O coral Guarani Tape Retxakã, da aldeia Ka’agwy Porã (Nova Esperança), em Aracruz, vive um ano marcado por conquistas e ações culturais relevantes. Em 2025, o grupo participou de apresentações no Ano Novo Guarani, dentro da própria aldeia, e integrou a programação oficial da Teia Nacional dos Pontos de Cultura, evento que reuniu representantes culturais de todo o país e contou com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
As iniciativas fazem parte do projeto selecionado no edital de Difusão Musical, promovido pela Secretaria da Cultura do Espírito Santo (Secult-ES) por meio do Fundo Estadual de Cultura e das políticas da Lei Aldir Blanc. O apoio viabilizou apresentações, intercâmbios e a aquisição de novos instrumentos tradicionais utilizados pelo coral.

Entre as ações mais marcantes está o intercâmbio com o coral Guarani Mborai Rekowe, de Santa Catarina, que esteve no Espírito Santo para participar do ciclo espiritual do Ano Novo Guarani, em um encontro dedicado à troca de saberes, cantos e fortalecimento espiritual entre os povos.
Cultura viva na aldeia Ka’agwy Porã
Com cerca de 20 integrantes — todos parentes entre si — o Tape Retxakã tem como liderança o casal Edmilson Karaí e Patricia Takuá. O grupo vive na aldeia Ka’agwy Porã, a quinta aldeia fundada pelo povo Guarani no município de Aracruz, no litoral norte capixaba.
Além do canto, o coral utiliza instrumentos tradicionais como:
Mbaraka mirim (chocalho),
Angu’á pu (tambor),
Takua pu (instrumento percussivo de bambu tocado pelas mulheres),
Rabeca
Violão de cinco cordas, afinado conforme a tradição espiritual Guarani.
As apresentações são parte da rotina da aldeia e expressão direta da ligação do povo com sua ancestralidade. “O coral é uma prática que é da nossa cultura. Toda noite temos o costume de juntar crianças e adultos na casa de reza e ter momentos assim, para nós mesmos. E quando vêm visitas na aldeia, o coral também tem essa função de mostrar a musicalidade do povo Guarani”, explica Edmilson Karaí.
Segundo ele, o grupo também se apresenta em escolas, universidades e espaços culturais, levando a música, a língua e o nome da aldeia para outros territórios.
Espiritualidade: a casa de reza como fonte de cura e conhecimento
Para o povo Guarani, a música é parte indissociável da espiritualidade. A trajetória do Tape Retxakã está profundamente ligada à Opuy’i, a casa de reza, considerada um templo vivo, onde se irradiam os saberes transmitidos pelos ancestrais.
É nesse espaço que se realizam os rituais, se curam os males do corpo e da alma, se nomeiam as crianças e se fortalecem os vínculos com Nhanderu, o grande criador.
“A casa de reza é uma faculdade, uma escola onde se aprende sobre a espiritualidade e sobre como viver nesse mundo, como respeitar as coisas que Nhãderu deixou para nós”, afirma Werá Djekupé, liderança fundadora da aldeia Ka’agwy Porã.
Cada canto ecoado ali é considerado um elo de cura, memória e proteção — uma forma de caminhar entre o visível e o invisível.
Primeiro álbum: Djagwata Porã
Em 2025, o coral lançou seu primeiro álbum, “Djagwata Porã” — expressão que significa caminhada sagrada. O trabalho reúne 12 composições autorais, assinadas por Edmilson Karaí e Patricia Takuá, além de uma faixa final criada por Werá Djekupé (Marcelo Guarani).
Com produção musical de Aline Maria, o álbum foi gravado dentro da própria casa de reza da aldeia Ka’agwy Porã, reforçando o caráter espiritual e comunitário da obra. As músicas falam de cura, amor, pertencimento e conexão com o sagrado.
O álbum pode ser ouvido gratuitamente nas plataformas:
📌 Spotify: https://open.spotify.com/intl-pt/album/5fF52kiWQCtGK3bXOL51AM
📌 YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=E2g1Yg3KYsk&list=OLAK5uy_n14WvizLeUu4qNmAzjGO7MfrRD3QvVbcI
Além disso, o Tape Retxakã participa da faixa “Sonhar Floresta / Kaagwy Porã”, do álbum Sonhos, da artista Luíza Boê, também lançado em 2025.
YouTube: https://music.youtube.com/watch?v=j_rJOwAG5BE
Spotify: https://open.spotify.com/intl-pt/track/1EN3KwHAZYhXfQLGvcGgOO
