O Comitê de Enfrentamento das Consequências do Aumento das Tarifas de Importação (CETAX), do Governo do Espírito Santo, promoveu nesta segunda-feira (28) as primeiras reuniões com setores econômicos diretamente afetados pelas recentes medidas tarifárias impostas pelos Estados Unidos. Os encontros foram realizados no Palácio Fonte Grande, em Vitória, sob a coordenação do vice-governador Ricardo Ferraço, líder do comitê.
“Esse tarifaço é absolutamente injusto e confirmamos que o Governo do Estado está ao lado do setor produtivo, dos empreendedores e dos trabalhadores. A possibilidade real de redução de oportunidades no mercado de trabalho nos preocupa e muito. Nesse primeiro momento, vamos diagnosticar o alcance e o impacto dessa medida na economia do Espírito Santo e com foco na manutenção dos empregos e da saúde das empresas exportadoras”, afirmou Ferraço.
O vice-governador destacou ainda a importância dos Estados Unidos como principal destino das exportações capixabas. “Cadeias importantes como a do aço, derivados de ferro, celulose, café, pimenta do reino, gengibre, frutas, macadâmia, pescado, rochas naturais e outros estão conosco nessas rodadas de conversas com o comitê. De tudo que exportamos aqui no Espírito Santo, praticamente 30% tem como mercado os Estados Unidos”, explicou.
Na parte da manhã, a reunião focou no agronegócio, com a participação de produtores e representantes dos segmentos de café, café solúvel, gengibre, pescados, pimenta-do-reino, macadâmia, celulose, mamão e ovos. Durante o encontro, foram apresentadas vulnerabilidades, iniciativas em andamento e estratégias de enfrentamento, com atenção especial aos pequenos produtores e à economia familiar. Para isso, serão discutidas ações de apoio envolvendo crédito e renegociação de dívidas, em parceria com a Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).
À tarde, o debate concentrou-se no setor de rochas ornamentais, fortemente impactado pelo tarifaço, já que mais de 65% das exportações capixabas desse segmento têm como destino os Estados Unidos. Municípios como Cachoeiro de Itapemirim, Nova Venécia e Serra são os mais afetados.
Thales Machado, presidente do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas), relatou a apreensão dos empresários e o desafio de competir com mercados da Itália, China, Índia e Turquia. “Hoje temos cerca de 1.200 contêineres parados que não foram cancelados, mas que estão suspensos à espera de uma definição. Há esperança de ajuste, mas é preciso agir”, afirmou, ressaltando ainda a dificuldade de encontrar mercados alternativos com o mesmo potencial dos Estados Unidos.
Mais de 300 empresas capixabas exportam rochas ornamentais para os EUA, e o setor espera a criação de linhas de crédito específicas para exportação, que possam aliviar os efeitos imediatos das novas tarifas.
As reuniões do CETAX continuam nos próximos dias com o objetivo de elaborar, em conjunto, planos de ação que considerem as particularidades de cada segmento produtivo, buscando alternativas viáveis diante do novo cenário internacional.
“É fundamental que os setores atuem de forma coordenada, com foco em dados objetivos e estratégias de diversificação de mercados. É importante entender a margem real de cada empresa e trabalhar com fatos. O momento pede união e ação concreta”, reforçou o secretário de Estado de Desenvolvimento, Rogério Salume.
O comitê é formado por representantes das Secretarias da Fazenda (Sefaz), Casa Civil (SCV), Economia e Planejamento (SEP), Procuradoria-Geral do Estado (PGE), Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes) e Banco do Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), que juntos trabalham para analisar o cenário e desenvolver estratégias eficazes para mitigar os impactos das tarifas impostas.
Foto: Governo ES
