Como o metanol destrói nervo ótico e pode causar cegueira irreversível em poucas horas

Oftalmologista do HOV explica como o metanol age no organismo.

Imagine começar o dia enxergando normalmente e, poucas horas depois, mergulhar em uma névoa que apaga completamente a visão. Essa é uma das consequências mais graves da ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, substância altamente tóxica usada de forma irregular na fabricação clandestina de destilados.

Casos recentes de intoxicação no Brasil acenderam o alerta sobre os perigos do metanol, que pode levar à cegueira irreversível e até à morte. Segundo o oftalmologista Pedro Trés Vieira Gomes, do Hospital de Olhos Vitória (HOV), o composto atinge diretamente o nervo óptico, responsável por transmitir ao cérebro as imagens captadas pelos olhos.

“Quando ocorre a lesão, a perda visual pode ser irreversível”, explica o especialista.

Como o metanol age no organismo

Após ser ingerido, o metanol é metabolizado pelo fígado e convertido em formaldeído e ácido fórmico, dois compostos extremamente tóxicos. Eles atacam as mitocôndrias — estruturas celulares responsáveis pela produção de energia — e provocam colapso nas fibras do nervo óptico.

“O nervo óptico não se regenera. Mesmo pequenas quantidades da substância podem causar danos severos e permanentes”, destaca o médico.

Estudos indicam que a ingestão de apenas 10 ml de metanol já pode causar sequelas visuais graves. Doses maiores podem levar à falência do sistema nervoso e à morte.

Sinais de alerta

Os primeiros sintomas surgem entre 6 e 24 horas após o consumo da bebida contaminada. Inicialmente, a intoxicação pode ser confundida com uma ressaca comum, provocando tontura, dor de cabeça, fraqueza e náusea. Em seguida, aparecem os sinais oculares:

Visão borrada

Manchas escuras no campo visual

Sensibilidade à luz

Visão dupla

Formação de névoa visual até a cegueira total

O diagnóstico é feito por meio de exames oftalmológicos, como teste de acuidade visual, campo visual e resposta pupilar. Mas o tempo é fator decisivo. Quanto mais rápida a busca por atendimento médico, maiores são as chances de evitar sequelas irreversíveis.

Tratamento exige urgência

Além da cegueira, o ácido fórmico gerado pela metabolização do metanol pode causar acidose metabólica, afetando outras áreas do sistema nervoso, provocando perda de consciência, coma e até morte.

O tratamento inclui internação imediata, suporte clínico intensivo e, nos casos mais graves, hemodiálise para remover o metanol do organismo.

“O atendimento de emergência é fundamental. Se a intervenção ocorre logo após a ingestão, ainda é possível minimizar os danos. Mas se o nervo óptico já foi afetado, as sequelas costumam ser permanentes”, alerta o dr. Pedro Trés.

Prevenção é a única garantia

A recomendação final dos especialistas é direta: não consuma bebidas de procedência duvidosa. A venda de destilados adulterados é crime e representa risco real à saúde pública.

“Prevenção é a única garantia de proteção contra a cegueira causada pelo metanol”, reforça o oftalmologista.

sobre nós

Diretor de conteúdo – Eduardo Caliman

Jornalista formado pela Ufes (1995), com Master em Jornalismo para Editores pelo CEU/Universidade de Navarra – Espanha. Iniciou a carreira em A Tribuna e depois atuou por 21 anos em A Gazeta, como repórter, editor de Política, coordenador de Reportagens Especiais e editor-executivo. Foi também presidente do Diário Oficial, subsecretário de Comunicação do ES e, de 2018 a 2024, coordenador de comunicação institucional no sistema OAB-ES/CAAES.

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