A Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa recebeu nesta segunda-feira (16) o diretor-presidente da ES Gás, Fábio Bertollo, que apresentou um balanço da atuação da concessionária após a privatização realizada em 2023. Durante a audiência, ele também detalhou o Plano de Aceleração 2025-2030, que prevê R$ 1 bilhão em investimentos para ampliar a infraestrutura de gás natural no Espírito Santo.
A ES Gás é responsável pelo abastecimento de gás natural nos segmentos residencial, comercial, industrial e automotivo. Segundo Bertollo, desde a privatização, já foram investidos mais de R$ 126 milhões, com destaque para a expansão do gasoduto em mais de 100 km — totalizando 570 km — e a inclusão de Guarapari na malha de distribuição.
Queda nos preços e liderança no mercado livre
Entre os resultados apresentados, o executivo destacou a redução de 15% nos preços do gás natural desde a privatização. “Desde o momento zero, trabalhamos com a questão da competitividade do gás, que era uma preocupação muito latente no estado”, afirmou Bertollo. Ele também apontou o Espírito Santo como líder no mercado livre de gás, com um terço do volume comercializado sendo fornecido por produtor independente.
Estado ainda tem infraestrutura limitada
Apesar dos avanços, Bertollo reconheceu que o Espírito Santo ainda tem muito a evoluir. “É o estado com a menor infraestrutura de gás entre os do Sul e Sudeste, com menor quilometragem de rede e baixo número de indústrias e clientes residenciais e comerciais”, afirmou.
Levantamento da concessionária mostra que, em setembro de 2024, o ES atendia 61 indústrias, enquanto São Paulo registrava 1.917. No setor residencial e comercial, os números também impressionam: 83.185 pontos no Espírito Santo contra mais de 2,7 milhões em São Paulo. O estado também possui apenas 41 postos de GNV, frente aos 271 paulistas.
Plano de Aceleração 2025-2030
Para reduzir esse desequilíbrio, a ES Gás anunciou um plano de expansão com quatro pilares: interiorização (R$ 300 milhões), democratização energética (R$ 470 milhões) e operação segura e confiável (R$ 230 milhões).
A meta é que, até 2030, o estado tenha 1.100 km de rede de gás, 180 mil consumidores atendidos, 90 mil veículos abastecidos com GNV e 92 indústrias conectadas à malha. Segundo Bertollo, a estratégia trará ganhos para o meio ambiente, com a estimativa de evitar o despejo de 900 mil toneladas de CO₂ por ano.
“Reafirmamos nossa promessa de continuar investindo no Espírito Santo, com mais R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos”, garantiu.
Hoje, a ES Gás atende 14 municípios capixabas e deve chegar a mais cinco nos próximos anos. A lista atual inclui Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Guarapari, Anchieta, Itapemirim, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, São Mateus, Aracruz, Colatina e Sooretama.
Privatização e interiorização
A ES Gás foi privatizada em março de 2023, quando o Grupo Energisa arrematou a estatal por R$ 1,423 bilhão, adquirindo 100% das ações.
Durante a audiência, o presidente da Comissão de Finanças, deputado Mazinho dos Anjos (PSDB), avaliou que a desestatização foi acertada. “Houve geração de emprego, investimento e melhora na prestação de serviço com preços mais acessíveis”, afirmou.
Mazinho destacou ainda a importância da interiorização do serviço. “Jaguaré já perdeu várias indústrias por não ter rede de gás, o que prejudica o desenvolvimento local. Aonde o gás chega, a concorrência aumenta e o preço cai”, comentou, mencionando também a necessidade de atender Nova Venécia.
Participação parlamentar e consulta pública
A reunião também contou com a presença dos deputados Adilson Espindula (PSD), Coronel Welliton (PRD), Denninho Silva (União) e Callegari (PL), que reforçaram a importância da expansão da rede para cidades do interior.
O Plano de Aceleração 2025-2030 está em consulta pública no site da Agência de Regulação de Serviços Públicos do Espírito Santo (Arsp).
Informações e foto: Ales