Contaminação de peixes e camarões preocupa pescadores no Rio Doce

Quase dez anos após o rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), os pescadores do Rio Doce e da costa capixaba demonstram preocupação com os níveis de metais presentes nos peixes e camarões. Um estudo liderado pelo professor Adalto Bianchini, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), aponta que a contaminação persiste e, em alguns casos, aumentou. O tema foi debatido nesta quinta-feira (20) em audiência na Assembleia Legislativa do Espírito Santo.

Metais pesados seguem em altos níveis

Desde 2016, pesquisas analisam diferentes partes dos peixes, como guelras, fígado e músculo. Nos primeiros anos após o desastre, os peixes e camarões de água doce apresentaram altas concentrações de mercúrio, mas esses níveis diminuíram com o tempo. No entanto, os pescados marinhos registram tendência inversa.

Os dados mais recentes indicam que camarões do mar apresentam “altíssimos” níveis de arsênio e alta concentração de mercúrio. Já os peixes seguem com níveis preocupantes de arsênio, enquanto o mercúrio continua em crescimento. Nos mangues, caranguejos também têm mostrado contaminação elevada.

Sedimentos ainda são fonte de contaminação

Segundo Bianchini, o sedimento contaminado no fundo do mar é a principal fonte de poluição. “A água já não é mais tão importante como fonte de contaminação, mas quando chove ou uma frente fria remexe a água, os poluentes são ressuspensos”, explicou o pesquisador.

Os pescadores presentes demonstraram preocupação. “Me sinto como se estivesse matando a minha família e as dos outros”, afirmou José Carlos Lambisgóia, presidente do Sindicato dos Pescadores e Marisqueiros do Espírito Santo (Sindipesmes).

Propostas para a atividade pesqueira

O coordenador do Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática do ICMBio, Joca Thomé, destacou a necessidade de novas decisões para a atividade pesqueira. “Precisamos definir juntos: vamos suspender a pesca do camarão por dois ou três anos para a natureza se recuperar? Vamos restringir certos tipos de pesca?”, questionou.

Thomé ressaltou que a política de pesca no Brasil sofre constantes mudanças, mas frisou que, com o fim da gestão da Fundação Renova, as decisões sobre o futuro da pesca serão feitas diretamente pelos pescadores e órgãos ambientais.

Deputada cobra exames para pescadores

A deputada Janete de Sá (PSB), presidente da Comissão Parlamentar Interestadual de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio Doce (Cipe Rio Doce), cobrou do governo federal a continuidade das pesquisas sobre a contaminação dos pescados e solicitou exames para os pescadores.

“O pescador consome o pescado no dia a dia. É essencial que todos sejam examinados para identificar os níveis de contaminação”, afirmou Janete.

O representante do ICMBio informou que a repactuação entre governos e empresas garantiu a continuidade das pesquisas. Durante os 18 meses de transição, a responsabilidade pelos pagamentos das pesquisas é da Samarco.

Dados econômicos da pesca no litoral capixaba

O professor Mauricio Hostim, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), apresentou dados do Projeto de Monitoramento e Caracterização Socioeconômica da Atividade Pesqueira. Desde 2021, a produção pesqueira do litoral do Espírito Santo gerou R$ 176,3 milhões em primeira venda e totalizou 16 mil toneladas de pescado.

“Os pescadores fornecem voluntariamente as informações, permitindo uma melhor gestão dos recursos pesqueiros”, explicou Hostim.

A Cipe Rio Doce prometeu cobrar a Samarco sobre suas obrigações e buscar soluções para minimizar os impactos da contaminação sobre a pesca e a saúde dos pescadores capixabas.

Informações: Ales

Foto: ABr

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Diretor de conteúdo – Eduardo Caliman

Jornalista formado pela Ufes (1995), com Master em Jornalismo para Editores pelo CEU/Universidade de Navarra – Espanha. Iniciou a carreira em A Tribuna e depois atuou por 21 anos em A Gazeta, como repórter, editor de Política, coordenador de Reportagens Especiais e editor-executivo. Foi também presidente do Diário Oficial, subsecretário de Comunicação do ES e, de 2018 a 2024, coordenador de comunicação institucional no sistema OAB-ES/CAAES.

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