Rotina equilibrada, sono de qualidade e autocuidado estão entre as principais recomendações Com a proximidade do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e de outros vestibulares, cresce a ansiedade entre os estudantes. O desafio, porém, vai além do conteúdo cobrado nas provas: envolve também o preparo emocional para lidar com a pressão, o cansaço e as expectativas. A professora Catiane Morales (foto), do curso de Psicologia da Estácio, explica que cuidar da mente é tão importante quanto revisar as matérias. “São exames extensos, com alto grau de exigência e que costumam representar um marco decisivo na trajetória de quem os realiza. Diante disso, é fundamental pensar em estratégias que tornem esse momento menos traumático, mais proveitoso e com melhores resultados”, afirma. Segundo a docente, provas de grande repercussão costumam gerar ansiedade, estresse e cobranças excessivas — fatores que podem comprometer o desempenho. “Reconhecer os próprios limites é uma das dicas mais importantes. Dedicar-se aos estudos com antecedência é essencial, mas também pode ser exaustivo. É importante valorizar o próprio esforço e respeitar os sinais de cansaço, intercalando os estudos com momentos de lazer e descanso. O cuidado deve ser para não inverter a lógica e acabar procrastinando, o que gera desespero na reta final”, orienta. Catiane ressalta que estabelecer uma rotina equilibrada é uma estratégia poderosa. “Crie um planner com horários dedicados ao estudo, às tarefas diárias, ao lazer e ao descanso. Tente seguir esse planejamento com disciplina, mas com realismo: metas inalcançáveis tendem a gerar frustração. Por isso, defina objetivos compatíveis com sua rotina e com o tempo que você leva para absorver os conteúdos”, recomenda. A especialista alerta ainda para o impacto do uso excessivo das redes sociais. “O consumo constante de conteúdos curtos treina o cérebro para períodos curtos de atenção, o que pode prejudicar o desempenho em provas longas como o Enem”, explica. Para ilustrar a importância de preparar a mente, a professora faz uma analogia: “O cérebro humano tem uma plasticidade admirável, ou seja, a capacidade de se adaptar e aprender. Pense nele como um músculo: se você não pratica musculação, suporta apenas cargas leves e sente dores após o esforço. O mesmo vale para a mente. Para enfrentar uma prova exigente, é preciso treinar a concentração e a leitura. Uma boa dica é incluir leituras prazerosas na rotina, transformando esse hábito em uma recompensa pelos momentos de estudo”, orienta. Outros fatores também são determinantes para o bom desempenho, como alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e boas horas de sono. “Dormir bem é parte essencial do processo de consolidação da memória e do aprendizado. Aposte no equilíbrio entre essas práticas. Chegar preparado, sem se submeter a altos níveis de estresse e cobrança, aumenta a confiança e reduz o risco de nervosismo extremo ou crises de ansiedade”, finaliza. Onde reforçar e treinar o conteúdo na reta final Para quem busca reforçar os estudos e revisar os conteúdos antes da prova, há diversas plataformas gratuitas disponíveis. O Enem Action oferece simulados, e-books, planos de estudo e avaliação de redação. Já o Prisma, iniciativa do Instituto Yduqs em parceria com a QConcursos, reúne aulas teóricas, questões práticas e análise de desempenho — com mais de 155 mil estudantes cadastrados. Outra opção é o Enem na MatérI.A., criado pela Estácio, que une o conhecimento de professores a recursos de inteligência artificial para transformar tendências das redes sociais em conteúdo educativo. O MEC Enem, lançado pelo Ministério da Educação, também oferece simulados, trilhas de estudo, correção automática de redações e um assistente virtual para acompanhar o desempenho dos estudantes. Serviço Enem Action: enemaction.com.br Prisma: institutoyduqs.com.br/prisma Enem na MatérI.A.: enemnamateria.com.br MEC Enem: app.mecenem.mec.gov.br/onBoarding
Espírito Santo lidera o crescimento nacional em restaurantes, lazer e serviços pessoais
Alta de 13,5% no acumulado até agosto é mais que o dobro da registrada por Santa Catarina, segundo o IBGE. Segmento inclui alimentação fora de casa, turismo interno, academias, salões de beleza e entretenimento O lazer, os cuidados pessoais e a alimentação fora de casa estão movimentando a economia capixaba. O Espírito Santo conquistou a liderança nacional no crescimento dos serviços voltados às famílias — que incluem restaurantes, hotéis, academias e atividades culturais — com alta de 13,5% no acumulado entre agosto de 2024 e agosto de 2025. O resultado é mais que o dobro do registrado por Santa Catarina (6,2%) e Paraná (5,1%), que aparecem logo atrás no ranking. O desempenho reflete o vigor do consumo presencial no Estado, impulsionado pela expansão do turismo interno, da gastronomia e de serviços ligados ao bem-estar e ao entretenimento. As análises são do Connect Fecomércio-ES, com base nos dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “As atividades voltadas ao lazer, à alimentação fora de casa e aos cuidados pessoais estão sustentando o dinamismo da economia capixaba. O Espírito Santo vive um momento de consolidação do turismo interno e da valorização do consumo local, fatores que vêm fortalecendo o mercado de serviços”, explicou André Spalenza, coordenador do Observatório do Comércio do Connect Fecomércio-ES. Segundo Spalenza, o protagonismo capixaba nesse segmento é resultado de uma combinação de fatores sazonais e estruturais. “A retomada das atividades presenciais e o retorno de eventos, viagens e festividades impulsionaram o setor. Ao mesmo tempo, há uma mudança de comportamento: as famílias estão priorizando experiências, e isso se reflete diretamente na demanda por serviços de qualidade”, destacou. Os serviços voltados às famílias incluem alojamento e alimentação (como hotéis, pousadas, bares e restaurantes) e também outros voltados ao consumo final, como salões de beleza, academias, clínicas de estética, lavanderias, teatros, cinemas e parques. Trata-se de um segmento que responde rapidamente às variações de renda e mobilidade da população, sendo fortemente influenciado por férias, feriados e eventos culturais. De forma geral, o setor de serviços capixaba apresentou leve retração de 1,2% em agosto, em relação a julho, após cinco meses consecutivos de crescimento. O índice de volume de serviços ficou em 113,85 pontos, acima da média nacional (109,49). Apesar da queda pontual, o resultado não altera o cenário positivo de estabilização em patamar elevado, consolidado ao longo de 2025. “O recuo é um ajuste natural após meses de crescimento. O setor segue em um nível alto de atividade e mantém bases sólidas de consumo e investimento”, avaliou Spalenza. No acumulado do ano, o desempenho geral do setor de serviços no Espírito Santo está estável (0%). O comportamento reflete uma base comparativa elevada e a concentração do crescimento em nichos específicos, como o de serviços voltados às famílias e o de transportes e correios, que registrou alta de 3,1% e são mais sensíveis às variações da demanda. Mesmo diante dessa moderação, o Espírito Santo se mantém entre os estados com o setor de serviços mais dinâmico e competitivo do país. “O consumo presencial e o turismo continuam sendo os grandes motores da economia capixaba. Essa combinação cria oportunidades para atividades de maior valor agregado e impulsiona a geração de renda e empregos”, concluiu o coordenador. A pesquisa completa, com os dados detalhados, pode ser acessada no portal portaldocomercio-es.com.br. Sobre o Sistema Fecomércio-ES A Fecomércio-ES integra a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e representa 405.455 empresas, responsáveis por 58% do ICMS arrecadado no Estado e pelo emprego de 652 mil pessoas. Com mais de 30 unidades, presença em todos os municípios capixabas e ações itinerantes e on-line, o sistema atua em parceria com 24 sindicatos empresariais, contribuindo para o desenvolvimento social e econômico do Espírito Santo. O projeto Connect é uma iniciativa da Fecomércio-ES em parceria com a Faesa, com apoio do Senac-ES, Secti-ES, Fapes e da Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI).
Governo do Estado aciona plano de contingência após operação no Rio de Janeiro
O Governo do Espírito Santo colocou em prática o plano de contingência elaborado, de forma preventiva, para monitorar possíveis movimentações de integrantes de facções criminosas após a Operação Contenção, deflagrada pelas forças policiais do Rio de Janeiro. A medida, formulada pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), foi apresentada nesta quinta-feira (30) pelo governador Renato Casagrande e pelo vice-governador Ricardo Ferraço, coordenador do Programa Estado Presente em Defesa da Vida. O objetivo é estabelecer um fluxo integrado de informações de inteligência entre agências federais e estaduais, a fim de identificar eventuais fugas para o Espírito Santo — tanto de criminosos que atuam no Rio quanto de indivíduos capixabas escondidos em território fluminense com intenção de retornar. “Estamos desde o ocorrido avaliando a repercussão e se é necessária alguma retenção. As nossas agências de inteligência estão integradas, tanto do Governo do Estado quanto do Governo Federal. Estamos acompanhando as divisas com a Polícia Rodoviária Federal. É bom destacar que, na verdade, as lideranças criminosas daqui estão migrando para o Rio de Janeiro, pois sabem que aqui são grandes as chances de serem presas. E já adianto: se tentarem voltar, serão alcançadas. O Espírito Santo está mostrando o jeito de fazer segurança pública que produz efeito para o cidadão, com inteligência e tecnologia, operações cirúrgicas, prisões de lideranças, além do trabalho social”, afirmou Casagrande. De acordo com os levantamentos das agências de inteligência, até o momento não há qualquer indicativo de migração de criminosos para o Espírito Santo após a operação realizada na terça-feira (28) nos Complexos do Alemão e da Penha. As rodovias que cortam os municípios de Presidente Kennedy, Mimoso do Sul, Apiacá, Bom Jesus do Norte, São José do Calçado e Guaçuí — que fazem divisa com o Rio de Janeiro — estão com o monitoramento reforçado, com o apoio da Polícia Rodoviária Federal. “Assim que tomamos conhecimento da operação na cidade do Rio de Janeiro, nosso núcleo do Estado Presente está atento aos desdobramentos e mobilizado. A integração das forças de segurança permite recebermos informações precisas e estratégicas do que acontece lá para estruturarmos nossas ações aqui. Nosso plano de contingência já está em operação, tático e estratégico. A estrutura de segurança pública do nosso Estado está pronta. Bandidos fogem do Espírito Santo para buscar abrigo em outros estados porque sabem que aqui nossas polícias irão alcançá-los e prendê-los. Eles sabem bem dessa atuação efetiva das nossas forças”, destacou o vice-governador Ricardo Ferraço. O secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Leonardo Damasceno, reforçou que o Espírito Santo é considerado um território hostil para criminosos e que não há, até o momento, qualquer tendência de migração para o Estado. “Aqui, os bandidos não se criam. Temos exemplos recentes de líderes de facções criminosas do Estado que resolveram voltar, por algum motivo, do Rio de Janeiro, e foram capturados. Marujo, irmãos Vera, Boca de Lata — alguns chefes que estavam há tempos escondidos no estado vizinho e, quando precisaram vir, em poucos dias estavam na cadeia. Nosso governador e vice-governador nos exigiram um monitoramento profundo para identificar se há qualquer possibilidade de vinda de bandidos para cá e, até o momento, não temos esse indicativo. Porém, caso ocorra, estaremos preparados”, afirmou Damasceno. Foto: Governo ES
O casal capixaba que transformou uma ideia nascida na pandemia em negócio de sucesso
Criada em março de 2021, em pleno auge da pandemia, a Fazza Calçados nasceu de um sonho que uniu coragem, propósito e sensibilidade. O casal Aline Sobrinho Felix e Thallys Vinycios Bonfim transformou o desafio do isolamento em uma oportunidade de construir uma marca com alma capixaba — hoje referência nacional em design, conforto e moda autoral. Com investimento inicial de cerca de R$ 100 mil, a empresa começou com apenas 10 modelos e um estoque reduzido. A ideia era simples, mas ousada: criar calçados que unissem estilo, conforto e significado. Em apenas quatro anos, o resultado surpreendeu — a Fazza cresceu mais de 1.400%, ampliando a produção, o portfólio e sua presença digital. Atualmente, a marca mantém dois estoques, um na loja física, em Vila Velha, e outro voltado ao e-commerce, que atende clientes em todo o Brasil e até no exterior. Já são mais de 120 modelos desenvolvidos, com fabricação em Minas Gerais e no Sul do país, regiões reconhecidas pela excelência artesanal na indústria calçadista. A empresa projeta encerrar 2025 com faturamento de R$ 5 milhões e planeja investir R$ 500 mil em 2026 em marketing e parcerias estratégicas. Entre novembro e dezembro, a expectativa é de crescimento de 30% nas vendas. “Crescemos em estrutura, mas mantemos o propósito: criar produtos com alma, que contem histórias e traduzam o lifestyle da mulher real. A qualidade é o que nos move — quanto mais crescemos, mais buscamos aprimorar”, afirma Aline Sobrinho Felix, sócia-fundadora da Fazza. “A Fazza nasceu em meio à incerteza, mas com muita determinação. Ver uma marca capixaba crescer e se destacar nacionalmente mostra que o Espírito Santo tem um potencial enorme para o empreendedorismo criativo”, complementa Thallys Vinycios Bonfim, também sócio-fundador. O caso da Fazza é um retrato da nova economia capixaba, impulsionada por empreendedores criativos e marcas que apostam em identidade, propósito e sustentabilidade. Em um mercado competitivo, a empresa mostra que é possível crescer de forma sólida e inspiradora — mantendo a essência e valorizando a produção local.
99% dos turistas recomendam o Espírito Santo como destino, aponta pesquisa
O Espírito Santo alcançou um dos maiores índices de aprovação turística do país. Segundo a Pesquisa de Identificação do Perfil do Turista no Inverno de 2025, realizada pela Secretaria de Turismo do Estado (Setur-ES), 99,3% dos visitantes afirmaram que recomendariam o estado a outras pessoas, e 92,4% disseram que a viagem atendeu ou superou suas expectativas. O estudo, analisado pelo Connect Fecomércio-ES, mostra que o turismo capixaba vive um momento de consolidação, impulsionado pela diversidade de experiências — das montanhas e praias à gastronomia e hospitalidade. O perfil do visitante é formado majoritariamente por pessoas com mais de 40 anos (53,7%), ensino superior completo (64,8%) e casadas (56,1%). A maioria viajou a lazer (81,4%), com média de permanência de 6,9 dias e gasto diário de R$ 260. Minas Gerais é o principal estado emissor de turistas (31,9%), seguido por Rio de Janeiro (9,8%) e São Paulo (8%). Os aspectos mais bem avaliados foram a gastronomia capixaba (94%), a segurança pública (90,6%), a hospitalidade (89,3%) e a limpeza urbana (85,6%). Para André Spalenza, coordenador do Observatório do Comércio da Fecomércio-ES, os dados reforçam a fidelização dos visitantes. “Quando o turista sai satisfeito e recomenda o estado, ele se torna um embaixador espontâneo da marca Espírito Santo”, destacou. Atividade turística no maior patamar desde 2014 De acordo com o Índice de Atividades Turísticas (Iatur), do IBGE, o Espírito Santo manteve em agosto o maior nível de atividade turística em 10 anos. O setor cresceu 4,6% em 2025, e a movimentação aérea somou mais de 1 milhão de passageiros entre janeiro e agosto, um aumento de 12,5% no período. O empresário Leomar Alberto Stange, do restaurante Ninho do Colibri, em Santa Teresa, confirma a expansão: “Antes o movimento se concentrava nos fins de semana; hoje recebemos visitantes o ano inteiro, inclusive durante a semana”, relatou. A pesquisa completa está disponível no site portaldocomercio-es.com.br. Foto: Envato
João Pedro Rodrigues Louzada – “Narrativas em guerra: a interface política por trás da megaoperação no Rio”
No Brasil, tudo assume caráter político. No que concerne à megaoperação conduzida pelo Estado do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (28), não poderia ser diferente. As mais de cem mortes, resultantes da ação policial, reacenderam a polarização discursiva que estrutura o debate público nacional: de um lado, a narrativa do heroísmo institucional na defesa da ordem; de outro, a denúncia de uma política de segurança fundada na necropolítica e na seletividade penal. O episódio reitera a dificuldade do país em articular um discurso racional sobre segurança pública, frequentemente capturado por paixões ideológicas e simplificações morais, cuja alavanca se apoia na inflamação dos conglomerados políticos adversários. Todavia, a análise desse fenômeno – triste e preocupante – exige ultrapassar as fronteiras do debate binário. A intervenção policial não emerge no vácuo: ela é consequência direta da expansão e da consolidação de estruturas criminosas complexas, como o Comando Vermelho, que há décadas operam como poderes paralelos em múltiplas regiões do Rio. A facção, detentora de uma lógica empresarial e territorial, sustenta-se sobre um tripé que combina economia ilícita, coerção armada e legitimação social. Seu enraizamento nas comunidades fluminenses não decorre apenas da força das armas, mas da substituição funcional do Estado em dimensões básicas da vida social – desde a oferta precária de segurança e assistência até a mediação de conflitos cotidianos. A omissão estatal crônica, que não se resume exclusivamente aos governos contemporâneos, associada a políticas públicas intermitentes e desarticuladas, permitiu que o crime organizado se institucionalizasse como uma espécie de poder de fato, corroendo a autoridade do Estado de Direito. O Comando Vermelho, longe de ser um conjunto difuso de criminosos, constitui uma organização de governança paralela, dotada de racionalidade administrativa, capacidade logística e controle comunicacional. Sua influência transcende o âmbito local e conecta-se a redes interestaduais e transnacionais do tráfico de drogas e armas, o que confere à crise fluminense um caráter de segurança nacional. Nesse cenário, o Estado é chamado a intervir em um território onde sua presença se faz quase exclusivamente pela força. A megaoperação, portanto, representa o sintoma de uma crise de governabilidade periférica, em que o monopólio da violência legítima é sistematicamente contestado. A resposta armada do poder público, embora tecnicamente legítima, revela o déficit estrutural de inteligência, planejamento e presença social continuada. Em vez de ser expressão de soberania, a operação massiva expõe a fragilidade de um Estado que perdeu a capacidade de mediar conflitos sem recorrer à letalidade. Ao mesmo tempo, não se pode incorrer no erro analítico de atribuir ao aparato policial a totalidade da culpa, tal qual eufemizar o crime sob narrativas que apelam às pautas ideológicas, culturais e/ou raciais. O enfrentamento à criminalidade organizada exige coerência sistêmica e articulação interinstitucional, já que a polícia, isoladamente, é apenas o instrumento final de uma cadeia decisória que envolve políticas sociais, urbanas e econômicas. Sua atuação, quando descolada de estratégias de longo prazo, tende a reproduzir o ciclo de violência que pretende conter. A crítica, portanto, deve alcançar não apenas o excesso da força policial, mas o déficit de Estado que a precede – do Estado do Rio de Janeiro e de todo Brasil. A ausência de políticas públicas eficazes, de educação de qualidade, de infraestrutura urbana e de oportunidades econômicas sustenta o caldo de cultura onde o crime floresce. O domínio do Comando Vermelho é, nesse sentido, tanto causa quanto consequência de uma falência administrativa crônica — um produto da omissão pública e da descontinuidade das políticas de segurança cidadã. O enfrentamento dessa realidade demanda mais do que operações espetaculares. Requer inteligência estratégica, integração federativa, investimento em prevenção e fortalecimento comunitário. É necessário reconstruir a presença estatal sob bases legítimas — não apenas por meio da coerção, mas pela oferta de direitos. Um Estado que apenas atira é um Estado que já perdeu a capacidade de governar. O Rio de Janeiro vive, assim, a materialização de um paradoxo, uma vez que combate o crime com a mesma lógica que o engendrou. Enquanto as políticas de segurança permanecerem subordinadas a cálculos eleitorais e ao fanatismo ideológico, a violência seguirá sendo o idioma político da exclusão. O desafio, portanto, não é apenas conter o avanço do tráfico, mas, em proporção semelhante, redefinir o papel do Estado na produção da ordem social, substituindo o ciclo da repressão pelo da reconstrução institucional. *João Pedro Rodrigues Louzada é estudante do 2° período do curso de Medicina na EMESCAM.
Nova diretriz nacional atualiza diagnóstico e tratamento do autismo com base em evidências científicas
A Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI) divulgou uma nova diretriz com recomendações atualizadas para o diagnóstico e tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). O documento, elaborado pelo Departamento Científico de Transtornos do Neurodesenvolvimento, reúne orientações práticas para profissionais da saúde e reforça a importância do cuidado multidisciplinar e do combate a terapias sem comprovação científica. Segundo a SBNI, o diagnóstico do autismo é essencialmente clínico, fundamentado na observação comportamental, entrevistas com os responsáveis e nos critérios do DSM-5. O texto também alerta que fatores como vulnerabilidade social e uso excessivo de telas podem simular sintomas do transtorno, exigindo atenção redobrada dos profissionais. A neuropsicopedagoga Pollyana Fiorotti ressalta sinais que devem servir de alerta para pais e educadores. “Dificuldade de interação social, pouco contato visual, dificuldade em compreender ironias ou piadas, apego incomum a objetos e resistência a mudanças de rotina são manifestações frequentes e que merecem investigação”, explica. Entre as abordagens recomendadas, a diretriz destaca a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e modelos naturalísticos de intervenção precoce, além de listar 28 práticas baseadas em evidências científicas, como a terapia cognitivo-comportamental e o treino de habilidades sociais. Por outro lado, o documento faz um alerta contra o uso de terapias sem respaldo científico, como células-tronco, ozonioterapia, quelantes, psicanálise, son-rise, uso de canabidiol e suplementação de ácido fólico sem indicação médica. Técnicas como estimulação craniana não invasiva, Floortime e equoterapia são citadas como promissoras, mas ainda carecem de estudos robustos para recomendação ampla. Para a médica neurocirurgiã pediátrica Larissa de Sousa, a atualização representa um avanço importante. “A nova diretriz padroniza condutas, fortalece o diagnóstico correto e, sobretudo, combate a desinformação sobre terapias sem evidência científica, que colocam em risco a saúde de crianças e adolescentes”, afirmou. O documento completo da SBNI está disponível para profissionais e instituições de saúde em todo o país.
Ferramenta on-line ajuda mulheres a identificar situações de violência e buscar apoio
Uma iniciativa simples, mas transformadora, tem ajudado mulheres a reconhecer sinais de relacionamentos abusivos e romper o silêncio. O teste on-line “Conta Comigo! Você não está sozinha”, desenvolvido pela Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres (Seppom), vem se consolidando como uma importante porta de entrada para o acolhimento e encaminhamento à rede de proteção. Por meio de um questionário virtual sigiloso, a ferramenta orienta as participantes sobre como identificar situações de violência e onde buscar ajuda. O teste pode ser respondido em poucos minutos, e as mulheres que optam por se identificar são contatadas pela equipe da Seppom para atendimento especializado e encaminhamento aos serviços de apoio. Criado durante o programa “Agosto Lilás”, o projeto permanece ativo e acessível a qualquer momento, por meio do link tinyurl.com/jd2dx4fv ou via QR code disponível em cartazes fixados em escolas, unidades de saúde e terminais de transporte público. Para a secretária Lilian Mota, o “Conta Comigo” representa um avanço no acolhimento de mulheres em situação de violência. “Com essa ferramenta, conseguimos ultrapassar barreiras e chegar até mulheres que, muitas vezes, não procuram a rede de proteção por medo ou falta de informação. É um instrumento que tem ajudado a salvar vidas e fortalecer o cuidado”, afirma. Mais do que um teste, o “Conta Comigo” é um convite à reflexão e ao acolhimento. A ferramenta mostra que nenhuma mulher está sozinha e que existe uma rede pronta para ouvir, proteger e apoiar.
Vila Velha promove mutirão para negociação de dívidas e oferta de empregos entre 5 e 7 de novembro
De 5 a 7 de novembro, a Prefeitura de Vila Velha realiza a segunda edição do Natal Azul, mutirão que reúne serviços de negociação de dívidas e um feirão de empregos. O atendimento acontecerá das 9h às 16h, na entrada do Acesso D do Boulevard Shopping, em Itaparica, por ordem de chegada — sem necessidade de inscrição prévia. A iniciativa, organizada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, tem como objetivo ajudar os cidadãos a sair do endividamento e iniciar 2026 com o “nome no azul”. Além das renegociações, quem estiver em busca de trabalho poderá participar de entrevistas de emprego e se cadastrar no Sine Vila Velha. Participam do mutirão bancos, instituições financeiras e concessionárias de serviços, como Banestes, Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Santander, Crefisa, Sicoob, Sicred, DaCasa, EDP, Cesan, Loga e Claro, além de órgãos como Procon Municipal, Procon Estadual, CDL Vila Velha, NossoCrédito e Vila do Empreendedor. O público também terá acesso a orientações de educação financeira, consultas ao SPC e Serasa, e parcelamentos de débitos de IPTU, MEI e Simples Nacional. Em parceria com o Programa de Eficiência Energética da EDP, será possível trocar até 10 lâmpadas antigas por novas com tecnologia LED, sem custo. Segundo o secretário Everaldo Colodetti, o evento reforça o caráter social e econômico da ação. “Queremos que os cidadãos de Vila Velha consigam firmar acordos, limpar o nome e, quem está desempregado, tenha a oportunidade de uma nova colocação no mercado formal”, afirmou. Para participar, basta levar documentos pessoais (RG, CPF ou CNH), comprovantes das dívidas e currículo atualizado. Serviço Evento: Natal Azul – Mutirão de Negociação de Dívidas e Feirão de Empregos Datas: 5, 6 e 7 de novembro Horário: 9h às 16h Local: Acesso D – Boulevard Shopping Vila Velha (Itaparica) Documentos: RG, CPF ou CNH, comprovantes das dívidas e currículo atualizado
Vitória completa 52 dias sem homicídios e reforça integração na segurança pública
A capital capixaba alcançou, nesta quarta-feira (29), a marca de 52 dias sem registros de homicídios. A Prefeitura de Vitória divulgou o número em seu site e informou que o resultado reflete a atuação integrada da Guarda Civil Municipal (GCMV) com as forças estaduais de segurança e o investimento contínuo em tecnologia e políticas preventivas. De acordo com o secretário municipal de Segurança Urbana, Amarílio Boni, o avanço é fruto de planejamento e cooperação entre instituições. “Vitória tem mostrado que o caminho da segurança passa pela união das forças. Trabalhamos de forma integrada com as polícias Civil e Militar, compartilhando informações e estratégias em tempo real, o que garante ações mais rápidas e preventivas”, destacou. A Guarda de Vitória tem papel central nesse resultado, com presença constante nas ruas, vigilância por câmeras e atuação da Gerência de Inteligência. Para a comandante da corporação, Dayse Barbosa, cada dia sem homicídios representa uma conquista coletiva. “É o reflexo do empenho das nossas equipes, que estão preparadas e comprometidas com a proteção da vida e a segurança dos cidadãos”, afirmou. Além das ações operacionais, a Prefeitura de Vitória mantém investimentos em educação, inclusão e programas sociais voltados à redução da violência e fortalecimento da cultura de paz nos bairros. Governo do Estado também comemora O governador do Estado, Renato Casagrande, comemorou nas suas redes sociais o período de mais de 50 dias sem mortes. Em vídeo, o governador disse mais de 64% dos municípios não têm registro recente de violência letal. “Hoje o Espírito Santo tem Vitória com mais de 50 dias sem homicídios e 64% dos nossos municípios sem nenhum registro recente de violência letal. Isso não é uma conquista isolada. É fruto de muito investimento, de novos concursos, de valorização dos nossos funcionários e do uso de tecnologia de ponta como reconhecimento facial e os sistemas de integração entre as forças de segurança no programa estado presente. Essa transformação só é possível porque é a união entre Estado, municípios e a sociedade trabalhando lado a lado pela paz. Com planejamento, trabalho, compromisso, estamos salvando vidas e tornando o Instituto Santo um estado cada vez mais seguro para se viver.”