Pesquisa científica aponta que reprimir emoções pode aumentar risco cardiovascular. Especialista alerta: o silêncio imposto às mulheres tem preço alto para a saúde
Durante séculos, o discurso feminino foi silenciado por padrões sociais que rotularam como “drama”, “exagero” ou “sensibilidade demais” o simples ato de dizer o que se pensa e sente. Agora, um novo estudo científico joga luz sobre os efeitos desse silêncio forçado — e revela que ele pode ser perigoso para a saúde.
A pesquisa, publicada no periódico científico Journal of Behavioral Medicine, analisou 290 mulheres entre 40 e 60 anos e descobriu que aquelas que costumam reprimir emoções para evitar conflitos nos relacionamentos apresentaram maior espessura da artéria carótida — um importante marcador de risco cardiovascular. O dado se manteve relevante mesmo após o controle de variáveis como depressão, alimentação e prática de exercícios físicos.
O comportamento é conhecido como self-silencing, termo que se refere ao ato de silenciar a si mesma para manter a paz ou agradar o outro. Segundo a psicóloga clínica Mariana Weigert de Azevedo, esse padrão é mais comum do que se imagina. “Muitas mulheres foram ensinadas a não incomodar, a evitar confrontos. Mas esse silêncio, imposto e repetido, cobra seu preço”, afirma.
Mariana explica que expressar emoções é uma forma legítima de autocuidado e proteção: “Quando uma mulher se escuta e fala sobre o que sente, ela não está sendo difícil — está sendo inteira. E está cuidando da própria saúde emocional e física”.
A pesquisa reforça um recado importante: falar não é apenas um direito — pode ser também um fator de longevidade. Em tempos de empoderamento e bem-estar, vale repetir sem medo: quem fala demais, vive mais.
📌 Leia o estudo completo (em inglês): Journal of Behavioral Medicine