Deputados capixabas alertam sobre impactos da decisão de Flávio Dino no cumprimento da Lei Magnitsky

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, de suspender a eficácia de decisões e leis estrangeiras no Brasil gerou alertas entre deputados estaduais durante a sessão ordinária da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) desta segunda-feira (18). Parlamentares discutiram o possível impacto da medida sobre a Lei Magnitsky, aplicada recentemente ao ministro do STF Alexandre de Moraes.

O deputado Callegari (PL) destacou que, embora a lei tenha validade dentro dos Estados Unidos, ela afeta qualquer empresa ou instituição financeira que opere em conexão com o sistema americano.

“Se um banco não quiser ter conexão com o sistema americano, é só não ter que não sofrerá com a lei, mas não é assim que funciona. Todo o sistema financeiro internacional está conectado com os Estados Unidos. Qualquer banco precisa comercializar dólar, se não ele não tem como funcionar no sistema financeiro internacional”, afirmou.

Callegari alertou ainda que a manutenção de contas de sancionados em bancos brasileiros poderia isolá-los do sistema financeiro internacional, dificultando movimentações de reservas cambiais do país. “O Brasil tem 386 bilhões de dólares em reservas, que sustentam o valor do real. Estamos correndo risco de ser rifados do sistema financeiro global”, explicou.

O parlamentar comparou a situação com a Rússia, que sofre sanções semelhantes da Lei Magnitsky, embora mantenha reservas em ouro. “Mesmo assim, perderam 200 bilhões de dólares via sistema financeiro americano”, acrescentou.

O deputado Lucas Polese (PL) reforçou a preocupação e ressaltou que a Lei Magnitsky é aplicada a violadores de direitos humanos e agentes corruptos em vários países, sem que esses países consigam contestar a legislação.

“A China tem diversos sancionados e nunca tentou enfrentar a lei; a prefeita de Hong Kong está fora do sistema financeiro; a Suprema Corte da Venezuela está toda sancionada; a Nicarágua; a Rússia. Esses países não tiveram coragem de peitar a Lei Magnitsky”, disse.

Contexto da decisão

A decisão de Flávio Dino foi tomada no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 1178, proposta pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O instituto questiona a legalidade de municípios brasileiros ajuizarem ações no exterior buscando indenizações por danos ocorridos no Brasil, como os casos de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais.

Dino suspendeu a eficácia de decisões judiciais, leis, decretos e ordens executivas de outros países no Brasil que não tenham sido incorporados ou aprovados pelos órgãos de soberania definidos pela Constituição e pela legislação brasileira. Por isso, parlamentares interpretam que a medida pode interferir no cumprimento da Lei Magnitsky.

A Lei Magnitsky foi aplicada a Alexandre de Moraes no dia 30 de julho, por ato administrativo do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, com base em uma ordem executiva do então presidente Donald Trump. A legislação alega que o ministro teria utilizado seu poder para realizar prisões arbitrárias e restringir a liberdade de expressão no Brasil.

Foto: Ales

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Diretor de conteúdo – Eduardo Caliman

Jornalista formado pela Ufes (1995), com Master em Jornalismo para Editores pelo CEU/Universidade de Navarra – Espanha. Iniciou a carreira em A Tribuna e depois atuou por 21 anos em A Gazeta, como repórter, editor de Política, coordenador de Reportagens Especiais e editor-executivo. Foi também presidente do Diário Oficial, subsecretário de Comunicação do ES e, de 2018 a 2024, coordenador de comunicação institucional no sistema OAB-ES/CAAES.

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