Produção de petróleo, gás natural e minério impulsionou o resultado, segundo pesquisa do IBGE compilada pela Findes
A indústria capixaba registrou o melhor desempenho do país em agosto de 2025. Segundo a Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM-PF), divulgada nesta sexta-feira (10) pelo IBGE e compilada pelo Observatório da Findes, a produção industrial do Espírito Santo cresceu 15,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior — o maior avanço entre as 18 localidades pesquisadas.
Na sequência aparecem Rio de Janeiro (+6,1%), Pará (+5,8%) e Paraná (+3,8%), enquanto a média nacional caiu 0,7%.
O presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Baraona, destacou o protagonismo da indústria local, que vem se adaptando a cenários desafiadores.
“Esses resultados reforçam o protagonismo da indústria do Espírito Santo no cenário nacional e sua importância para o desenvolvimento econômico do Estado”, afirmou Baraona.
Setor extrativo é o principal motor do crescimento
O avanço foi impulsionado pelo setor extrativo, que cresceu 25,5% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2024. O resultado reflete o aumento nas produções de minério de ferro pelotizado, petróleo e gás natural.
“O Estado vem consolidando sua posição como um dos principais polos de produção de petróleo e gás do país”, explica o gerente de Ambiente de Negócios do Observatório Findes, Nathan Diir.
Segundo ele, a produção offshore cresceu 5,7% em relação a julho e 49,6% frente a agosto de 2024, enquanto o gás natural marítimo avançou 10,9% e 86,2%, respectivamente.
Um dos fatores que contribuíram para o bom resultado é o desempenho do FPSO Maria Quitéria, instalado no Campo de Jubarte, em operação desde 2024.
Mesmo abaixo da capacidade total, o navio-plataforma já produz 54,7 mil barris de petróleo por dia e 1,9 milhão de metros cúbicos de gás natural.
“Esses números mostram a eficiência das operações offshore e reforçam a relevância do setor para a economia capixaba”, complementa Diir.
Indústria de transformação apresenta retração
Enquanto a indústria extrativa impulsionou o crescimento, a indústria de transformação recuou 3,6% em agosto. A queda foi puxada principalmente pela fabricação de produtos de minerais não metálicos (-6,6%) e pela metalurgia (-6,6%).
Por outro lado, houve crescimento em alimentos (+1,9%) e papel e celulose (+2,8%), setores que seguem sustentando parte da atividade industrial no Estado.
ES lidera crescimento também no acumulado do ano
O Espírito Santo também lidera o ranking nacional no acumulado de janeiro a agosto de 2025, com alta de 6,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
O resultado mantém o Estado à frente de Pará (+5,0%), Paraná (+4,2%), Rio de Janeiro (+4,0%) e Santa Catarina (+3,3%). A média brasileira no período foi de apenas +0,9%.
Entre os segmentos da indústria de transformação, houve crescimento em metalurgia (+1,6%), produtos alimentícios (+0,2%) e papel e celulose (+1,1%), enquanto produtos de minerais não metálicos caíram 4,5%.
“Apesar dos desafios do mercado interno, setores estratégicos como a metalurgia continuam impulsionando a indústria capixaba. A alta reflete a demanda nacional por produtos siderúrgicos, embora com leve desaceleração no segundo semestre”, avalia a economista-chefe da Findes, Marília Silva.
Mercado de trabalho formal segue em expansão
O mercado de trabalho no Espírito Santo também mostra resiliência. Em agosto de 2025, foram criados 906 novos empregos formais, impulsionados principalmente pelos setores de serviços (+1.247) e indústria (+490).
No acumulado do ano, o Estado já soma mais de 19,1 mil novas vagas com carteira assinada, sendo 6,7 mil apenas na indústria.
“Apesar dos desafios externos e das condições financeiras mais restritivas, o setor produtivo capixaba segue mostrando capacidade de adaptação e força para criar empregos e movimentar a economia”, ressalta Paulo Baraona.
A economista-chefe da Findes, Marília Silva, observa que o mercado formal permanece aquecido, mas com ritmo de crescimento mais lento.
“A economia capixaba continua gerando novas vagas, mas já se nota uma leve desaceleração em relação a 2024”, explica.
Segundo ela, o comportamento do Espírito Santo acompanha a tendência nacional.
“O país segue criando empregos com carteira assinada, mas o ritmo mais contido e o cenário de juros elevados ainda não oferecem condições para o Banco Central iniciar o ciclo de cortes da taxa Selic”, analisa.
Atualmente, a taxa básica de juros está em 15% ao ano, e o Relatório Focus projeta queda gradual apenas a partir de 2026, quando a Selic deve encerrar o ano em 12,25%.
