No Dia do Administrador, celebrado nesta segunda-feira (9), especialistas reforçam que o sucesso na área vai muito além do domínio técnico. Em um mundo em constante transformação, a gestão humanizada tem se consolidado como competência essencial para o administrador moderno.
A prática de administrar existe desde o século XVIII, mas só foi regulamentada no Brasil em 1965, com a promulgação da Lei nº 4.769 — origem da data comemorativa. Desde então, o papel do administrador evoluiu e ganhou novas dimensões, exigindo do profissional não apenas conhecimento técnico, mas também habilidades emocionais e interpessoais.
De acordo com Juliene Fonseca, coordenadora dos cursos de Administração e Gestão da Estácio no Espírito Santo, as empresas já entenderam que os melhores resultados acontecem quando há equilíbrio entre performance e bem-estar. “A gestão humanizada desponta como pilar essencial. A inteligência emocional tornou-se tão indispensável quanto o conhecimento em finanças ou processos”, afirma.
A tendência se confirma em pesquisa global da One Mind at Work, realizada no fim de 2024 com mais de dois milhões de trabalhadores. O estudo mostrou que 67% dos líderes seniores estão comprometidos com a saúde mental de suas equipes e 74% das organizações já investem em treinamentos nessa área.
Para Juliene, liderar é mais do que delegar tarefas. “O gestor precisa cultivar empatia, escuta ativa e sensibilidade. Ignorar o aspecto humano é correr o risco de perder talentos e comprometer os resultados do negócio.”
O tema ganha ainda mais destaque diante de um episódio recente envolvendo o influenciador Hytalo Santos, preso em agosto sob acusações graves relacionadas a jovens sob sua liderança. Embora não seja administrador de profissão, o caso chamou atenção para os riscos de modelos de liderança marcados por manipulação e ausência de responsabilidade emocional.
“Quando não há atenção às pessoas, a desumanização do ambiente de trabalho pode afetar seriamente a saúde mental dos colaboradores”, alerta Rafael Valêncio, coordenador e professor de Psicologia da Estácio. “O líder pode tanto inspirar quanto adoecer sua equipe. Por isso, é preciso atuar com ética, equilíbrio e empatia.”
Valêncio destaca ainda que a inteligência emocional vai além do controle das próprias emoções — envolve também entender os impactos delas sobre os outros. “Gestores conscientes criam ambientes de segurança psicológica, onde há valorização e autonomia. Isso impulsiona o crescimento da empresa e das pessoas.”
Apesar dos avanços tecnológicos, os especialistas são unânimes: nenhuma tecnologia substitui a sensibilidade humana. “Plataformas e ferramentas otimizam processos, mas o cuidado com gente continuará sendo o que diferencia um bom administrador”, conclui Juliene.