Um levantamento recente do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/UFMG) aponta que, em março de 2025, o Brasil contava com 335.151 pessoas vivendo em situação de rua, segundo dados do Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal. O número representa um aumento de 0,37% em relação a dezembro de 2024.
Em contrapartida, o Espírito Santo aparece entre os nove estados brasileiros onde houve queda na quantidade de registros de pessoas em situação de rua nas capitais, o que indica um possível avanço nos esforços locais de acolhimento e reintegração.
Apesar desse dado positivo, o cenário nacional segue alarmante. Em comparação com dezembro de 2013, quando 22,9 mil pessoas estavam nessa condição, o número atual é 14,6 vezes maior.
Segundo o relatório, a Região Sudeste concentra 63% da população em situação de rua do país — são 208.791 pessoas — e o Espírito Santo, mesmo fazendo parte dessa região, destoa positivamente ao registrar redução na capital.
Ainda de acordo com o CadÚnico, os dados mostram que:
– 88% das pessoas em situação de rua têm entre 18 e 59 anos;
– 9% são idosos;
– 3% são crianças e adolescentes;
– 84% são homens;
– 81% vivem com até R$ 109 por mês;
– 52% não concluíram o ensino fundamental ou são analfabetos.
O relatório também alerta para a gravidade da baixa escolaridade e seus impactos diretos na dificuldade de inserção no mercado de trabalho, sobretudo nos grandes centros urbanos.
Espírito Santo entre os poucos estados com queda
Entre as 27 unidades da federação, apenas nove estados registraram diminuição na quantidade de pessoas em situação de rua em suas capitais — e o Espírito Santo está entre eles, ao lado de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Acre, Maranhão, Goiás, Alagoas e Sergipe.
Outros 12 estados, no entanto, apresentaram aumento, incluindo Rio de Janeiro, Distrito Federal, Pernambuco, Rondônia e Santa Catarina.
A realidade da violência nas ruas
Entre 2020 e 2024, o Disque 100 registrou 46.865 casos de violência contra pessoas em situação de rua. Capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte concentram 50% das denúncias.
Os atos de violência ocorrem, em sua maioria, em vias públicas, mas também foram registradas agressões em espaços que deveriam proteger essa população, como abrigos, hospitais e instituições públicas.
Ações e desafios
O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) afirmou que vem reforçando a estrutura de atendimento, com investimento em centros de referência como os Centros POP, que oferecem alimentação, higiene, apoio jurídico e auxílio documental.
Apesar disso, o Observatório da UFMG faz um alerta duro: “O descumprimento da Constituição com as pessoas em situação de rua continua, com pouquíssimos avanços na garantia de direitos.”
Informações e Foto: ABr