Produção industrial capixaba avança 8,6% no acumulado de janeiro a outubro, impulsionada pelos segmentos de petróleo, gás natural e minério de ferro pelotizado
A produção industrial do Espírito Santo cresceu 8,6% no acumulado de janeiro a outubro de 2025, na comparação com o mesmo período do ano anterior, consolidando o Estado como líder nacional em avanço industrial pelo terceiro mês consecutivo. Os dados integram a Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), divulgada nesta terça-feira (9) pelo IBGE e compilada pelo Observatório da FINDES.
O presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (FINDES), Paulo Baraona, destacou o desempenho do setor diante de um cenário econômico adverso. “Mesmo em um ambiente marcado por juros altos e incertezas internacionais, a indústria capixaba segue mostrando força e capacidade de reação, reforçando o seu papel estratégico no desenvolvimento do Estado e do país”, afirmou.
O crescimento capixaba superou o de estados como Rio de Janeiro (4,6%), Pará (3,8%), Goiás (3%) e Santa Catarina (2,8%). O Espírito Santo já ocupava a liderança no acumulado de janeiro a agosto (6%) e manteve o primeiro lugar entre janeiro e setembro de 2025 (7,5%), sempre em comparação com os mesmos períodos de 2024.
Indústria extrativa mantém o ES na liderança nacional
O principal motor do avanço industrial do Estado é a indústria extrativa, que apresentou alta de 14% no acumulado do ano, impulsionada pela produção de minério de ferro pelotizado, petróleo e gás natural. Já a indústria de transformação recuou 1,3%, refletindo quedas na fabricação de produtos alimentícios (-0,6%), celulose e papel (-1,8%) e produtos de minerais não metálicos (-4,3%). A metalurgia teve leve crescimento de 0,3%, com destaque para o aumento na produção de bobinas a quente e ferro-gusa.
A economista-chefe da FINDES e gerente executiva do Observatório FINDES, Marília Silva, explica que o desempenho da indústria extrativa está relacionado à retomada de grandes operações e ao crescimento da produção offshore. “O Espírito Santo se beneficia do aumento consistente da produção do navio-plataforma Maria Quitéria e da retomada do campo de Baleia Anã, em setembro deste ano, que estava desativado desde 2023. Esses fatores impulsionam diretamente o desempenho da indústria capixaba”, detalhou.
Expansão contínua: seis meses seguidos de crescimento
Em outubro de 2025, a produção industrial capixaba avançou 18,3% em relação a outubro de 2024, registrando o sexto mês consecutivo de crescimento em dois dígitos — o melhor desempenho entre os estados pesquisados pelo IBGE. A indústria extrativa puxou novamente os resultados, com alta de 32,9% no mês. No acumulado dos últimos 12 meses, o crescimento foi de 5,3%.
Juros altos freiam novos investimentos
Apesar dos resultados positivos, o ambiente macroeconômico segue desafiador. A taxa Selic permanece em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006, elevando o custo do crédito e limitando investimentos. Baraona reforça a necessidade de condições mais favoráveis para a expansão do setor. “É preciso destravar o crédito e permitir que o investimento volte a girar. O Brasil não pode permanecer isolado num contexto global em que outras economias já estão reduzindo seus juros reais. A redução da taxa básica permitiria que as empresas aumentassem a produção, inovassem e se mantivessem competitivas em nível global”, afirmou.
O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nesta quarta-feira (11) para definir se a taxa básica será mantida ou alterada. O último Boletim Focus, divulgado em 5 de dezembro, revisou a projeção para a meta da Selic em 2026, estimando queda para 12,25%.
Levantamento recente da CNI aponta que 80% das empresas industriais veem os juros elevados como principal obstáculo ao crédito de curto prazo. Para financiamentos de longo prazo, 71% consideram a Selic o maior entrave. A pesquisa indica ainda que, caso houvesse redução expressiva da taxa básica, 77% das empresas aumentariam seus investimentos nos próximos dois anos. O estudo ouviu mil executivos industriais, com margem de erro de três pontos percentuais e 95% de confiança.
