Produtos importados como tênis, iPads e smartphones concentram as maiores cargas tributárias; itens nacionais e essenciais têm percentuais entre 31% e 47%
Comprar o presente de Dia das Crianças neste 12 de outubro vai exigir planejamento. De acordo com levantamento do advogado tributarista Samir Nemer, com base em dados do site Impostômetro, os tributos embutidos nos principais itens procurados para a data podem representar até 65% do valor final.
Os números mostram que o custo da diversão infantil vem acompanhado de uma alta carga tributária. Um tênis importado, por exemplo, carrega 65,71% de impostos, enquanto iPads e smartphones vindos de outros países têm 63,18% e 62,46%, respectivamente.
“Produtos importados acumulam o imposto de importação além de tributos como IPI, ICMS, PIS e Cofins. Com o dólar valorizado, o preço final desses itens cresce ainda mais. Optar por produtos da indústria nacional pode representar economia significativa para as famílias”, explica Nemer, mestre em Direito Tributário e sócio do escritório FurtadoNemer Advogados.
A diferença entre os produtos nacionais e importados é expressiva. Um tablet fabricado no Brasil tem carga tributária de 47,9%, enquanto um smartphone nacional paga 36,55% – quase a metade do cobrado sobre o produto estrangeiro.
Entre os brinquedos e artigos esportivos, os jogos de videogame concentram 58,46% de impostos; o PlayStation, 51,46%; mochilas, 41,2%; e bicicletas, 40,28%. Já itens como patinetes, carrinhos e bonecas ficam em torno de 39,5%.
Os produtos essenciais, por sua vez, apresentam tributação mais moderada e estão entre os preferidos das famílias. Roupas têm carga de 34,58%, tênis nacional, 36,02%, e chinelos, 31,09%.
Pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) confirma essa tendência: roupas e calçados lideram a intenção de compra (43%), seguidos por bonecas (36%) e jogos educativos (26%).
Esse comportamento também se reflete no Espírito Santo. De acordo com o Connect Fecomércio-ES, a expectativa é movimentar R$ 201,6 milhões neste Dia das Crianças — o maior volume desde 2008, segundo análise com base em dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC). O setor de vestuário e calçados deve responder por 32,6% das vendas, seguido por utilidades domésticas e eletroeletrônicos (23,4%) e perfumarias (20,9%).
Para Nemer, o movimento dos consumidores mostra uma busca por equilíbrio entre custo e necessidade.
“Produtos essenciais, como roupas e calçados, têm tributação menor, o que naturalmente influencia na decisão de compra das famílias”, avalia.
O advogado reforça ainda a importância de conhecer a composição dos preços.
“Quanto maior o percentual de impostos, mais caro fica o produto. A sociedade precisa ter clareza sobre o que paga e cobrar dos governantes o retorno adequado em serviços públicos”, conclui.
Principais presentes do Dia das Crianças e suas cargas tributárias:
Tênis importado – 65,71%
iPad importado – 63,18%
Smartphone importado – 62,46%
Jogos de videogame – 58,46%
PlayStation – 51,46%
iPad nacional – 47,90%
Skate e prancha de surfe – 46,38%
Piscina de plástico – 45,90%
Patins e bola de futebol – 44,46%
Mochila – 41,20%
Bicicleta – 40,28%
Computador/notebook – 40,15%
Patinete, carrinho, boneca e brinquedos – 39,52%
Boné – 36,98%
Ursos de pelúcia – 36,98%
Smartphone nacional – 36,55%
Violão – 36,50%
Tênis nacional – 36,02%
Teclado – 35,78%
Guitarra e bateria – 34,58%
Bermuda e camisa – 34,58%
Calça jeans – 34,10%
Chinelo – 31,09%
Ingressos para teatro e cinema – 27,10%
Hospedagem em hotel – 25,90%
Passagem aérea – 22,10%
Fonte: Levantamento do advogado tributarista Samir Nemer, com dados do Impostômetro.
