“Foi a honra da minha vida ter feito esse filme com o Lô”, diz Rodrigo de Oliveira, diretor radicado em Vila Velha há 25 anos
Por Eduardo Caliman • News Espírito Santo
O diretor capixaba Rodrigo de Oliveira, morador de Vila Velha e residente no Espírito Santo há 25 anos, lamentou nesta segunda-feira (3) a morte do cantor e compositor Lô Borges, com quem trabalhou no documentário Lô Borges: Toda Essa Água, lançado em 2023.
“Foi a honra da minha vida ter feito esse filme com o Lô — e, em vida, ter visto o Lô assistir ao filme que eu fiz pra ele. Fica pra sempre a memória da vitalidade dele”, recordou, emocionado.

O cartaz do filme “Toda essa água”
Rodrigo ressaltou que este “é um dia muito triste para a música brasileira, porque o Lô era uma dessas pessoas que compôs a trilha sonora da vida de tanta gente.”
“Foi muito bonito, ao longo do dia, enquanto a notícia da morte dele se espalhava, ver o volume de tributos que foram sendo prestados a ele. E me impressionou particularmente o tanto de pessoas jovens, de gente nascida nos últimos 20 anos — dos anos 2000 pra cá — compartilhando trechos das músicas, das letras, memórias e até arrependimentos de não terem visto o Lô tocar ao vivo”, comentou Rodrigo.
“Acho que isso diz muito sobre a música que o Lô compôs ao longo da vida. Um artista que falou diretamente ao coração da juventude — e fez isso lá nos anos 70. Começou a fazer isso lá atrás, e isso ainda funciona até hoje, com as gerações de agora”, destacou.
Intoxicação medicamentosa
O músico mineiro morreu neste domingo (2), aos 73 anos, em Belo Horizonte, vítima de falência múltipla de órgãos, segundo boletim médico divulgado pela Unimed-BH. Ele estava internado desde 17 de outubro, em tratamento após um quadro de intoxicação medicamentosa.
Rodrigo definiu o músico como “um operário da música”. “Ele compunha todos os dias, vivia para trabalhar nas suas canções, para ser criativo, para ser genial — mas de um jeito muito humilde, muito modesto. Ele escrevia para retribuir ao universo o talento que tinha.”

Rodrigo (camisa xadrez) ao lado de Lô Borges e Milton Nascimento, em filmagem em 2018
O documentário Toda Essa Água reúne participações de nomes como Milton Nascimento, Beto Guedes e Samuel Rosa, além de familiares e parceiros de vida do compositor. O filme mostra também a relação de Lô com o filho Luca Arroyo Borges, cuja presença inspirou o olhar de Rodrigo na narrativa.

Um dia de filmagens com Lô Borges em 2019
“Conheci o Lô em 2017, quando tivemos a ideia de fazer o filme. Nós lançamos o filme em 2023. Estar ali do lado dele enquanto ele assistia ao filme me enche de orgulho”, recordou.
“Toda Essa Água” traz a presença fundamental da família do artista — das irmãs, dos irmãos e, especialmente, de Márcio Borges, que compôs junto com ele algumas das canções que marcam a história da música brasileira. “O filme é um pouco contado assim: a gente fala da juventude do Lô através da juventude do Luca”, acrescentou Rodrigo, que aproveitou a entrevista para mandar sentimentos a todos os amigos, fãs e familiares. “Queria mandar meus sentimentos pra família toda e para o Luca, em especial.”
Sobre o diretor Rodrigo de Oliveira

Rodrigo de Oliveira Silva é roteirista, diretor e montador, nascido em 1985, em Volta Redonda (RJ), e radicado no Espírito Santo desde 2001. Formado em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF), é um dos nomes mais premiados da nova geração do cinema brasileiro.
Venceu o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro por Todos os Paulos do Mundo (2018) e dirigiu ainda o documentário Lô Borges: Toda Essa Água (2023), além das ficções As Horas Vulgares (2011), Teobaldo Morto, Romeu Exilado (2015) e Os Primeiros Soldados (2021).
Entre seus curtas-metragens, destacam-se Eclipse Solar (2016), Ano Passado Eu Morri (2017) e Os Mais Amados (2019) — produções que consolidaram sua trajetória marcada pela sensibilidade, rigor estético e valorização da arte como expressão da memória e da identidade brasileira.
											
											