A pressão para que crianças e adolescentes adotem posturas e responsabilidades típicas da vida adulta tem se intensificado nos últimos anos, alimentando um fenômeno cada vez mais preocupante: a adultização precoce. O tema voltou a ganhar destaque após um episódio envolvendo o youtuber Felca, que expôs como jovens têm sido confrontados com expectativas e cobranças muito acima de sua idade.
De acordo com a psicóloga e psicanalista Mariana Weigert de Azevedo, a questão exige atenção urgente.
“A infância precisa ser preservada como um tempo de exploração, aprendizado e proteção. Quando as crianças são adultizadas, perdem a oportunidade de viver suas emoções e desafios na medida certa. Isso pode gerar ansiedade, insegurança e sobrecarga emocional, afetando a saúde mental”, afirma.
Mariana ressalta que a pressão para “crescer antes da hora” é potencializada pela cultura digital e, muitas vezes, pelo próprio ambiente familiar.
“Há crianças expostas a conteúdos inapropriados ou sobrecarregadas com responsabilidades em casa. Isso as afasta da leveza e da espontaneidade típicas da infância. Cabe aos adultos garantir um espaço seguro para que elas possam simplesmente ser crianças”, destaca.
O caso Felca jogou luz sobre a vulnerabilidade dos jovens diante de expectativas irreais e reforçou a necessidade de uma reflexão coletiva.
“A infância é o alicerce do desenvolvimento humano. Quando comprometida, as consequências podem acompanhar o indivíduo por toda a vida. Precisamos repensar o que estamos exigindo das crianças e como podemos protegê-las da adultização precoce”, conclui Mariana.