Especialista alerta: falta de adequação pode travar emissão de notas e comprometer operações já em 2026
As empresas brasileiras enfrentam uma corrida contra o tempo para se adequarem às novas exigências da reforma tributária. A partir de janeiro de 2026, começa oficialmente a fase de transição com a cobrança simbólica de 1% do novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Apesar de o valor ser compensável e não representar custo imediato, há um risco operacional que pode afetar diretamente a continuidade dos negócios.
O alerta é do advogado tributarista Samir Nemer, mestre em Direito Tributário e sócio do escritório FurtadoNemer Advogados. Segundo ele, o maior perigo não está na cobrança do novo tributo, mas sim na possibilidade de falhas na emissão de notas fiscais no novo formato. “Sem os campos obrigatórios do IBS e da CBS, a nota fiscal simplesmente não será emitida. E sem nota, não há faturamento nem movimentação de mercadoria ou serviço”, afirmou.
Risco de colapso operacional
De acordo com o especialista, empresas que dependem de um fluxo constante de vendas podem sofrer com paralisações, ruptura de cadeias de fornecimento e até inadimplência contratual. “A ausência de adequação pode representar um gargalo grave”, completou.
Enquanto grandes empresas já começaram o processo de adaptação, as pequenas e médias enfrentam mais dificuldades, tanto por limitações tecnológicas quanto pela falta de equipes especializadas. A complexidade aumenta ainda mais com a exigência de integração dos sistemas estaduais e municipais à Nota Fiscal de Serviço eletrônica (NFS-e) nacional, o que impacta diretamente setores como locação, saneamento e mercado imobiliário.
Prazo curto e risco de travamentos
Mesmo com a promessa da Receita Federal de disponibilizar os modelos atualizados até dezembro de 2025, muitas empresas ainda não iniciaram testes em ambiente de homologação. Empresas de software já alertam para o risco de sobrecarga e falhas operacionais na reta final.
Recomendação: ação imediata
Para mitigar os riscos, Nemer recomenda que empresas de todos os portes mobilizem desde já suas equipes de tecnologia, contabilidade e setor jurídico. O objetivo deve ser revisar processos, atualizar sistemas e realizar simulações operacionais no novo ambiente.
“A transição é inevitável. A negligência pode custar caro. Em 2026, o maior inimigo do contribuinte não será o fisco, mas a própria falta de preparo. A reforma tributária vai simplificar o sistema no longo prazo, mas exige desde já investimento, disciplina e planejamento”, concluiu o tributarista.