“Falar sobre suicídio é prevenção”, alerta psicóloga em meio ao Setembro Amarelo

Campanha nacional reforça importância do diálogo, da escuta empática e da rede de apoio como caminhos para salvar vidas

Consolidado como a maior campanha de conscientização sobre prevenção ao suicídio no Brasil, o Setembro Amarelo é um chamado urgente para romper o silêncio, enfrentar tabus e ampliar o diálogo sobre saúde mental. Os números reforçam a gravidade do tema: o Brasil registra, em média, 14 mil mortes por suicídio por ano — cerca de 38 por dia, segundo dados do Ministério da Saúde. Entre 2010 e 2019, o crescimento foi de 43% nos casos registrados, o que evidencia a necessidade de políticas públicas mais eficazes e de uma cultura contínua de cuidado emocional.

Para a psicóloga Marília Zanette, da Bluzz Saúde, falar sobre o assunto é um passo fundamental.

“O Setembro Amarelo amplia o espaço para debates que, muitas vezes, ainda são silenciados pela sociedade. Quando falamos sobre suicídio, reduzimos o estigma, promovemos informação de qualidade e incentivamos as pessoas a buscarem ajuda em momentos de sofrimento”, afirma.

Reconhecer os sinais e ouvir com atenção

De acordo com a especialista, os sinais de alerta podem surgir de diferentes formas e devem ser observados com atenção.

“Mudanças persistentes no humor, isolamento social, alterações no sono e no apetite, dificuldade de concentração, perda de interesse em atividades antes prazerosas e falas que demonstram desesperança são alguns dos indícios. Mas é importante lembrar que cada pessoa vive o sofrimento de maneira única. Por isso, a escuta atenta é fundamental”, pontua.

Como oferecer apoio: empatia e cuidado

Para quem deseja ajudar alguém que esteja passando por um momento de sofrimento, estar presente de forma acolhedora e empática faz toda a diferença.

“O mais importante é estar presente com empatia. Evitar julgamentos, críticas ou minimizações faz toda a diferença. Validar os sentimentos da pessoa, mostrar disponibilidade e, quando possível, orientar sobre a importância de procurar ajuda profissional são atitudes que respeitam a autonomia de quem está em sofrimento”, orienta Marília.

Mitos perigosos ainda dificultam o acolhimento

A psicóloga também chama atenção para a necessidade de desconstruir mitos que podem ser prejudiciais ao processo de acolhimento.

“Um dos equívocos mais comuns é acreditar que falar sobre suicídio pode incentivar o ato. Na realidade, o diálogo é uma das formas mais eficazes de prevenção. Outro mito perigoso é achar que quem verbaliza pensamentos suicidas não vai realmente fazer nada ou quer apenas chamar atenção. Essas crenças desvalorizam a dor e podem agravar o quadro”, alerta.

A importância da psicoterapia e do cuidado contínuo

Marília reforça que a psicoterapia é um recurso essencial tanto para a prevenção quanto para o tratamento em momentos de crise.

“O processo terapêutico oferece um espaço seguro para a pessoa se expressar, compreender os fatores que contribuem para o sofrimento e desenvolver estratégias de enfrentamento mais saudáveis. Em situações de risco, esse acompanhamento, muitas vezes em conjunto com outros profissionais da saúde, é essencial para a prevenção e para o cuidado integral”, explica.

Atendimento gratuito e a força da rede de apoio

A campanha Setembro Amarelo também busca mobilizar a sociedade para a importância de redes de apoio qualificadas, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece atendimento gratuito e sigiloso pelo telefone 188, 24 horas por dia.

“O Setembro Amarelo nos lembra que prevenir é um ato coletivo. É preciso acolher, escutar e fortalecer conexões, porque cada gesto de cuidado pode salvar vidas”, conclui a psicóloga.

sobre nós

Diretor de conteúdo – Eduardo Caliman

Jornalista formado pela Ufes (1995), com Master em Jornalismo para Editores pelo CEU/Universidade de Navarra – Espanha. Iniciou a carreira em A Tribuna e depois atuou por 21 anos em A Gazeta, como repórter, editor de Política, coordenador de Reportagens Especiais e editor-executivo. Foi também presidente do Diário Oficial, subsecretário de Comunicação do ES e, de 2018 a 2024, coordenador de comunicação institucional no sistema OAB-ES/CAAES.

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