Controle eletrônico ampliará transparência e agilidade na identificação das fontes de poluição atmosférica
O controle da poluição atmosférica na Grande Vitória vai ganhar reforço tecnológico. No próximo dia 28 de outubro, o Governo do Estado deve assinar um acordo de cooperação com empresas para a implantação do monitoramento eletrônico da qualidade do ar, sistema que permitirá acompanhar, em tempo real, a presença de partículas e gases na atmosfera.
O anúncio foi feito durante reunião da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembleia Legislativa (foto abaixo), presidida pelo deputado Fabrício Gandini (PSD), que destacou a importância de modernizar o controle da poluição e garantir mais transparência à população.

De acordo com Vinícius Rocha Silva, coordenador de Qualidade do Ar e Áreas Contaminadas do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), o novo modelo representa um salto em precisão e agilidade nas medições.
“Hoje o acompanhamento é feito por duas redes: uma manual, que coleta poeira sedimentável por meio de baldes trocados mensalmente e analisados em laboratório, e outra automática, que monitora gases e partículas finas (PM10 e PM2,5) de forma contínua. O novo sistema vai automatizar também o monitoramento da poeira sedimentável, permitindo medições de hora em hora. É um ganho enorme para o controle ambiental”, explicou.
Os equipamentos serão instalados inicialmente em oito pontos estratégicos da Grande Vitória, definidos em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama). O investimento será custeado pelas empresas participantes do acordo, que farão a compra e o repasse dos aparelhos ao Iema, responsável pela operação.
“O acordo não gera custos diretos para o Estado. As empresas farão a aquisição dos equipamentos e o Iema fará a instalação e a operação. A coleta automática deve começar nos próximos meses, após a chegada e calibração dos equipamentos”, acrescentou Vinícius.
O plano prevê que, com a implantação completa, a rede passe de oito para 13 estações de monitoramento, cobrindo todas as regiões da Grande Vitória.
“Hoje o resultado da poeira só é conhecido ao final de cada mês. Com o sistema eletrônico, poderemos identificar variações de hora em hora e agir imediatamente. Se uma obra causar aumento de poeira, por exemplo, poderemos verificar no sistema e acionar o responsável no mesmo dia”, destacou o coordenador do Iema.
Durante a reunião, o presidente da ONG Juntos SOS ES Ambiental, Eraylton Moreschi, reforçou a necessidade de identificar com precisão as fontes de poluição.
“Não conseguimos fazer a gestão da qualidade do ar sem um diagnóstico completo. Precisamos conhecer o DNA do pó preto e elaborar inventários de fontes para identificar os responsáveis pela poluição”, afirmou Moreschi.
Autor do livro “O pó preto de cada dia, não nos dai hoje”, o ambientalista disponibiliza gratuitamente a obra pelo e-mail juntos@terra.com.br.
O deputado Fabrício Gandini elogiou a transparência das informações prestadas pelo Iema e defendeu que o novo sistema seja acompanhado de resultados concretos.
“A ONG SOS Ambiental apresentou dados relevantes sobre o aumento da poluição, mesmo após os Termos de Compromisso Ambiental (TCAs) firmados com as mineradoras Vale e ArcelorMittal. Agora, com o monitoramento eletrônico e o DNA do pó preto, teremos condições reais de identificar as fontes e agir de forma mais eficaz”, afirmou.
Para o parlamentar, os novos instrumentos — o monitoramento eletrônico, o inventário de fontes e o estudo do DNA do pó preto — serão decisivos para dar precisão e agilidade às ações ambientais.
“Precisamos descobrir de onde vem a poluição para agir com justiça e eficiência. Os TCAs foram um avanço importante, mas ainda há muito a fazer. Com o novo sistema, teremos dados em tempo real e o cidadão poderá acompanhar, na palma da mão, a qualidade do ar que respira”, reforçou Gandini.
A Comissão de Meio Ambiente da Ales deve realizar uma audiência pública para aprofundar o debate sobre o tema, em data a ser definida.
Atualmente, o Iema opera oito estações de monitoramento da qualidade do ar, localizadas em Laranjeiras, Jardim Camburi, Enseada do Suá (três pontos), ArcelorMittal Carapina, ArcelorMittal Continental, Vitória-Centro (Ministério da Fazenda), Vila Capixaba (Ceasa) e Ibes (Vila Velha). Com os novos equipamentos, a rede passará a ter 13 estações, garantindo cobertura mais ampla e respostas mais rápidas às demandas da população.
