Espírito Santo lidera ranking nacional com a menor inadimplência empresarial; estado reduziu número de empresas com dívidas em atraso e alcançou o índice mais baixo do país
A saúde financeira das empresas capixabas é motivo de comemoração e coloca o Espírito Santo em posição de destaque no cenário nacional. O empresário capixaba é hoje o melhor pagador do Brasil, segundo o estudo “Retrato da Inadimplência”, elaborado pelo Connect Fecomércio-ES com base em dados do Serasa Experian.
O levantamento mostra que o Espírito Santo atingiu a menor taxa de inadimplência empresarial do país, com 24,73% dos CNPJs com contas em atraso — índice inferior à média nacional (31,75%) e à média da região Sudeste (31,27%).
Os dados foram apresentados na manhã desta terça-feira, na sede da Fecomércio, em Vitória. Participaram da coletiva de imprensa Idalberto Moro (foto), presidente do Sistema Fecomércio-ES – Sesc e Senac; Rodrigo Varejão, diretor-geral da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes); Pablo Lira, diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN); e Alexandre Theodoro, reitor da Faesa — reforçando o diálogo entre o setor produtivo, o meio acadêmico e as instituições públicas de fomento à inovação e ao desenvolvimento econômico.

Em maio de 2025, 433 empresas capixabas saíram da inadimplência, reduzindo o total para 129.420. Em relação ao mesmo mês de 2024, quando o índice era de 25,55%, houve queda de 0,82 ponto percentual, reforçando a tendência de melhora contínua. O resultado reflete uma gestão financeira mais sólida e a capacidade dos empresários locais de honrar compromissos, mesmo diante dos altos custos de crédito.

O número médio de dívidas por CNPJ permaneceu estável em 5,5, o mesmo de abril, e o valor médio das dívidas chegou a R$ 14.503,40.
De acordo com André Spalenza, coordenador do Observatório do Comércio do Connect Fecomércio-ES, o desempenho positivo indica confiança e eficiência econômica.
“O resultado mostra que o Espírito Santo mantém um ambiente de negócios mais equilibrado e sustentável. A redução da inadimplência reduz o risco sistêmico, atrai investimentos e fortalece a competitividade do setor produtivo local”, destacou.
Dívidas empresariais em queda
Outro ponto relevante é a redução do estoque de dívidas empresariais, que passou de R$ 2,34 bilhões em 2020 para R$ 1,88 bilhão em 2025. Mesmo com a taxa Selic em torno de 15%, as empresas capixabas conseguiram reorganizar seus compromissos financeiros, o que, segundo o estudo, contribui para um ambiente mais previsível e favorável ao planejamento de longo prazo.
Para Spalenza, essa melhora estrutural reflete a maturidade dos empresários capixabas.
“As empresas do Espírito Santo têm demonstrado capacidade de adaptação. Mesmo em um contexto de crédito caro, conseguiram reduzir o endividamento e aumentar a eficiência na gestão do capital de giro”, observou.
Micro e pequenas empresas impulsionam o resultado
As micro e pequenas empresas tiveram papel fundamental nesse avanço. O levantamento mostra queda de 0,7% no número de inadimplentes, totalizando 123,6 mil empresas com contas em dia. O resultado contrasta com o cenário do Sudeste e do Brasil, onde a inadimplência aumentou 0,3 e 0,27 ponto percentual, respectivamente, no mesmo período.
A pesquisa ressalta que a baixa inadimplência empresarial proporciona maior liquidez e flexibilidade financeira, permitindo que as companhias ampliem prazos de pagamento, negociem melhor com fornecedores e adotem políticas de crédito mais favoráveis aos clientes.
Essa solidez financeira se traduz em vantagem competitiva, especialmente em períodos estratégicos para o varejo, como Dia das Crianças, Black Friday e Natal, quando o poder de negociação e a capacidade de planejamento são diferenciais.
“Empresas financeiramente equilibradas conseguem planejar promoções, investir em inovação e reforçar estoques com mais segurança. Isso aumenta a competitividade e gera confiança no mercado”, acrescentou Spalenza.
Inadimplência das famílias também recua
O bom momento financeiro não se restringe às empresas. A inadimplência das famílias capixabas caiu para 33,3% em agosto de 2025, o menor patamar desde 2022. Em comparação com o mesmo mês de 2024 (35%), houve redução de 1,7 ponto percentual, o que representa 70,5 mil pessoas a menos com dívidas em atraso. A dívida média ficou em R$ 5.904,37.
O recuo foi mais expressivo entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos (R$ 15.180), cuja taxa de inadimplência caiu de 39,7% para 37,2%. O dado reflete melhor controle financeiro e renegociação de débitos, fatores que devem impulsionar o consumo nas principais datas do comércio até o fim do ano.
Apesar da melhora, as dívidas com mais de 90 dias de atraso ainda representam um desafio: 55,3% entre as famílias de menor renda e 52,4% entre as de maior renda, elevando o custo do endividamento.
Mesmo assim, há sinais de avanço na capacidade de pagamento: 45,3% das famílias de menor renda afirmam que conseguirão quitar total ou parcialmente as dívidas em atraso no próximo mês, contra 45% em julho.
“A queda da inadimplência empresarial e familiar mostra que o Espírito Santo está consolidando uma base financeira mais saudável. Isso amplia a confiança de consumidores e empresários e cria um ciclo virtuoso de crescimento”, concluiu André Spalenza.

“O resultado mostra que o Espírito Santo mantém um ambiente de negócios mais equilibrado e sustentável. A redução da inadimplência reduz o risco sistêmico, atrai investimentos e fortalece a competitividade do setor produtivo local”, destacou.