O Brasil perdeu nesta sexta-feira um de seus maiores ícones da arte e do ativismo ambiental. Faleceu Sebastião Salgado, aos 80 anos, fotógrafo reconhecido mundialmente por seu olhar humanista e por seu incansável trabalho pela preservação do meio ambiente. Fundador do Instituto Terra, Salgado construiu uma trajetória que uniu a estética da imagem à urgência da transformação social e ecológica.
A morte foi confirmada em nota oficial divulgada pelo Instituto Terra, criado e presidido por ele ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado. Juntos, transformaram áreas devastadas em florestas renascidas, a partir de Aimorés (MG), sua cidade natal, na fronteira com o Espírito Santo.
Além de sua origem mineira, Sebastião Salgado tinha forte ligação com o Espírito Santo. Foi no estado que ele iniciou sua trajetória acadêmica, cursando Economia na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), antes de seguir para a pós-graduação em São Paulo e depois para uma carreira internacional brilhante. A conexão com a terra capixaba nunca se perdeu — foi a partir dela que ele também moldou sua consciência social e ambiental.
“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo”, destacou o Instituto Terra. “Semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade.”
Sua lente eternizou rostos e realidades muitas vezes invisíveis, em obras como Trabalhadores, Êxodos e Gênesis. Seus projetos fotográficos percorreram mais de 100 países e foram publicados nos principais veículos de imprensa do mundo, sempre com foco na dignidade humana e na força da natureza.
Mas sua contribuição não parou na imagem. Com Lélia, Salgado liderou o reflorestamento de mais de 600 hectares de Mata Atlântica, inspirando novas gerações com a prática concreta da recuperação ambiental.
A nota do Instituto também presta solidariedade à esposa Lélia, aos filhos Juliano e Rodrigo, aos netos Flávio e Nara, e a todos os familiares e amigos. “Seguiremos honrando seu legado, cultivando a terra, a justiça e a beleza que ele tanto acreditou ser possível restaurar.”