Competição reúne mais de 150 países: apenas seis serão escolhidos
O engenheiro de software Briant Moreira de Oliveira, 29 anos, conhecido nas redes sociais pelo seu apelido Elliot, nasceu nos Estados Unidos, possui dupla cidadania e foi naturalizado brasileiro no Espírito Santo, onde passou a viver a partir dos 3 anos. Ele disputa agora uma das seis vagas para participar de uma missão espacial no foguete New Shepard, da Blue Origin, empresa fundada pelo empresário Jeff Bezos.
O experimento que Elliot Briant pretende investigar na missão é sobre os efeitos da microgravidade no corpo humano: ele busca analisar como músculos, ossos e conexões neuromusculares reagem à ausência de gravidade. A pesquisa tem potencial de gerar avanços científicos aplicáveis à saúde na Terra.
A competição é organizada pela agência espacial SERA Space Agency e conta com candidatos de mais de 150 países. Das seis vagas, cinco serão destinadas a conduzir experimentos no espaço.
A SERA – Space Exploration and Research Agency – é uma agência espacial privada fundada com o objetivo de democratizar o acesso ao espaço, tornando a participação global e a exploração da economia do espaço acessível a todos.
Elliot Briant desenvolveu a sua proposta no Instituto Geração de Marte e na Habitat Marte Analog Station, no Rio Grande do Norte. A pesquisa foca em biomarcadores, que são indicadores biológicos, como células ou proteínas, que podem ser medidos para indicar um processo biológico, e nesse caso estão relacionados à degeneração muscular, um processo acelerado em ambientes de microgravidade e semelhante ao envelhecimento e a doenças degenerativas como sarcopenia, esclerose lateral amiotrófica, osteoporose e até mesmo a caquexia do câncer.
“Quero trazer de volta para a Terra os resultados desse experimento, para ajudar o desenvolvimento de novas tecnologias, procedimentos terapêuticos e medicamentos que possam tratar doenças neuromusculares, gerando impacto real na ciência e na vida das pessoas”, afirma Elliot Briant.
Da Medicina à tecnologia
Elliot Briant nasceu em 30 de outubro de 1995, em Fort Lauderdale, nos Estados Unidos, mas cresceu em Laranjeiras, na Serra, onde se naturalizou brasileiro. Filho de um caminhoneiro e de uma dona de salão de beleza, teve uma infância simples e curiosa.
“Desde pequeno, eu queria entender como as coisas funcionavam e como eu poderia ajudar as pessoas”, lembra.
No Brasil, cogitou estudar Medicina. Apesar da curiosidade, admite que não era o aluno mais aplicado. “Eu era muito indisciplinado, chamava atenção demais. Tinha energia de sobra para ficar parado em sala de aula”, confessa. Ele cursou parte do ensino fundamental e médio na unidade SESI Laranjeiras.
Com o tempo, a rebeldia deu lugar à disciplina. No Ensino Médio, decidiu se dedicar aos estudos com o objetivo de construir uma trajetória internacional. Em seguida, já em 2012, mudou-se para os Estados Unidos, onde iniciou o curso pré-med na Everest University, um curso de graduação que os estudantes fazem nos EUA antes de se candidatar à faculdade de medicina. Trabalhou como assistente cirúrgico em várias especialidades e participou de procedimentos que o aproximaram da tecnologia aplicada à saúde.
Foi nesse contato com dispositivos médicos que descobriu sua verdadeira paixão: a tecnologia. Com apoio de amigos e familiares, migrou para a engenharia de software e ingressou na Make School (um programa incubado pela Y Combinator – umas das maiores incubadoras do mundo), em parceria com a Dominican University of California, em São Francisco. “Percebi que poderia aplicar a tecnologia a diferentes áreas. Esse casamento abriu caminhos que eu nunca tinha imaginado”, conta.
Experiência na NASA
O interesse por ciência e tecnologia abriu portas em instituições de ponta, como a NASA. Durante uma disciplina de Machine Learning, Elliot Briant participou de uma competição no Kaggle, plataforma de aprendizagem e competição para cientistas de dados, usando dados do telescópio Kepler, e identificou, quase por acaso, 37 possíveis exoplanetas, que orbitam estrelas fora do nosso Sistema Solar.
O feito repercutiu e chamou a atenção da equipe da NASA Open Data, que confirmou seu estudo.
“Trabalhar na NASA me mostrou como a ciência é construída em equipe e o impacto que a tecnologia pode ter”, afirma Elliot Briant.
Ansiedade e propósito
Elliot Briant explica que quando era criança sonhou em ser astronauta, mas nunca achou que seria uma possibilidade.
“Minha meta sempre foi ajudar a ciência. Essa competição representa justamente isso: transformar curiosidade em conhecimento útil para a humanidade”, diz ele.
Ele ressalta que a microgravidade não é apenas uma curiosidade espacial. “O que astronautas sofrem em meses no espaço, nós levamos anos para desenvolver aqui. Estudar isso de perto pode antecipar soluções para doenças ligadas a ossos, músculos e neurônios”, explica.
Como ajudar
O público pode contribuir diretamente com a candidatura de Elliot Briant. A votação é realizada em uma comunidade no Telegram, onde é possível criar um perfil e participar da missão junto com ele.
Além disso, Elliot Briant lembra que é possível ajudar de outras formas: engajando nas postagens com a hashtag da competição, participando da comunidade dele no Instagram e acompanhando sua jornada pelos canais oficiais.
O anúncio dos 18 selecionados para a etapa final será feito no final de outubro.
“Cada participação é importante. Mais do que me ajudar, é uma forma de apoiar a ciência e mostrar que pessoas do Brasil, do nosso Estado, também podem chegar longe, até mesmo ao espaço”, conclui.
Telegram:
https://t.me/sera_mission_control_bot/app?startapp=4KHKUZF5
Instagram:
Acompanhe a rotina de Briant no Instagram: @the_social_hacker