Evento reúne a elite mundial do bodyboard feminino na Praia do Solemar, em Jacaraípe; duelo entre Neymara e a líder do ranking é destaque do dia Setembro, 2025 – A briga por uma vaga nas semifinais do ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro 2025 promete fortes emoções nesta quarta-feira (17), na Praia do Solemar, em Jacaraípe, na Serra. Última etapa do Circuito Mundial Feminino, o campeonato chega às quartas de final da categoria Profissional, com quatro brasileiras entre as classificadas: Neymara Carvalho, Maíra Viana, Luna Hardman e Joselani Amorim. As atletas terão pela frente adversárias de peso. A líder do ranking mundial, a japonesa Namika Yamashita, e a vice-líder, a austríaca Alexandra Rinder, seguem firmes na competição. Completam o quadro de classificadas a japonesa Yuka Nishimura e a portuguesa Filipa Broeira. Um dos confrontos mais aguardados das quartas será entre Neymara Carvalho, pentacampeã mundial, e Namika Yamashita, atual número 1 do mundo. As demais baterias terão os seguintes duelos: Maíra Viana x Joselani Amorim, Alexandra Rinder x Filipa Broeira e Luna Hardman x Yuka Nishimura. Rodadas decisivas e destaques da terça-feira As baterias realizadas nesta terça-feira (16) definiram as últimas vagas nas quartas. A primeira bateria do round 6 foi vencida por Maíra Viana (12.35 pontos), com Neymara Carvalho (11.10) em segundo. A portuguesa Joana Schenker, quarta do ranking mundial, foi eliminada. Na sequência, Namika Yamashita (foto) venceu sua bateria com 13.75 pontos, seguida por Joselani Amorim (12.75). Já Alexandra Rinder anotou a maior pontuação do dia na categoria Profissional (14.25), avançando ao lado de Luna Hardman (11.50), enquanto a capixaba Maylla Venturin deixou a competição. A última bateria teve vitória de Yuka Nishimura (14.25), com Filipa Broeira (12.60) em segundo. Chamou atenção a tensão entre Namika e Alexandra, ambas ainda na disputa direta pelo título mundial de 2025, observando de perto as manobras uma da outra durante as baterias. Superação na repescagem e depoimentos das atletas Três das classificadas nas quartas vieram da repescagem: Maíra Viana, campeã mundial de 2024, a gaúcha Joselani Amorim e a austríaca Alexandra Rinder. “Comecei o dia com a repescagem. Tinha de passar para seguir na competição, na briga pelo título mundial. Muito difíceis as baterias, competidoras muito fortes. Agora é focar, ir com tudo, pois quero ganhar este ano”, comentou Alexandra. “Mais um ano aqui. Expectativas são as melhores. Não estou na disputa pelo título este ano, infelizmente, mas quero vencer em casa. Etapa do Mundial aqui é alegria, felicidade. Vou dar meu máximo”, afirmou Maíra. “Estava na primeira bateria da repescagem. Estou muito feliz porque consegui pegar uma ótima onda e seguir”, comemorou Joselani. A capixaba Bianca Simões, top 8 do ranking mundial e um dos nomes da nova geração, se despediu do campeonato no round 5. “Infelizmente, parei no round 5. Mas, estou muito feliz de estar aqui, deste campeonato. Vamos ver como vai ficar o ranking ao final da etapa”, declarou Bianca. Pro Júnior: nota 10 e domínio português Na categoria Pro Júnior, a grande estrela do dia foi a portuguesa Luana Dourado, que recebeu nota 10 ao executar um ARS (Air Roll Spin), somando 18.50 pontos na bateria. “Um dia incrível. Estou muito feliz em fazer o primeiro 10 da competição. Mostra tudo o que tenho trabalhado para estar no meu melhor. Ainda não ganhei nada, mas vou seguir dando o meu melhor”, comemorou Luana. Portugal dominou o terceiro round da Pro Júnior, classificando quatro atletas: Luana Dourado, Alice Teotonio (14.25), Filipa Freitas (12.75) e Maria Padrela (12.00). Também avançaram as francesas Emie Padois (13.75) e Ambre Gautier (8.90), a peruana Hannah Saavedra (15.65) e a brasileira Mayra Gonçalves (10.25). As quartas da Pro Júnior terão os seguintes confrontos: Maria Padrela x Ambre Gautier Luana Dourado x Mayra Gonçalves Hannah Saavedra x Filipa Freitas Alice Teotonio x Emie Padois Próximas disputas e estrutura do evento Além das quartas de final da Profissional, o evento desta quarta-feira também terá o round 4 da categoria Máster. O ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro 2025 reúne atletas de 10 países e define os títulos mundiais da temporada nas categorias Profissional, Pro Júnior e Máster. A premiação total do evento é de US$ 45 mil (cerca de R$ 240 mil). Após as disputas realizadas até agora, os melhores scores da competição foram: Melhor onda: Luana Dourado (10), Luna Hardman (9), Joselani Amorim (9) Melhores somatórios: Luana (18.50), Joselani (17.25) e Teresa Padrela (17.00) Sobre o Wahine Idealizado e organizado pela pentacampeã mundial Neymara Carvalho, o ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro nasceu em 2021 e se consolidou como uma das principais etapas do circuito mundial. O nome “Wahine”, que significa “mulher” em havaiano, homenageia a ancestralidade das ilhas do Pacífico, onde Neymara conquistou vitórias históricas em Pipeline (2006 e 2011). O circuito feminino de 2025 passou por Agadir (Marrocos), Iquique (Chile) e Sintra (Portugal), encerrando-se agora no Brasil. A premiação total da temporada soma US$ 220 mil. O evento é apresentado por Extrabom, com patrocínio principal da ArcelorMittal, patrocínio máster do Governo do Estado do Espírito Santo (via LIEC), patrocínio da EDP Brasil, apoio do Grupo Coroa, Jaklayne Joias e Prefeitura da Serra. A realização é do Instituto Neymara Carvalho (INC) e da International Bodyboarding Corporation (IBC), com homologação da Confederação Brasileira de Bodyboarding.
Economia capixaba cresce 1,9% no semestre e deve fechar 2025 com alta de 3,1%
Mesmo diante dos desafios nos mercados interno e externo, a economia do Espírito Santo cresceu 1,9% no primeiro semestre de 2025. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (16) pelo Observatório da Findes, durante coletiva de imprensa, com base no Indicador de Atividade Econômica (IAE-Findes). Este é o quinto ano consecutivo em que o Espírito Santo apresenta crescimento econômico no primeiro semestre. Com o resultado, a projeção da Findes é que o Estado encerre o ano com alta de 3,1%. Todos os três setores da economia capixaba registraram expansão: Agropecuária (+11,1%) Indústria (+1,7%) Serviços (+1,4%). O desempenho industrial foi impulsionado principalmente pela indústria extrativa, que cresceu 3,4%. Também tiveram alta a indústria de transformação (+0,3%) e os segmentos de energia e saneamento (+2,6%). “Tivemos um primeiro semestre de bons resultados na pelotização de minério de ferro. A Samarco está em fase de expansão da capacidade produtiva, devido à retomada das atividades desde 2020, e vem produzindo mais. Também tivemos o crescimento na metalurgia impulsionado pelo aumento da demanda por produtos siderúrgicos no mercado interno, como consequência da expansão de segmentos industriais que o utilizam como insumos”, comentou o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Baraona. O setor de serviços também registrou crescimento de 1,4%, puxado pelas demais atividades (+1,6%), seguido pelo comércio (+1,0%) e pelo transporte (+0,2%). “Mesmo diante de um cenário macroeconômico de juros e inflação elevados, o setor seguiu sendo beneficiado pelo aumento das rendas dos trabalhadores e pelo mercado de trabalho aquecido. Entretanto, o setor de serviços capixaba teve um crescimento mais moderado no primeiro semestre de 2025, quando comparado com o mesmo período dos anos anteriores, configurando certa desaceleração do setor somada a uma base de comparação elevada nos períodos passados”, explicou a economista-chefe da Findes e gerente executiva do Observatório Findes, Marília Silva. Na agropecuária, o avanço foi puxado pelo crescimento de 11,1% na agricultura, com destaque para culturas como café, cana-de-açúcar, milho, arroz, banana, tomate e coco-da-baía. A pecuária também contribuiu, com alta de 2,7%, sustentada pela produção de bovinos, aves e ovos. Desafios persistem, mas cenário é de otimismo Apesar do bom desempenho nos principais setores, o semestre foi marcado por um ambiente externo instável e queda nos preços das commodities, o que impactou diretamente as exportações capixabas. O valor exportado pelo Espírito Santo caiu 8,9% em relação ao mesmo período de 2024, embora a quantidade exportada tenha recuado apenas 0,9%. Entre os principais produtos exportados que apresentaram queda estão: Pelotas de minério de ferro (-15,9%) Ferro e aço (-19,2%) Petróleo (-10,7%) Celulose (-3,7%) “A valorização parcial da taxa de câmbio trouxe algum alívio, mas os efeitos defasados da desvalorização do ano anterior continuaram a pressionar os preços domésticos. Assim, o semestre combinou sinais de resiliência na atividade econômica com desafios advindos do ambiente externo e do efeito persistente dos juros altos, que seguem pesando sobre a economia”, explica Marília Silva. Mesmo com os obstáculos, a expectativa é de crescimento da economia capixaba ao longo de todo o ano, impulsionada por todos os setores. Caso a projeção de 3,1% se confirme, 2025 marcará o terceiro ano consecutivo de crescimento anual da atividade econômica no Estado. “Esse cenário otimista é sustentado pela reversão das expectativas de queda da indústria e da agropecuária, diante dos bons resultados observados no primeiro semestre do ano. Além disso, o setor de serviços deve continuar em trajetória de crescimento, ainda que em ritmo mais moderado em comparação com anos anteriores”, completou Marília. Perspectivas para o segundo semestre No setor industrial, mesmo com a pressão internacional sobre os preços das commodities, o Espírito Santo deve ser beneficiado por maior produção no setor extrativo. “Temos a continuidade da retomada da produção da Samarco e uma maior produção de petróleo e gás natural, em especial advinda do Campo Jubarte devido à aceleração da produção do FPSO Maria Quitéria. Vale destacar que a extração de petróleo e gás vem apresentando um comportamento de recuperação, com perspectivas positivas para o segundo semestre de 2025”, afirmou o gerente de Ambiente de Negócios do Observatório Findes, Nathan Diirr. Na agropecuária, mesmo sendo ano de bienalidade negativa do café, a produção deve se manter em alta graças a condições climáticas favoráveis, disponibilidade hídrica e boas práticas agrícolas. “Já no setor de serviços, projeta-se crescimento da atividade, embora em ritmo mais moderado que o observado no ano anterior. Esse movimento é justificado pelos efeitos dos juros elevados, que podem comprometer os setores mais sensíveis ao crédito, como o caso do comércio, somados a um desempenho mais modesto do setor de transportes e a uma possível desaceleração do mercado de trabalho até o final do ano”, apontou Marília Silva.
Vitória recebe nota máxima no ranking nacional de qualidade das contas públicas
Vitória conquistou o topo do ranking nacional da qualidade das contas públicas, ao alcançar a nota A+, o mais alto nível de excelência na avaliação da Secretaria do Tesouro Nacional (STN). O resultado foi divulgado nesta segunda-feira (15), durante a 3ª edição do Prêmio de Qualidade da Informação Contábil e Fiscal, em Brasília. Além do desempenho de destaque no Ranking da Qualidade da Informação Contábil e Fiscal, o município também obteve nota A na avaliação da Capacidade de Pagamento (Capag) — indicador que mede a saúde fiscal de estados e municípios com base em critérios como endividamento, poupança corrente e liquidez. A classificação máxima reforça o reconhecimento de Vitória como uma das cidades mais organizadas e transparentes do Brasil em sua gestão fiscal. A análise do Tesouro Nacional leva em conta a precisão, integridade e consistência dos dados enviados ao Sistema de Informações Contábeis e Fiscais (Siconfi). O prefeito Lorenzo Pazolini celebrou a conquista. “Esse prêmio comprova que nosso planejamento e organização financeira garantem investimentos contínuos em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura, beneficiando diretamente os moradores de Vitória”, afirmou. O secretário municipal da Fazenda, Régis Mattos, representou o município na cerimônia e recebeu a premiação das mãos do Secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron. “Esse resultado é fruto do compromisso da gestão com a boa aplicação dos recursos públicos. É uma vitória que se reflete nas ruas, nas escolas e em toda a cidade”, destacou Mattos. Foto: PMV
Festival SESI Som celebra os 25 anos do Teatro do SESI com show exclusivo da Java Roots
Reencontro histórico da banda será no dia 18 de setembro, em Vitória, com ingressos já à venda O Teatro do SESI, em Jardim da Penha, Vitória, completa 25 anos de história e vai comemorar a data com um evento especial que promete emocionar o público capixaba: o Festival SESI Som. A atração principal da noite será o reencontro inédito da banda Java Roots, marcada para a quinta-feira, 18 de setembro, às 19h30. Com uma mistura envolvente de reggae, rock e ritmos brasileiros, a Java Roots marcou época nos anos 2000 e se tornou referência na cena musical do Espírito Santo. Agora, depois de um longo tempo longe dos palcos, o grupo se reúne exclusivamente para este show, em um momento carregado de memória afetiva, nostalgia e energia. O espetáculo integra a programação comemorativa do Festival SESI Som, que reúne nomes e grupos que fizeram história na cultura capixaba. Além da Java Roots, o festival também contará com a já tradicional temporada de concertos da Camerata Sesi, reforçando o compromisso do SESI Cultura com o acesso democrático à arte e à valorização dos artistas locais. Um palco de histórias e encontros Inaugurado em 12 de julho de 2000, o Teatro do SESI, também conhecido como Espaço Cultural Rui Lima do Nascimento, é um dos principais endereços culturais do Espírito Santo. Localizado no coração de Jardim da Penha, em Vitória, o espaço já recebeu quase 300 apresentações entre 2020 e 2022, com um público acumulado de mais de meio milhão de espectadores — entre presenciais e on-line. Entre os destaques da programação recente estão: Festival de Ópera (2021) O espetáculo “A Luz da Cultura”, com “As Quatro Estações”, de Vivaldi (2021) Enesdança (2021) O musical “Quero Vê-la Sorrir”, em homenagem a Sidney Magal (2022) A 19ª edição do Festival Nacional de Teatro Cidade de Vitória (2023) Com capacidade para 297 pessoas, o teatro conta com infraestrutura moderna, acessibilidade e segue em processo de revitalização, com entrega prevista para janeiro de 2026. A proposta é ampliar ainda mais seu papel como palco de encontros, formação de público e difusão artística. Parceria com a Findes e Sesi Cultura O Festival SESI Som é uma realização do Sesi Cultura e conta com o apoio da Findes (Federação das Indústrias do Espírito Santo). A iniciativa reafirma o compromisso das instituições com a promoção cultural no estado, fomentando a economia criativa e fortalecendo a identidade cultural capixaba. SERVIÇO Festival SESI Som – 25 anos do Teatro do SESI com Java Roots Onde: Teatro SESI – Rua Tupinambás, 240, Jardim da Penha, Vitória/ES Quando: Quinta-feira, 18 de setembro Horário: 19h30 Ingressos: Clique aqui para comprar Valores: R$ 40,00 (inteira) R$ 20,00 (meia-entrada) R$ 20,00 (meia solidária – mediante doação)
Entrevista: economista-chefe da Findes aponta os desafios e oportunidades do ES
Aos 39 anos, economista Marília Gabriela Elias da Silva comanda uma das áreas mais estratégicas do sistema indústria capixaba. Formada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, com mestrado pela UFRGS e doutorado e pós-doutorado pela FGV-SP, ela está à frente do Observatório da Indústria da Findes, unidade de inteligência que monitora dados econômicos, mapeia cadeias produtivas e orienta a tomada de decisão em políticas públicas e investimentos no Espírito Santo. Marília Silva lidera hoje uma equipe focada em estudar os grandes movimentos que moldam o presente e o futuro do desenvolvimento regional. Nesta entrevista ao News ES, ela faz uma leitura detalhada das potencialidades e dos desafios econômicos do Espírito Santo em meio à Reforma Tributária, à transição energética e à revolução tecnológica. Fala sobre os setores mais promissores, a importância da infraestrutura, o papel da indústria e do turismo na diversificação da economia, a escassez de mão de obra qualificada e o movimento das empresas rumo à sustentabilidade. News ES — O Espírito Santo tem se destacado em diversos indicadores econômicos nos últimos anos. Na sua visão, quais são hoje os maiores desafios e as oportunidades para o estado? MARÍLIA SILVA — O Espírito Santo é um estado que tem uma organização fiscal diferenciada e uma localização privilegiada. Embora seja pequeno, com uma população de 4 milhões de habitantes, está muito bem colocado: perto dos grandes centros consumidores e produtores. É um estado que tem uma infraestrutura que, embora ainda exija bom desenvolvimento em algumas questões mais pontuais, se destaca. A gente está falando de nove portos — sejam eles já prontos ou em execução — então, de fato, temos aqui um arcabouço que transforma o estado em um centro de oportunidade. E, já fazendo o link, é um estado que vem, até pela saúde fiscal, conseguindo utilizar políticas fiscais para se tornar mais competitivo. A gente tem o Compete, o Invest‑ES, a Sudene; temos bancos comerciais e bancos de desenvolvimento. Nesse conjunto, o estado hoje se coloca com um nível de competitividade interessante quando olhamos para o Brasil como um todo. Mas, ao mesmo tempo — entrando nos desafios — se olharmos para a proximidade da Reforma Tributária, o que hoje é oportunidade pode se tornar desafio. Com a reforma, o estado deixaria de ter competitividade via incentivos e precisaria continuar sendo competitivo. Entendo que o desafio vai na linha de esforço coletivo em infraestrutura, especialmente logística, para que o estado continue atraindo empresas e sendo esse ator de desenvolvimento. Em geral, eu colocaria isso como desafios e oportunidades. News ES — O setor industrial é responsável por uma parcela significativa do PIB estadual. Quais áreas da indústria são mais promissoras? Marília Silva — Eu não diria “áreas promissoras”, mas sim a indústria voltando ao centro, ao protagonismo da economia. Quando o governo lança a política industrial, ele pergunta: “Que Brasil a gente quer?” Um Brasil compatível com uma economia mais verde, mais tecnológica, com soberania, com desenvolvimento do setor de água, com mobilidade nas cidades — cidades inteligentes. E o meio para isso é a indústria. Então, a indústria precisa — e acredito que esteja caminhando para isso — voltar a ocupar o espaço de protagonismo no planejamento do desenvolvimento econômico. Trazendo para o Espírito Santo: temos um volume muito alto de investimentos do setor produtivo, ligado a esses pontos de protagonismo. No Observatório, mapeamos todos os investimentos produtivos e estamos falando, até 2029/2030, de aproximadamente R$ 110 bilhões em investimentos. Muito desse recurso, inevitavelmente, estará em petróleo e gás, um setor muito grande — como no Parque das Baleias (Petrobras). Mesmo sendo um setor fóssil, há projetos para reduzir emissões e ampliar eletrificação. Temos isso e temos a Arcelor, com nova fábrica de laminados a frio; a Suzano. São vários movimentos no Espírito Santo, alinhados a grandes setores que ajudam o estado a se desenvolver — e suas cadeias também. Quero destacar dois pontos relevantes: a alimentação, voltada ao café — o estado passou muito tempo produzindo café de forma mais bruta; hoje agregamos valor (por exemplo, café solúvel) — e o setor de móveis e madeira, com o destaque da produção de MDF aqui por meio da Placas do Brasil. Gosto desses exemplos porque, às vezes, ficamos presos aos setores com grande participação no PIB em valor, mas há setores que agregam muito valor, empregam bastante e são cruciais para o desenvolvimento do estado. News ES — Como as recentes medidas de taxação sobre exportações podem afetar o desempenho econômico do Espírito Santo? Marília Silva — Desde o anúncio, houve incerteza muito grande sobre o que aconteceria. Nós pesquisamos nossos empresários, perguntando se cancelaram embarques ou postergaram; mais de 80% disseram que sim. Naquele intervalo entre “vou taxar” e “taxei”, a incerteza aumentou muito. Quando saiu a taxação de 50%, veio junto uma lista de exceções. Parte da incerteza diminuiu. Continuamos com café e pequena parte do granito taxados a 50%. Aço: nada mudou. O estado teve de lidar com isso, mas numa proporção menor do que se imaginava. Mais recentemente, novos produtos foram incluídos na lista de isenções. Hoje, o impacto imaginado e o que começamos a ver são bem diferentes. Nos dados, há até recuo (por exemplo, agosto contra agosto do ano anterior), mas não dá para cravar se é por causa da tarifa ou movimento normal do comércio exterior. A lição que eu gosto de destacar: independentemente da tarifa — com boa parte isenta agora — isso põe na mesa a necessidade de buscar novos mercados, diversificar destinos e diversificar a produção. Para diversificar o mercado externo, precisamos de produtos mais complexos, com maior valor agregado. É também uma oportunidade para o Espírito Santo. News ES — O Espírito Santo ainda depende de commodities. Como avançar em diversificação econômica e inovação? Marília Silva — Falamos disso antes. Chegamos até aqui graças às grandes plantas e à produção de commodities industriais — papel, metalurgia, petróleo. É muito importante. Mas precisamos, e hoje está claro, diversificar. O bom de termos começado
Caparaó se prepara para ganhar novo polo turístico com identidade capixaba
Muniz Freire transforma Fazenda Santa Maria em Complexo Turístico Cultural e Ambiental que promete movimentar a economia e a história do Espírito Santo Um dos lugares mais históricos do Espírito Santo está prestes a se transformar em um dos destinos turísticos mais promissores do estado. A cidade de Muniz Freire, na região do Caparaó, iniciou os primeiros passos para a criação do Complexo Turístico Cultural e Ambiental da Fazenda Santa Maria — projeto que promete valorizar o patrimônio capixaba, fomentar a economia local e atrair visitantes de todas as partes, inclusive da Grande Vitória. O projeto é resultado de uma grande articulação envolvendo a Prefeitura de Muniz Freire, o Sebrae/ES, lideranças do Caparaó e autoridades locais. O objetivo é transformar a centenária Fazenda Santa Maria, hoje patrimônio público, em um novo marco do turismo sustentável e cultural do Espírito Santo. “A criação de um complexo como esse não é apenas sobre turismo. É sobre desenvolvimento, identidade e pertencimento. Queremos que toda a região do Caparaó se veja nesse projeto”, destaca Anderson Baptista, gerente regional do Sebrae/ES. De fazenda histórica a parque turístico de referência Localizada em meio às montanhas de Muniz Freire, a Fazenda Santa Maria é considerada a edificação mais antiga da cidade e guarda traços profundos da história do Espírito Santo. Construída na primeira metade do século XIX, o espaço atravessou períodos marcantes, desde o ciclo do café até a chegada dos imigrantes italianos que deram novo fôlego à produção local. Hoje, esse mesmo espaço está sendo ressignificado. A proposta é transformar a fazenda no Complexo Turístico Cultural e Ambiental da Fazenda Santa Maria, com dois grandes atrativos-âncora: o Parque Natural Municipal, já criado em 2019, e o casarão histórico, que passará por requalificação e revitalização. O parque, além de proteger remanescentes de mata nativa e mananciais essenciais para o abastecimento da cidade, será também espaço de lazer, educação ambiental, turismo ecológico e experiências culturais. Caparaó em destaque no mapa do turismo capixaba O projeto ganha força em um momento estratégico para o turismo capixaba. “Muniz Freire está sendo pioneira nesse movimento que une história, natureza e identidade cultural. E o mais importante: com planejamento e participação da comunidade”, pontua o superintendente do Sebrae/ES, Pedro Rigo. Ele também reforça que o Sebrae só entra em projetos nos quais o município está realmente comprometido. “Muniz Freire demonstrou esse compromisso quando comprou a Fazenda Santa Maria. O prefeito Dito enxergou o futuro e apostou no turismo como ferramenta de transformação”. A expectativa é que o lançamento oficial do projeto aconteça no final deste ano, quando serão apresentados o conceito final, a metodologia de trabalho e o plano de ação desenvolvido por uma consultoria especializada contratada pelo Sebrae/ES. Um convite ao capixaba a redescobrir suas raízes Para quem vive na Grande Vitória e costuma buscar atrativos fora do Espírito Santo, o novo complexo em Muniz Freire será uma oportunidade de reconectar-se com as raízes do estado, explorando a cultura, o meio ambiente e a história local. A região do Caparaó, já conhecida pelas belezas naturais e pelo charme das cidades do interior, ganha com esse projeto um novo símbolo da valorização do interior capixaba — um polo que une memória, natureza e desenvolvimento sustentável. Fotos: Sebrae-ES