que se poderia chamar de cidadão de bem, bom pai de família e patriota, temente a Deus, trabalhador e honesto. Todavia, enfeixava em seus pronunciamentos mensagens como: “os negros americanos, quando da escravidão, eram mais felizes, porque comiam, moravam e se vestiam de graça; e não praticavam tantos crimes”, ou “algumas mortes inocentes por armas de fogo valem a pena para defender seu porte e outros direitos dados por Deus”. Talvez seu algoz concordasse com ele. À exemplo do que recentemente se viu por aqui, no Brasil — com brasileiros defendendo a invasão do país por tropas estrangeiras a pretexto de livrar criminosos da cadeia e restabelecer a democracia que, absurdamente, estaria comprometida pela insistência de se submeter bandidos ao crivo judiciário — algumas dessas pessoas, considerando-se empoderadas por mandatos eletivos que ostentam, começaram a anunciar ações, inclusive legislativas, voltadas ao extermínio de pessoas, à demissão em massa dos que não concordam com sua visão estragada de mundo, à subtração de direitos fundamentais dos que se lhes opõem nessa cruzada desumana que integram. Contam com apoio de quem, tal e qual aquela plateia presente à barbárie ocorrida no campus americano, sai de casa pela manhã, beija os filhos antes da faina diária, frequenta cultos e missas ao cabo das quais abraça e beija seus vizinhos de fé desejando-lhes “A paz de Cristo” — e considera a empregada uma pessoa da família. Produzimos, aqui no Brasil, coisas valiosíssimas. Porém, outras igualmente especiais temos que trazer de fora. Lixo, degradação, iniquidade, ódio e delinquência não deveriam constar em nossos róis de importação. Já os temos em demasia por aqui — e precisamos enfrentá-los à medida de nossa dignidade. *Gustavo Varella é advogado, jornalista, professor e mestre em Direitos e Garantias Fundamentais pela FDV *A opinião do articulista é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a posição do portal News Espírito Santo
Luiz Paulo Vellozo Lucas – “A lei do mais forte e o calendário eleitoral”
A polarização radicalizada que tomou conta da política em todo o mundo, depois da revolução tecnológica da comunicação digital, toma forma distinta em cada país a depender da maturidade e força moral de suas instituições. São dois grupos. No primeiro estão os países democráticos onde existe perspectiva de poder pela via eleitoral para as forças em disputa, que assim lutampara vencer eleições e assumir o poder politico. No segundo grupo estão as nações onde ao menos um lado, ou campo politico, perdeu a perspectiva de poder pela via eleitoral e faz a luta politica por outros meios com destaque para a guerra de agressões no território digital que podem desaguar em violência no mundo real. Nos primeiros dias de setembro de 2025, o Nepal viveu uma insurreição popular que teve como estopim a proibição das redes sociais no país. Vinte seis plataformas incluindo Facebook, WhatsApp, Instagram, X, YouTube entre outras foram suspensas pelo governo nepalês causando forte indignação principalmente entre os jovens. Protestos violentos começaram dia oito em Kathmandu com invasão e incêndio no parlamento e forte repressão policial causando 25 mortos e mais de 600 feridos. O primeiro Ministro K.P.Sharma Oli renunciou enquanto os protestos escalaram também em outras cidades com incêndios em prédios oficiais e fuga massiva de presidiários. O exercito assumiu o poder impondo toque de recolher e patrulhas nas ruas. Os desdobramentos políticos ainda não estão claros. O julgamento de Jair Messias Bolsonaro e dos demais acusados de tramar um golpe militar depois de perder as eleições presidenciais em 2022 concluiu pela condenação dos acusados. O ambiente de tensão agravou-se com as sanções do governo norte americano e misturou-se com as articulações para as eleições de 2026. O Congresso Nacional deverá debruçar-se sobre as penas imputadas aos lideres e tentar um acordo para aprovar uma medida visando atenuar a dosimetria usada pelo STF no julgamento principalmente para os acusados fora do núcleo principal. A inelegibilidade de Jair Bolsonarodeverá ser mantida. O apoio de parte da população vista nas manifestações de rua demonstra que o bolsonarismo, que venceu as eleições em 2018 fortemente impulsionada pelo uso das novas mídias digitais, é uma força viva relevante na sociedade brasileira e deve ser reinserida no jogo politico democrático depois das punições ao golpismo comprovado judicialmente. Segundo excelente artigo de Carlos Pereira, professor titular da FGV EBAPE no Estadão do dia 9/9, a reintegração via Estado de Direito não se confunde com anistia nem com impunidade. “Punir e reinserir, longe de serem antônimos, compõem o mesmo desenho institucional” afirma Carlos Pereira. O julgamento e a condenação representam a derrota da estratégia usada pelo bolsonarismo para tentar se perpetuar no poder pela força mas não significam o final da disputa politica radicalizada dentro da sociedade que só será resolvida no terreno da política, submetida aocalendário eleitoral da democracia brasileira. A revolução tecnológica e o ambiente digital transformaram completamente a vida moderna, as estruturas de produção e consumo de bens e serviços, os meios e o equilíbrio militar, a economia e o sistema financeiro, a politica e a luta pelo poder. O tema da regulação e a tipificação de crimes e dos limites legais no ambiente digital desafia os estados nacionais e suas instituições de governo. O sentimento anti sistema se alastra e produz fenômenos disruptivos e ilusões cognitivas coletivas que fazem emergir mitologias reacionárias como as doutrinas lideradas por Donald Trump e Jair Messias Bolsonaro. O colapso do governo do Nepal e a insurreição popular violenta mostra que desligar as plataformas digitais não é opção e só vai precipitar a queda das tiranias. Trata-se de uma lição poderosa para os aspirantes a ditador e extremistas em geral absorvidos e inconformados em sua indignação vazia contra as instituições e as regras da democracia. É também um alerta para os desafios imensos da pactuação democrática da vida em ambiente digital, da geração de valores e riquezas imateriais e imaginarias, dos conflitos culturais e da importância de que se reconheça e aceite uma agenda de reformas e adaptação institucional a este novo mundo. Todos precisamos aprender, se adaptar e participar. É o preço da liberdade e da paz. *Luiz Paulo Vellozo Lucas é engenheiro de Produção e professor universitário. Mestrado em Desenvolvimento Sustentável. Ex-prefeito de Vitória-ES e ex-deputado federal pelo PSDB-ES. Membro da ABQ – Academia Brasileira da Qualidade. *A opinião dos articulistas é de total responsabilidade dos autores e não reflete necessariamente a posição do portal News Espírito Santo
Marília Silva: a mulher no comando da inteligência econômica do ES
Em entrevista especial ao News ES, a economista-chefe da Findes compartilha sua história de conquistas, fala sobre qualificação, desafios e representatividade Aos 39 anos, a sul-mato-grossense Marília Gabriela Elias da Silva comanda uma das áreas mais estratégicas do sistema indústria capixaba. Economista formada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, com mestrado pela UFRGS e doutorado e pós-doutorado pela FGV (São Paulo), ela está à frente do Observatório da Indústria da Findes, unidade de inteligência que monitora dados econômicos, mapeia cadeias produtivas e orienta a tomada de decisão em políticas públicas e investimentos no Espírito Santo. Com mais de 15 anos de experiência em análise econômica, passando por instituições como a Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), Marília atua desde 2017 na Federação das Indústrias capixaba, onde lidera hoje uma equipe focada em estudar os grandes movimentos que moldam o presente e o futuro do desenvolvimento regional. Na entrevista, Marília fala sobre sua relação com a economia, o que a motivou a buscar alta qualificação, os desafios de ocupar um cargo de liderança como mulher negra e como mantém equilíbrio fora do trabalho. Ela compartilha, com franqueza e sensibilidade, como sua trajetória foi construída com esforço, apoio e visão — e como representa, hoje, não apenas um cargo, mas um convite para que outras mulheres ocupem esses espaços com confiança e propósito. A conversa do News ES com Marília foi dividida em duas partes. A primeira, com um conteúdo mais pessoal, está logo abaixo. Uma segunda parte, em que a economista faz uma leitura detalhada das potencialidades e desafios econômicos do Espírito Santo em meio à Reforma Tributária, à transição energética e à revolução tecnológica, será publicada ainda nesta segunda-feira (15). NEWS ES – Como surgiu o seu interesse pela economia? MARÍLIA SILVA – “Olha, na adolescência, eu não tinha muita convicção do que fazer, mas sempre fui uma pessoa mais da área de exatas, gostava de matemática, mas as opções que eu tinha de engenharia não me encantavam muito. Também não queria fazer matemática, e acabou que o que se encaixou foi a economia. E assim que eu entrei na faculdade de economia, eu realmente gostei do que eu vi ali, e muito por que ela me surpreende em não ser matemática; a economia é uma ciência humana aplicada. E acho que é isso que me encanta muito até hoje — que é você poder olhar pro mundo, olhar pras coisas com um pensamento muito crítico. E não crítico no sentido de criticar, sabe? Crítico de tentar compreender, de tentar encontrar uma solução, de olhar pro agregado, né, de entender as coisas como médias mesmo, no sentido de: olha, se eu vou fazer uma ação, ou se eu vou ter uma empresa, ou se eu sou o governo, ou inclusive se eu sou eu mesma ali, um cidadão… o que que a minha ação causa em outras pessoas, que tipos de externalidade isso tem, pra onde isso me leva… Então, a economia me conquistou pela complexidade dela. Eu entrei, acho que buscando o meu — vamos dizer assim — a minha zona de conforto, que era a parte mais exata, e encontrei ali uma complexidade que me encanta desde os primeiros semestres.” Você é economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado. Quais foram os maiores desafios na sua trajetória até aqui? “Eu não tenho como responder isso, infelizmente, sem lembrar que eu sou uma mulher negra. Tenho os desafios que são estruturais, e desafios que vão ser individuais da minha existência, de quem eu sou. Eu nasci no Mato Grosso do Sul, fiz faculdade lá, e muito rapidamente entendi que, para estar aqui ou em algum lugar que talvez eu sonhasse àquela época, eu precisaria, entre aspas, entrar no jogo. E uma forma de entrar no jogo seria buscar sempre uma qualificação muito elevada, em boas instituições. Então eu começo essa trajetória buscando entender mais de economia. Vou fazer um mestrado, depois faço um doutorado, faço um pós-doc, muito nessa ânsia de: ‘poxa, eu quero entrar no jogo, eu quero ser uma opção, eu quero um dia poder — embora eu não soubesse — um dia ter oportunidade de ser uma economista-chefe de alguma instituição, alguma coisa assim’. Obviamente todo mundo precisa muito se qualificar, mas eu precisava me qualificar a um ponto que: ‘olha, beleza, você pode jogar esse jogo’. E aí, ao longo dessa trajetória, eu acho que uma outra coisa que eu gosto de trazer muito são as oportunidades. Da minha parte foi esse empenho, essa busca pela maior qualificação, por estudar mais, por aprender mais. Do outro lado, onde eu não tenho tanto controle, foram as muitas pessoas, desde a minha família, que me abriram muitas oportunidades. Então eu tive a oportunidade de estudar enquanto criança, e só estudar e praticar esportes, que era o que eu gostava de fazer. Depois entrei pra faculdade, continuei estudando, tive bons professores que enxergaram em mim um potencial, que me abriram portas. Depois entrei no mercado de trabalho, tive outras oportunidades. Então, assim, foram muitas pessoas que me abriram esse espaço. Mas, em algum momento, eu cheguei nessa posição que hoje a gente tá aqui.” E aí quais foram os maiores desafios? “Sendo mais clara: acho que, do ponto de vista individual, é a gestão mesmo de pessoas. É algo que eu gosto muito, que eu tenho muito prazer, mas que é um grande desafio. É muita responsabilidade. É você estar direcionando uma área do ponto de vista estratégico, mas ao mesmo tempo tentando colocar em prática o que você acredita como ser humano — como liberdade, colaboração, desenvolvimento individual… Então eu acho que isso, pra mim, é até hoje um desafio. É onde eu tento, de fato, ali, entregar o melhor pra todos aqueles que estão comigo.” E do ponto de vista estrutural, realmente não tem como negar que é um desafio mesmo. Vocé ser mulher e você ser uma mulher negra. Isso traz uma certa responsabilidade. Eu gosto de estar neste espaço e,
João Gualberto – “A crise do machismo”
A crise do machismo expõe a fragilidade da masculinidade diante das mudanças sociais e do fortalecimento feminino. Sérgio Denicolli, um dos grandes analistas da sociedade brasileira, usa como campo de pesquisa as redes sociais e a partir delas faz análises poderosas. Temos conversado pelo whatsapp sobre seus artigos. Numa dessas conversas enviou matéria muito interessante sobre a crise do macho alfa, publicada na BBC News e assinada por Katy Kay. O texto foi escrito a partir de entrevista feita com o professor Scott Galloway, da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, destaque na imprensa nos últimos anos. Atualmente o professor é consultor do partido democrata, especializado em comunicação com jovens e homens adultos. A conversa entre a jornalista e o professor foi sobre os homens jovens nos dias de hoje, e como acontecimentos ao redor deles afetam também a vida das mulheres jovens. A versão publicada na BBC News é uma condensação da conversa. O professor constata que os homens jovens nos Estados Unidos enfrentam algumas dificuldades, como veremos. O raciocínio parte do princípio de que as mulheres jovens e adultas já enfrentam desvantagens estruturais há séculos, mas agora elas têm encontrado chance de brilhar. Perante esse panorama do sucesso feminino Galloway ressalta a ação de pessoas mal-intencionadas na internet, que tentam transformar as dificuldades dos homens jovens em um grito de vingança contra as mulheres. Um entendimento entre homens e mulheres fica agora ainda mais difícil, já que há um sentimento de perda, vez que a prosperidade recente ficou restrita a um terço da população, especificamente entre os homens brancos e heterossexuais, numa prosperidade injusta. Essa injustiça começa a ser corrigida nos EUA, e isso tem provocado enorme reação emocional no universo masculino. Os dados apresentados são avassaladores. Entre os jovens norte-americanos há quatro vezes mais possibilidade de cometerem suicídio, três vezes mais probabilidade de contraírem dependência, doze vezes mais probabilidade de serem presos, além dos níveis recordes de depressão entre essa população. Para Galloway, está sendo criada a geração mais obesa, ansiosa e deprimida da história estadunidense. Pela primeira vez na história recente, pessoas de 30 anos estão se saindo pior do que os seus pais na mesma idade. Na entrevista, Scott Galloway chama a atenção para o fato de que as mulheres, na falta de um relacionamento, costumam canalizar parte de sua energia amorosa para suas amizades e sua carreira profissional, enquanto os homens jovens tendem a canalizá-la para videogames ou pornografia, por exemplo. Conclui afirmando que há hoje nos Estados Unidos – e creio em todos os países do mundo ocidental – um grupo de homens jovens econômica e emocionalmente inviáveis. Na visão do professor, as mulheres namoram pessoas mais velhas porque desejam homens viáveis, tanto econômica quanto emocionalmente; portanto, as mulheres seriam menos atraídas sexualmente por homens que perderam sua viabilidade econômica. Creio ser este um ponto muito importante para compreender o que se passa na sociedade brasileira, que é particularmente sexualizada. Aqui os códigos morais são mais severos com os que aparentam fracasso, porque somos muito ligados às ostentações de poder e dinheiro. Existe hoje no Brasil, na minha opinião, parte de uma masculinidade fragilizada, digamos até que fracassada. Foi esse ponto da conversa com Denicolli que deu origem a essas breves reflexões, pois ambos concordamos que o quadro atual gerou essa espécie de desespero entre os homens. As mulheres hoje têm muito mais densidade do que os homens, desde as mais pobres até as mais ricas. A ideia ultrapassada do macho alpha que lidera a matilha pelo uso da violência, portanto, volta a parecer atraente para esses indivíduos na verdade fracos, que se sentem menosprezados ante o empoderamento feminino. Meu campo de reflexões prioritário é o imaginário social brasileiro, o modo como ele se desdobra em termos políticos e de gestão na nossa sociedade. Trazendo esses elementos para o campo do nosso comportamento coletivo, vemos um endurecimento do discurso machista por parte de boa parte dos homens em todas as classes e etnias. A existência hoje dos autodenominados legendários é prova mais cabal disso, numa tentativa de retorno ao tempo em que as virtudes masculinas eram tidas e vividas de forma simples, o que vem a demonstrar justamente a fragilidade do homem de nossos tempos. Na ausência de recursos mais sofisticados, caímos numa exacerbação do discurso do macho alfa – como esse que agora faz o pastor Malafaia – mostrando falta de elaboração e excessivo apoio na força e violência. Apesar dos avanços sociais que temos visto, o macho alfa, personagem que deveria estar desaparecendo, sangra em praça pública, mas resiste. Pratica feminicídios, bate em mulheres e tenta assustar o mundo com seus gritos de guerra. A extrema direita deu a ele recentemente um lugar, e ele fez desse lugar a débil trincheira de uma guerra perdida. *João Gualberto Vasconcellos é mestre e professor emérito da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Doutor em Sociologia pela Escola de Altos Estudos em Ciência Política de Paris, na França, Pós-doutorado em Gestão e Cultura. Foi secretário de Cultura no Espírito Santo entre 2015 e 2018. *A opinião do articulista é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a posição do portal News Espírito Santo
Semana será de tempo instável e temperaturas amenas na Grande Vitória
A semana começa com tempo instável na Grande Vitória, segundo as previsões do ClimaTempo, do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e do Incaper. A combinação de umidade vinda do oceano com a transição entre o inverno e a primavera favorece dias nublados, chuvas rápidas e temperaturas mais amenas durante as manhãs e noites. Ao longo dos próximos dias, a variação de nuvens será constante, com sol aparecendo entre períodos de maior nebulosidade. Pancadas de chuva são esperadas principalmente durante as manhãs e no início da noite, de forma isolada, mas podem vir acompanhadas de aumento da umidade e sensação de abafamento. As temperaturas mínimas devem variar entre 18°C e 20°C, enquanto as máximas oscilam entre 26°C e 28°C — mantendo um clima ameno para o período. Nesta segunda-feira (15), há previsão de chuva logo nas primeiras horas do dia, seguida por períodos de melhoria e nova possibilidade de chuva ao entardecer. A terça-feira também deve ter início com céu encoberto e chance de garoa, mas com possibilidade de abertura do tempo à tarde. Já na quarta e quinta-feira, o sol volta a aparecer com mais frequência, embora ainda haja chance de pancadas de chuva à noite. No fim de semana, a tendência é de tempo mais firme, mas o céu deve permanecer com muitas nuvens. A possibilidade de chuva diminui, e as tardes devem ser marcadas por temperaturas agradáveis e maior presença do sol, especialmente no sábado. De acordo com o Incaper, os ventos predominantes continuam vindo do oceano, o que ajuda a manter a umidade elevada e reforça a sensação de frio nas primeiras horas do dia. O INMET também alerta para a possibilidade de nevoeiros matinais em áreas próximas ao litoral, que podem reduzir a visibilidade nas estradas.