Missão promovida pelo Sinepe/ES leva 25 gestores a nove instituições coreanas para conhecer práticas que colocaram o país entre os melhores do mundo no Pisa
Vinte e cinco educadores capixabas iniciaram nesta semana uma jornada internacional em busca de inovação e excelência educacional. Eles participam da 10ª edição da Missão Educacional do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe/ES), que este ano tem como destino a Coreia do Sul — referência mundial em ensino e destaque nos rankings internacionais.
A comitiva irá visitar nove instituições de ensino, entre escolas e universidades, além de participar de palestras, encontros com especialistas e atividades culturais. O objetivo é conhecer de perto as práticas e políticas públicas que transformaram o sistema educacional sul-coreano em um dos mais eficientes do mundo. No Pisa 2023, avaliação internacional promovida pela OCDE, a Coreia figurou entre as cinco melhores posições em Ciências e Leitura, e obteve o 6º lugar em Matemática, entre 80 países avaliados.
A agenda inclui visitas a instituições como a Chadwick International School (educação infantil e fundamental), o Dulwich College Seoul, a Seoul Science High School (ensino médio voltado a superdotados), a Unhyun Elementary School, a ChangDeok Girls’ Middle School, além da University of Seoul e da Visang Education — referência global em tecnologia educacional.
Segundo o presidente do Sinepe/ES, Moacir Lellis, a experiência é uma oportunidade de repensar a educação capixaba. “Ao acompanhar práticas de países que se destacam em educação, conseguimos enxergar caminhos possíveis para nossas instituições. A Missão é uma forma de abrir horizontes e trazer ideias que possam ser adaptadas à nossa realidade”, afirmou.
Já a vice-presidente da entidade, Roberta Bonelli, destacou o impacto coletivo da iniciativa. “A Coreia do Sul é hoje uma das maiores referências em ensino no mundo. Esta missão representa um passo importante na qualificação dos nossos gestores e educadores, ampliando o olhar sobre educação com propósito”, disse.
Modelo de sucesso
O sucesso do sistema educacional coreano é atribuído a um conjunto de fatores: disciplina, rigor acadêmico, valorização dos professores, uso de metodologias inovadoras e forte gestão por resultados. Lá, os melhores salários e planos de carreira estão no ensino básico — medida que atrai bons profissionais e fortalece a base escolar. Diferentemente do Brasil, onde os investimentos se concentram no ensino superior, na Coreia o foco está na educação fundamental, com índices mais equilibrados.
Os resultados são expressivos: mais de 80% dos jovens concluem o ensino médio e ingressam no ensino superior, e quase metade da população adulta possui diploma universitário. A evasão escolar é praticamente inexistente.
Outro destaque é a cultura da avaliação: escolas são constantemente monitoradas por equipes externas e recebem bônus por bom desempenho. Professores também são premiados, o que fortalece a motivação e a qualidade do ensino.
Mas o modelo coreano também enfrenta desafios, como a pressão sobre os estudantes e o excesso de horas dedicadas aos estudos. Recentemente, o governo coreano anunciou que irá proibir o uso de celulares nas escolas a partir de 2026, numa tentativa de reduzir o vício em redes sociais e melhorar o rendimento acadêmico e a saúde mental dos alunos.
Imersão cultural
Além das visitas técnicas, os educadores capixabas farão uma imersão cultural em pontos históricos de Seul, como os palácios Gyeongbokgung e Changdeok, o Mercado Gwangjang, a Biblioteca Starfield, além dos museus Nacional, de Matemática e de Folclore. A proposta é entender como o desenvolvimento educacional coreano se conecta com a cultura, história e evolução econômica do país.
A Missão Educacional 2025, realizada de 8 a 21 de setembro, celebra dez anos de intercâmbios promovidos pelo Sinepe/ES, que já levou comitivas a centros de excelência educacional em países como Finlândia, Dinamarca, Singapura, Canadá, Inglaterra, Israel e Polônia, além de experiências em estados brasileiros como São Paulo e Rio Grande do Sul.
“Agora, é a vez de a Coreia do Sul inspirar o Espírito Santo com suas políticas públicas e práticas de sucesso. Estamos ansiosos para aprender e transformar essas experiências em ações concretas nas nossas instituições”, concluiu Lellis.