Economia capixaba cai 1,2% no primeiro trimestre, mas mantém alta em 12 meses

O desempenho da economia capixaba mostrou sinais de desaceleração no início de 2025. De acordo com o Indicador de Atividade Econômica (IAE-Findes), houve uma retração de 1,2% no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2024. Apesar disso, o acumulado dos últimos 12 meses até março ainda é positivo: crescimento de 1,2%.

Os dados foram apresentados nesta terça-feira (17) pelo Observatório da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), durante coletiva de imprensa na sede da instituição.

Segundo a economista-chefe da Findes, Marília Silva, a retração trimestral é reflexo direto da queda nos setores industrial (-6,8%) e agropecuário (-3,7%), enquanto o setor de serviços manteve crescimento de 0,9%, impulsionado pelo turismo, transporte aéreo de passageiros e comércio de bens essenciais.

Indicador estratégico da economia capixaba

O 1º vice-presidente da Findes, Eduardo Dalla Mura, ressaltou a importância do IAE-Findes como ferramenta de monitoramento econômico.

“É uma informação estratégica que antecipa tendências e permite acompanhar a dinâmica dos setores produtivos enquanto os dados oficiais do PIB estadual, divulgados pelo IBGE, ainda têm defasagem de dois anos”, explicou.

No acumulado de 12 meses, os principais motores do crescimento foram a agropecuária (+5,5%) e os serviços (+2,4%). A indústria, por outro lado, apresentou queda de 2,6%. No cenário nacional, o desempenho foi mais robusto: crescimento de 3,5%, com expansão nos três grandes setores — agropecuária (1,8%), indústria (3,1%) e serviços (3,3%).

Setores em destaque

O setor de serviços foi o único a crescer no Espírito Santo no primeiro trimestre. Atividades como transporte (0,8%), comércio (0,4%) e demais serviços (0,9%) contribuíram positivamente. “O crescimento no transporte aéreo de passageiros e na atividade turística compensou a queda no transporte de cargas. Também houve aumento nas vendas de alimentos e produtos farmacêuticos”, afirmou Marília.

Na agropecuária, a retração foi puxada por uma queda de 11% na agricultura, com destaque negativo para culturas como café, pimenta-do-reino, cana-de-açúcar, milho, banana, tomate e coco-da-baía. Já a pecuária teve crescimento de 3,2%, impulsionada pela suinocultura e pela produção de aves e ovos.

Na indústria, a maior retração veio do setor extrativo (-16,3%). A construção civil teve leve queda de 0,2%, a indústria de transformação ficou estável (0%) e o setor de energia e saneamento cresceu 5,8%.

Perspectiva para o ano: retração de 0,8%

A projeção atual da Findes é que a economia capixaba encerre 2025 com retração de 0,8%, cenário que pode mudar a depender do comportamento dos indicadores nos próximos trimestres.

“Fazemos a atualização das projeções a cada trimestre, conforme novos dados se consolidam”, destacou Marília Silva

Juros altos, crédito caro

A alta da taxa básica de juros é um dos principais entraves apontados para o crescimento. Em 2025, o Comitê de Política Monetária (Copom) já elevou a Selic três vezes, que chegou ao patamar de 14,75% ao ano.

“O crédito mais caro afeta diretamente a confiança do empresário e o consumo das famílias. Dificulta o acesso ao capital de giro e reduz a disposição para investir”, observou Dalla Mura.

Inflação acima da meta

Outro ponto de atenção é a inflação, que atingiu 5,32% no Brasil no acumulado de 12 meses até maio — acima do teto da meta oficial (4,5%). Na Grande Vitória, o índice foi de 5,15% no mesmo período. Os maiores aumentos foram registrados nos grupos de alimentação (7,62%), educação (6,47%) e saúde (5,21%).

Mercado de trabalho ainda forte

Apesar do ambiente macroeconômico adverso, o mercado de trabalho no Espírito Santo segue aquecido. A taxa de desocupação no primeiro trimestre foi de 4%, abaixo da média nacional (7%) e uma das menores da série histórica. O rendimento médio dos trabalhadores cresceu 10,5% no período, superando a inflação e indicando ganhos reais de poder de compra.

“Esse aumento da massa salarial ajuda a sustentar o consumo das famílias, mesmo diante da alta de preços e dos juros elevados”, destacou o gerente de Ambiente de Negócios do Observatório Findes, Nathan Diirr.

Comércio exterior em queda

Por ser um estado com forte vocação exportadora, o Espírito Santo sente os reflexos do cenário internacional. As tensões comerciais entre Estados Unidos e China e as recentes medidas de taxação impactaram o desempenho do comércio exterior capixaba. No primeiro trimestre, a corrente de comércio somou US$ 5 bilhões, com queda de 9,6% em relação ao mesmo período de 2024.

As exportações recuaram 6,5%, pressionadas pela queda nos preços internacionais de commodities como petróleo e minério de ferro. As importações também caíram — 12,4% — principalmente pela redução nas compras de veículos.

Fotos: Findes e News ES

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Diretor de conteúdo – Eduardo Caliman

Jornalista formado pela Ufes (1995), com Master em Jornalismo para Editores pelo CEU/Universidade de Navarra – Espanha. Iniciou a carreira em A Tribuna e depois atuou por 21 anos em A Gazeta, como repórter, editor de Política, coordenador de Reportagens Especiais e editor-executivo. Foi também presidente do Diário Oficial, subsecretário de Comunicação do ES e, de 2018 a 2024, coordenador de comunicação institucional no sistema OAB-ES/CAAES.

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