A economia do Espírito Santo deve manter trajetória de crescimento nos próximos anos. De acordo com o Indicador de Atividade Econômica (IAE-FINDES), elaborado pelo Observatório FINDES, a projeção é de alta de 3,9% em 2025 e de 1,9% em 2026. Caso as estimativas se confirmem, o Estado registrará o quarto ano consecutivo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB). As projeções indicam desempenho acima da média nacional nos dois anos. Para 2025, a expectativa para o Brasil é de crescimento de 2,3%, enquanto para 2026 a projeção é de 1,8%, segundo o Boletim Focus do Banco Central. Os dados e análises foram apresentados em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (18), na sede da Federação das Indústrias do Espírito Santo (FINDES). O presidente da FINDES, Paulo Baraona, destacou que 2025 foi marcado por desafios significativos para o setor produtivo. “Começamos este ano já com um cenário de elevadas taxas de juros, que se mantiveram. Ao longo de 2025, nos deparamos ainda com a taxação dos EUA sobre as exportações brasileiras para o país norte-americano, situação que afetou diretamente o Espírito Santo. Lembrando que quase um terço das exportações capixabas são destinadas aos Estados Unidos”, afirmou. Apesar do cenário adverso, Baraona ressaltou que o período também foi de busca por novas oportunidades. Em dezembro, a FINDES assinou um Memorando de Entendimento (MoU) com a Decom Mission para ampliar a cooperação entre empresas capixabas e europeias no segmento de descomissionamento de plataformas de petróleo e gás. “Nosso objetivo para 2026 é aprofundar essas conexões e ampliar as possibilidades de colaboração, fortalecendo cadeias estratégicas como logística, metalmecânica, economia circular e ambiental”, destacou. Desempenho de 2025 No acumulado de janeiro a setembro de 2025, a economia capixaba cresceu 2,5% em comparação com o mesmo período de 2024, resultado superior ao do PIB brasileiro, que avançou 2,4%. Todos os setores econômicos apresentaram crescimento no período, com destaque para a agropecuária (16%), a indústria (3,7%) e os serviços (0,6%). A economista-chefe da FINDES e gerente executiva do Observatório FINDES, Marília Silva, explicou que, mesmo com o aperto monetário ao longo do ano, a atividade econômica manteve expansão. Segundo ela, o desempenho esteve concentrado em setores menos sensíveis à taxa de juros, como a agropecuária e a indústria extrativa. “Já setores mais dependentes do ciclo monetário, como os serviços, só evitaram uma desaceleração mais intensa devido ao dinamismo do mercado de trabalho”, avaliou. Indústria A indústria extrativa apresentou crescimento expressivo de 12,2% entre janeiro e setembro de 2025. A pelotização do minério de ferro avançou 7,8%, enquanto a produção de petróleo e gás natural cresceu 14,9%. De acordo com o gerente de Ambiente de Negócios do Observatório FINDES, Nathan Diirr, dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que o Espírito Santo registrou produção média de 186,6 mil barris de petróleo por dia no período, alta de 14,1% na comparação anual. A produção offshore, responsável por 96,5% do total, cresceu 15,6%. Já a produção de gás natural alcançou média de 4,8 milhões de metros cúbicos por dia, aumento de 20,4%. Outro segmento industrial com crescimento foi o de energia e saneamento, que avançou 0,6%, impulsionado pelo aumento do consumo de energia elétrica no Estado. Em contrapartida, a indústria de transformação recuou 0,9%, refletindo a queda na produção de minerais não metálicos e de produtos alimentícios. A indústria da construção também apresentou retração de 1,5%, impactada pelo atual patamar da taxa Selic, em 15% ao ano. Serviços, comércio e transportes O setor de serviços cresceu 0,6% no acumulado do ano até setembro, com avanço em todas as atividades. O destaque foi o segmento de transportes, que cresceu 1,3%, impulsionado pelo aumento da demanda por transporte de cargas. O comércio avançou 0,9%, beneficiado pela elevação da renda das famílias e pelo bom desempenho de hipermercados, supermercados, vestuário, produtos farmacêuticos e atacado alimentício. Segundo Marília Silva, a queda consistente da taxa de desemprego ao longo de 2025, que atingiu mínimas históricas no terceiro trimestre, contribuiu para sustentar o consumo das famílias, mesmo diante da inflação elevada e dos juros altos. Agropecuária A agropecuária foi o setor com maior crescimento percentual no período, com alta de 16%. A agricultura avançou 15,9%, impulsionada principalmente pela safra do café, além de culturas como cana-de-açúcar, milho, arroz, tomate, laranja e coco-da-baía. A pecuária cresceu 2%, com bom desempenho na produção de bovinos, leite, suínos, aves e ovos. Nathan Diirr explicou que o crescimento da produção de café conilon, responsável por 81% da produção estadual, compensou os efeitos da bienalidade negativa do café arábica. Segundo ele, condições climáticas mais favoráveis após o El Niño de 2024 contribuíram para o resultado, com chuvas bem distribuídas e melhores condições hídricas.