Dois professores capixabas estão entre os 20 melhores do Brasil na segunda edição da Olimpíada Brasileira de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMBr). Thiago Cézar de Pádua Rosa, de Guaçuí, e Carlos Alberto Afonso de Almeida, de São Mateus, conquistaram medalha de ouro na competição, que teve mais de 1,2 mil participantes de todo o país.
Os resultados foram anunciados no último sábado (8), em evento online que reuniu educadores e especialistas da área. Agora, os vencedores se preparam para um intercâmbio técnico e cultural de 15 dias em Xangai, na China, em maio de 2026. A viagem inclui visita ao Centro de Educação para Professores da Unesco (TEC Unesco), na Universidade Normal da China — país que figura entre os primeiros colocados no ranking internacional do PISA.
A OPMBr é uma iniciativa criada por ex-alunos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e tem como objetivo reconhecer professores que fazem a diferença no ensino da Matemática. O projeto conta com apoio da Sociedade Brasileira de Matemática e patrocínio do Instituto Aegea, da Lenovo Foundation e do Itaú Social.
O processo de seleção teve três etapas: uma prova, a apresentação em vídeo de um projeto desenvolvido em sala de aula e uma entrevista com a banca avaliadora, que contou com o professor e ex-ministro Cristovam Buarque, membro do Conselho Acadêmico da olimpíada. Após o intercâmbio, os professores premiados participarão de workshops de Matemática voltados à formação de outros docentes, em parceria com o Ministério da Educação.
Inovação em sala de aula: professor do sul do Estado transforma Matemática em jogo
Thiago Cézar de Pádua Rosa, de 37 anos, leciona em escolas públicas de Guaçuí e é um dos destaques nacionais pelo segundo ano consecutivo. Mestre em Educação de Ciências e Matemática pelo Ifes e doutorando pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Thiago criou o “Banco Imobiliário Capixaba” — uma adaptação do clássico jogo de tabuleiro que une matemática financeira, história e cultura do Espírito Santo.
“A ideia surgiu da necessidade de tornar a aula mais leve e divertida. Sempre que percebo que o conteúdo está se tornando cansativo, utilizo os jogos como ferramenta para manter o interesse dos alunos”, explica. Além do jogo, o professor também escreveu um livro com ideias práticas para que outros docentes possam ensinar matemática por meio de brincadeiras e desafios.
Para ele, o segredo está em criar um ambiente inclusivo e acolhedor. “É um trabalho de formiguinha, mas acredito que quando o aluno vem para a aula interessado e com boa vontade, todo o processo se torna mais fácil. O desafio é descobrir como despertar esse interesse”, afirma.
Atualmente, Thiago pesquisa práticas inclusivas voltadas a alunos neurodivergentes, buscando desenvolver estratégias que promovam a acessibilidade e a equidade no ensino da Matemática.
No Norte do Estado, professor une empatia e tecnologia para ensinar Matemática
Em São Mateus, o professor Carlos Alberto Afonso de Almeida também celebra o reconhecimento nacional. Apaixonado pela sala de aula, ele atua em uma escola estadual e é conhecido por unir tecnologia, empatia e protagonismo estudantil no ensino da disciplina.
“Desde criança eu já tinha interesse por ciência, mas foi na graduação que descobri o prazer de ensinar. Quando dei minha primeira aula, percebi que era isso que queria para minha vida”, conta.
Carlos chegou a receber propostas para atuar fora da sala de aula, mas decidiu permanecer. “Um aluno me disse que queria que eu continuasse na escola, porque tinha aprendido e se interessado mais pelos estudos por causa das minhas aulas. Aquilo me marcou e me fez decidir ficar”, relembra.
Entre suas práticas, estão o uso de jogos digitais, sistemas de correção colaborativa e atividades de investigação matemática. “Procuro mostrar aos alunos que confio neles e acredito no potencial de cada um. Isso cria um vínculo e desperta neles o desejo de aprender”, destaca.
