Criado no Território do Bem, ele relembra sua trajetória de superação até chegar à direção da TecVitória, que hoje vive nova fase de expansão De office boy a diretor executivo de uma das primeiras incubadoras de empresas de base tecnológica do Brasil. Aos 34 anos, o capixaba Rafael Lima celebra uma trajetória marcada por aprendizado, resistência e insistência. Criado no bairro Bonfim, no coração do Território do Bem, em Vitória, ele aprendeu desde cedo que sonhar alto exigiria esforço redobrado. “Crescer em uma comunidade cheia de desafios me fez entender cedo que eu precisava trilhar um caminho diferente. Foram anos de muito trabalho, dedicação e aprendizados. Hoje tenho o imenso orgulho de ser diretor da TecVitória, uma instituição com 30 anos de história que impulsiona a inovação e o empreendedorismo no Espírito Santo”, conta. Os primeiros passos O primeiro emprego veio aos 17 anos, como office boy em uma copiadora. “Corria para fazer as entregas e voltava rápido para observar e entender como tudo funcionava. Assim aprendi a tirar cópias, consertar máquinas e desempenhar várias funções. Eu era um verdadeiro faz-tudo”, lembra. Logo depois, Rafael foi contratado pela TecVitória para o mesmo cargo. A curiosidade e a vontade de aprender fizeram toda a diferença. “Entre uma entrega e outra, observava o trabalho das equipes e fui absorvendo conhecimentos de manutenção, redes, gestão financeira, incubação e administração de projetos. Com o tempo, cresci dentro da instituição, de office boy a coordenador operacional. Mais tarde, precisei sair por causa de dificuldades financeiras enfrentadas pela TecVitória e fui trabalhar no setor de condomínios.” O retorno e a reconstrução O reencontro com a TecVitória aconteceu em um momento crítico.“Quando voltei, encontramos a instituição literalmente no escuro: prédio fechado, estrutura sucateada, sem energia elétrica, sem internet e com dívidas de cerca de R$ 2 milhões. Foi o momento mais difícil da história da incubadora”, relembra. Mesmo diante do caos, Rafael liderou a retomada. “A calçada da instituição havia se transformado em moradia de pessoas em situação de rua. Em vez de expulsá-las, conversei com elas, expliquei a importância da TecVitória e as convidei a participar da reconstrução. Paguei para que ajudassem na limpeza e organização. Depois, elas passaram a cuidar do espaço, sentindo-se parte desse recomeço. Essa união foi essencial para que a TecVitória renascesse.” A virada O ponto de virada veio em 2022, com a formação de um novo conselho administrativo, liderado pelo presidente Luiz Henrique Toniato, e o apoio de instituições que reconheciam a importância da incubadora para o ecossistema de inovação capixaba. “Captamos mais de R$ 4 milhões, atendemos 130 projetos inovadores e impactamos diretamente mais de mil pessoas. A TecVitória voltou a ocupar um espaço de protagonismo no cenário nacional e, mais do que nunca, voltou-se para o próprio Território do Bem, fomentando o surgimento de empreendedores dentro da comunidade.” Inovação e inclusão Para Rafael, democratizar o acesso à inovação é missão essencial. “Criamos pontes com as periferias por meio de programas inclusivos. Em 2023, fundamos o Instituto Engrena, dedicado à disseminação do empreendedorismo com uma linguagem acessível. Nosso intuito é que os jovens das periferias saibam que há espaço para eles no mundo da inovação.” Hoje, a TecVitória vive um ciclo de expansão, com reforma completa da sede, busca por certificações nacionais e novas fontes de receita e parcerias estratégicas. “Nosso DNA é ser o solo fértil onde ideias viram negócios e transformam realidades”, resume Rafael. Resultados e impacto Ao longo de três décadas, mais de mil projetos foram incubados e 80 empresas graduadas, entre elas o PicPay. As startups atendidas captaram mais de R$ 25 milhões em investimentos, e mais de 4 mil talentos foram formados dentro do ecossistema de inovação capixaba. Entre as novas iniciativas, destaca-se o Projeto Decolagem do Bem, que leva oportunidades e conhecimento em tecnologia a jovens do Território do Bem. “Acredito que o futuro nasce quando damos acesso à tecnologia e oportunidades reais de transformação. Meu sonho é ver jovens CEOs e líderes mostrando ao mundo o potencial que existe nas comunidades. A periferia também é lugar de grandes ideias e grandes realizações.” Sobre a TecVitória Fundada em 1995, a TecVitória é referência na incubação de empresas de base tecnológica no Espírito Santo. Com sede no bairro Itararé, em Vitória, atua para transformar ideias inovadoras em negócios sustentáveis, fortalecendo o ecossistema de inovação e a economia local. Ao longo dos anos, aperfeiçoou sua metodologia de incubação e hoje oferece suporte estratégico e conexões essenciais para empreendedores em diferentes estágios de desenvolvimento.
Secretário de Fazenda presta contas à Assembleia na segunda-feira (20)
O secretário de Estado da Fazenda, Benicio Suzana Costa, apresentará na próxima segunda-feira (20), a partir das 13h30, os dados fiscais referentes ao segundo quadrimestre de 2025 (maio a agosto), em audiência pública da Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). A reunião ocorrerá de forma híbrida no Plenário Dirceu Cardoso. Durante a prestação de contas anterior, realizada em maio, Benicio destacou um aumento de 4,8% na arrecadação estadual no primeiro quadrimestre, o que correspondeu a cerca de R$ 12,3 bilhões, na comparação com o mesmo período de 2024. O secretário ponderou, entretanto, que o resultado ficou abaixo do projetado, em razão da queda na arrecadação dos royalties do petróleo. A presença do titular da Secretaria da Fazenda (Sefaz) na Ales está prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000). Conforme o parágrafo 4º do artigo 9º, os secretários estaduais e o ministro da Fazenda devem prestar contas periodicamente sobre o cumprimento das metas fiscais — até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro. A audiência pública é uma das principais etapas de transparência e controle das finanças públicas do Estado, permitindo que os parlamentares e a sociedade acompanhem o desempenho fiscal e o cumprimento das metas estabelecidas para o exercício. Foto:Ales
Corrida Santa Rita deixa Vitória rosa neste domingo
Neste domingo (19), as ruas de Vitória serão tomadas por um mar de rosa com a realização da Corrida Santa Rita, evento que celebra o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Mama. Em sua primeira edição, a corrida une esporte, saúde, conscientização e solidariedade, com o lema inspirador: “O melhor pace é a prevenção.” A prova terá início às 6h30, com 7 km de percurso pela Avenida Beira-Mar, saindo e chegando à Praça do Papa, um dos cartões-postais da capital. A iniciativa nasceu dentro do Hospital Santa Rita, a partir do projeto “Bora Correr” — um treinão solidário entre colaboradores que agora ganha as ruas com um propósito ainda mais grandioso. Toda a renda líquida arrecadada com as inscrições será revertida para os projetos sociais da Afecc, que oferece assistência gratuita a mais de 750 pacientes oncológicos atendidos diariamente pelo SUS, levando acolhimento, tratamento e dignidade a quem mais precisa. Mais do que uma corrida, o evento se consolida como um movimento de força, união e amor à vida. A Corrida Santa Rita é uma oportunidade de reforçar o laço com a comunidade e ampliar o alcance da campanha Outubro Rosa no Espírito Santo — fortalecendo as ações de prevenção e combate ao câncer de mama promovidas pela instituição. “Esse evento é um símbolo de movimento e autocuidado. Assim como na corrida, a vida exige ritmo, constância e coragem para seguir em frente. Vista-se de rosa e participe, porque correr pela prevenção é o melhor passo que você pode dar”, destaca Marilucia Dalla, presidente da Afecc. Serviço Evento: Corrida Santa Rita – Outubro Rosa Data: Domingo, 19 de outubro Percurso: 7 km – Beira-Mar de Vitória Largada: Praça do Papa, às 6h30 Organização: Afecc – Hospital Santa Rita & Iron Locações e Eventos
Vitória celebra o Dia da Inovação com o Base27 à frente do ecossistema capixaba
Reconhecimento nacional da capital como a cidade mais inteligente do Brasil reforça a força do ecossistema capixaba e o papel do hub de inovação corporativa Base27 nesse movimento coletivo. No Dia da Inovação, celebrado neste domingo, 19 de outubro, o Espírito Santo tem ainda mais motivos para comemorar. A capital capixaba foi recentemente reconhecida como a cidade mais inteligente do Brasil, segundo o ranking Connected Smart Cities, e esse resultado está diretamente ligado ao fortalecimento do ecossistema de inovação construído nos últimos anos. Um dos pilares desse movimento é o Base27, hub de inovação corporativa que reúne empresas, startups e universidades em um ambiente colaborativo para desenvolver soluções de impacto para o mercado e para a sociedade. “Essa conquista de Vitória não é por acaso. É fruto de uma jornada construída a muitas mãos, com o setor produtivo, o governo e a academia trabalhando juntos para gerar valor de forma colaborativa. O que iniciamos lá atrás agora começa a dar frutos — e isso mostra a força desse movimento coletivo”, afirma Michele Janovik, CEO do Base27. Desde sua criação, em 2020, o Base27 se consolidou como um dos principais hubs de inovação corporativa do país, conectando grandes empresas e empreendedores de diferentes segmentos para impulsionar novas soluções e negócios. Com atuação nos setores de engenharia e construção, indústria e logística, o hub tem se destacado como um ponto de encontro entre inovação, colaboração e desenvolvimento empresarial. De acordo com Michele, a trajetória do Espírito Santo mostra que a inovação é um processo contínuo de construção e aprendizado: “Mudar a mentalidade exige constância. Criar uma cultura de inovação requer intenção. Gerar valor demanda propósito. E o Espírito Santo está no caminho certo, porque tem mantido a consistência e a colaboração necessárias para sustentar esse movimento, trazendo resultados expressivos.” Além de Vitória, outros municípios capixabas — como Vila Velha, Cariacica, Serra e Cachoeiro de Itapemirim — também figuram entre as cidades mais inteligentes do país. Para Michele, esse desempenho reforça a força coletiva da região: “O desafio agora é comunicar melhor nossos feitos, fortalecer a confiança no potencial capixaba e inspirar o Brasil. Precisamos continuar investindo com colaboração e ousadia, mostrando ao país e ao mundo do que somos capazes.” No Dia da Inovação, a mensagem do Base27 é clara: inovar é construir juntos, com visão de futuro, propósito e coragem para transformar.
Empresa de saneamento que atua na Grande Vitória é eleita referência em diversidade e inclusão
A Aegea Saneamento foi reconhecida como referência nacional em diversidade e inclusão ao conquistar o título de Top of Mind no Prêmio Diversidade em Prática 2025, alcançando mais de 60% dos votos em uma escolha popular. Presente em mais de 800 municípios brasileiros, a companhia é considerada uma das maiores do setor de saneamento do país e, no Espírito Santo, é responsável pela operação do sistema de esgotamento sanitário nos municípios de Serra, Vila Velha e Cariacica. O reconhecimento reafirma o protagonismo da Aegea na promoção de uma cultura organizacional plural e inclusiva, impulsionada pelo programa “Respeito Dá o Tom”, criado para valorizar a equidade racial e fortalecer o respeito às diferenças em todas as suas formas. “Com presença em mais de 800 municípios brasileiros, a Aegea tem demonstrado que investir em diversidade é não apenas um compromisso ético e social, mas também um diferencial competitivo, capaz de gerar valor real para a sociedade e para o mercado”, assinala a diretora-presidente da companhia no Estado, Lucilaine Medeiros. O prêmio nacional consolida o “Respeito Dá o Tom” como uma das iniciativas mais robustas do setor de saneamento no campo da inclusão, reforçando a importância de políticas corporativas sustentáveis e integradas às estratégias de negócio.
Leonardo Miranda Maioli – “A Reforma Tributária e a instabilidade do passado: vale tudo”
É uma brincadeira muito comum dizer que, no Brasil, até o passado é incerto. O país sempre revisita temas que pareciam resolvidos há muito tempo. Vez ou outra, nos pegamos discutindo se Getúlio Vargas foi ou não um ditador, se Juscelino Kubitschek fez o Brasil crescer ou se endividar em “50 anos em 5”, quem matou Odete Roitman. Na Reforma Tributária, vem acontecendo a mesma coisa. As mudanças legislativas, que deveriam apontar para o futuro, parecem ter voltado seus holofotes para rever um tema que já poderia ser considerado superado. Isso passou despercebido pelo contribuinte, mas chamou a atenção dos profissionais do direito tributário. Trata-se da chamada “tese do século”, julgada no Recurso Extraordinário nº RE 574.706/PR, pelo Supremo Tribunal Federal. Resumidamente, a tese impede que os tributos PIS e Cofins incidam sobre o valor do ICMS embutido no faturamento de quem fornece mercadorias e serviços. O STF modulou sua decisão para que os efeitos ocorressem a partir de 15 de março de 2017 e determinou que o desconto fosse do ICMS destacado na nota fiscal. Pelo entendimento, o Supremo afirmou que um tributo não poderia incidir sobre o valor de outro tributo nesse caso. Ocorre que, recentemente, em uma declaração do considerado “pai da reforma”, o secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, foi informado aos contribuintes que os novos tributos introduzidos pela Reforma — o CBS e o IBS — irão incidir sobre os valores de ICMS e ISSQN, que oneram o valor de mercadorias e serviços. Isso ocorrerá porque, apesar de os primeiros substituírem os últimos, por algum tempo o sistema tributário irá conviver com todos eles, até que a transição esteja completa em 2033. A notícia pegou o mercado de surpresa, pois não foi algo tratado ao longo da tramitação da Reforma Tributária, mas apenas após o vigor da emenda constitucional e da lei complementar que a introduziram. Também é uma medida vinda de forma direta e unilateral do Poder Executivo, que quebra a fundada expectativa dos contribuintes quanto à continuidade da decisão do STF na chamada tese do século. Afinal, se o CBS substitui o PIS e a Cofins, e o IBS substitui o ICMS e o ISSQN, a decisão do Supremo poderia ser facilmente aplicada, por analogia, às novas figuras tributárias. Essa é uma medida que também faz refletir sobre o conflito entre os poderes. Se o atrito entre Congresso e STF, e entre Congresso e Governo, domina as manchetes atualmente, é necessário observar o avanço da Fazenda Pública na incidência de impostos sobre impostos como algo que provoca choque entre o STF e o Poder Executivo. Não faz sentido retornar a pontos já superados, abalando a harmonia entre poderes que deveriam ser harmônicos. Seguindo dessa maneira, a judicialização é certa. A exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins já havia gerado uma infinidade de teses “filhas”, que buscaram retirar outros tributos de outras bases de cálculo. Há medidas para fazer o mesmo com o ISSQN. Há precedentes que afastaram o ICMS da base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB) e da contribuição previdenciária. Outros retiraram o ICMS da substituição tributária da base de PIS e Cofins, assim como o ICMS do diferencial de alíquotas entre estados. Por outro lado, há decisões que mantiveram o PIS e a Cofins na base de cálculo do ICMS, por falta de previsão legal para a exclusão, e que autorizaram a incidência da CPRB sobre a própria base de cálculo, bem como o ISS na apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) pelo lucro presumido. A todas essas lides será adicionada a discussão judicial sobre a composição do IBS e do CBS, levando em conta os valores de ICMS e ISSQN. No final das contas, será mais uma fronteira a ser desbravada por contribuintes, juristas e contadores, judicializando o passado. E judicializar o passado confirma que, no Brasil, sempre há espaço para um remake. Afinal, vale tudo! *Leonardo Miranda Maioli é advogado tributarista, bacharel em Direito e Ciências Contábeis pela UFES, pós-graduado em Direito Tributário e mestre em Direito pela UFES.