Quatro irmãos do aposentado José Favorito, de 74 anos, transplantado em janeiro deste ano em Vitória, estiveram nesta quarta-feira (18) na sede da Guarda Civil Municipal da capital para agradecer pessoalmente aos agentes que ajudaram a salvar sua vida. A visita emocionada foi uma forma de reconhecimento pela atuação da equipe do Grupamento Tático Operacional (GTO), responsável pelo transporte urgente de um coração até o Aeroporto de Vitória, durante uma forte chuva e em meio ao trânsito intenso.
A operação aconteceu em janeiro, após a Central de Captação de Órgãos acionar três viaturas da GCMV para garantir que o órgão, retirado no Hospital São Lucas, no Forte São João, chegasse a tempo ao terminal aéreo no bairro República. A missão contou ainda com o apoio da Central Integrada de Monitoramento (Ciom), que orientava em tempo real o melhor trajeto.
“Era o segundo coração que meu irmão conseguia, mas no primeiro foi descoberta uma doença. Meu marido viu uma reportagem e descobriu tudo que a guarda fez, a dificuldade, para que o coração chegasse até meu irmão. Ele está super bem e é graças ao esforço de todos aqui também”, disse, emocionada, a irmã Elza Favorito De Marchi, que veio de São Paulo ao lado dos irmãos Tito, Fátima e Eugênio.
José ainda se recupera e, por isso, não pôde viajar. Mas participou do encontro por chamada de vídeo, se emocionando ao ver os irmãos e os guardas que ajudaram a transformar sua esperança em vida.
O grupo foi recebido por agentes do GTO de plantão, pelo coordenador da unidade, pelo gerente de operações de trânsito e por integrantes da Central de Monitoramento. Para os guardas, a gratidão da família foi uma retribuição valiosa.
“Essa situação marcou a mim e a todos do GTO. Mesmo estando acostumados com esse tipo de transporte, que exige precisão e velocidade, naquele dia lidamos com muitas variáveis contra nós. Saber que ele está bem e receber esse abraço nos traz um sentimento incrível de satisfação”, afirmou o coordenador do GTO, Charles De Marchi.
Curiosamente, foi justamente o sobrenome dele que levou Elza a entrar em contato com a corporação. “Eu e meus irmãos, inclusive o José, já estivemos várias vezes juntos aqui no Espírito Santo para fazer os Passos de Anchieta. Quando vi a reportagem do transporte do coração do meu irmão, o Charles estava dando a entrevista. Assisti várias vezes e me emocionei outras tantas. Ao perceber que tínhamos um sobrenome em comum, procurei ele nas redes sociais e mandei mensagem. Agora, estamos aqui conhecendo essas pessoas incríveis”, contou.
Missão contra o tempo e a chuva
Na ocasião, o trajeto de pouco mais de oito quilômetros foi percorrido em apenas quatro minutos e meio. A ambulância, escoltada pelos agentes com giroflex ligados e sirenes acionadas, precisou atravessar semáforos fechados, pontes e vias congestionadas em plena hora do rush, sob forte chuva.
No aeroporto, o coração foi entregue a uma equipe da Força Aérea Brasileira (FAB), que aguardava para transportar o órgão até São Paulo, onde o paciente transplantado o aguardava ansiosamente.
Missões como essa fazem parte da rotina do GTO, que atua em operações de trânsito, segurança viária, fiscalização de cargas, transporte escolar e em ações especiais como escoltas e deslocamento de autoridades.
“São operações que, planejadas ou não, os agentes do GTO estão preparados para realizar. Nosso treinamento é voltado para garantir segurança ao transporte e aos demais condutores no percurso”, explicou Charles, que também responde interinamente pela Gerência de Operações e Fiscalizações do Trânsito (Goft).
A comandante da Guarda de Vitória, Dayse Barbosa, destacou a importância da preparação da corporação para situações críticas. “É mais uma ação que mostra como a Guarda de Vitória está bem preparada para lidar com todas as nuances que a segurança viária e ostensiva apresenta no dia a dia”, pontuou.
A história do transplante do senhor José Favorito é, além de um exemplo de superação, um retrato da dedicação de profissionais que fazem a diferença — mesmo em meio à pressa, ao caos e à chuva.