Nesta sexta-feira (29), o Brasil marca o Dia Nacional de Combate ao Fumo, instituído pela Lei nº 7.488/1986, com o objetivo de conscientizar a população sobre os danos causados pelo tabaco e reforçar campanhas de prevenção. Neste ano, a Fundação do Câncer lançou a campanha “Vape Off”, voltada especialmente para jovens e adolescentes, diante da rápida popularização dos cigarros eletrônicos no país.
De acordo com a pneumologista e especialista em Medicina do Sono Jessica Polese, os dispositivos representam um novo desafio para a saúde pública. “O uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes no Brasil é cinco vezes maior do que o consumo de tabaco convencional e está acima da média nacional e do uso entre adultos”, destacou, citando dados inéditos do 3º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III).
O levantamento mostra que 5,6% da população com 14 anos ou mais utiliza vapes no Brasil – 3,7% de forma exclusiva e 1,9% em conjunto com o cigarro tradicional. Entre os adolescentes de 14 a 17 anos, a prevalência é ainda maior: 8,7% consumiram cigarros eletrônicos no último ano, contra 5,4% entre adultos. “O cigarro eletrônico possui conservantes, partículas finas, traços de metais pesados e até substâncias cancerígenas, e alguns também contêm tabaco”, alertou a médica.
No último dia 19, o Conselho Nacional de Combate à Pirataria e aos Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP), ligado ao Ministério da Justiça, notificou plataformas digitais como YouTube, Facebook, Instagram e Mercado Livre para retirar em até 48 horas quaisquer anúncios ou ofertas de cigarros eletrônicos, sob pena de sanções administrativas.
Para Polese, a medida é essencial, mas precisa vir acompanhada de ações conjuntas. “É fundamental que famílias, escolas e autoridades unam forças para informar, prevenir e proteger os jovens de um produto que, embora moderno e sedutor, esconde riscos graves para a saúde”, reforçou.
O tabaco, em suas diferentes formas, continua associado a doenças crônicas, problemas respiratórios e ao câncer de pulmão. “Também causa sobrepeso e obesidade, que são fatores de risco para 13 tipos de câncer”, completou a pneumologista.