O etarismo é a forma de preconceito ou discriminação baseada na idade, e afeta particularmente a população idosa. Essa prática, muitas vezes invisibilizada socialmente, compromete não apenas a dignidade das pessoas idosas, mas também sua participação ativa em diversas esferas da vida, como o mercado de trabalho, os espaços de convivência e o acesso a serviços essenciais. O presente artigo tem como objetivo refletir sobre os impactos do etarismo na vida profissional e social das pessoas idosas, bem como apontar caminhos para o seu enfrentamento.
Um dos reflexos mais evidentes do etarismo é a dificuldade enfrentada por pessoas idosas na obtenção e manutenção de empregos. A falsa percepção de que profissionais mais velhos são menos produtivos ou têm defasagem em habilidades tecnológicas ainda prevalece em muitos ambientes corporativos, resultando em exclusões, demissões ou limitações no acesso a oportunidades de promoção.
A ideia equivocada de que a produtividade diminui com a idade leva muitos empregadores a subestimarem a capacidade de contribuição dos idosos. Essa visão estigmatizante desconsidera a experiência, o conhecimento acumulado e a estabilidade emocional que esses profissionais podem oferecer.
Muitos programas de treinamento e desenvolvimento profissional são direcionados majoritariamente aos jovens, deixando de contemplar os trabalhadores idosos. Tal exclusão reforça a marginalização desses indivíduos e dificulta sua adaptação às novas demandas do mercado de trabalho.
A discriminação etária também se manifesta nas relações interpessoais, contribuindo para o isolamento de idosos. Sentir-se invisível ou desvalorizado pela sociedade pode levar à exclusão de atividades culturais, sociais e comunitárias, afetando diretamente a saúde mental e o bem-estar dessa população.
O etarismo extrapola o ambiente profissional e está presente em lares, famílias, instituições públicas e espaços sociais diversos. Pessoas idosasfrequentemente enfrentam atitudes paternalistas ou desrespeitosas, sendo retratados como incapazes ou ultrapassados, o que contribui para uma visão distorcida de sua relevância e autonomia.
A construção de uma cultura de respeito e valorização da velhice passa, necessariamente, pela educação e pela conscientização coletiva. Campanhas públicas, atividades educativas e espaços de debate podem desconstruir estereótipos e promover uma imagem positiva do envelhecimento.
É imprescindível que empresas e instituições adotem políticas voltadas à diversidade etária, incentivando a contratação e retenção de profissionais idosos. Tais políticas devem incluir treinamentos contínuos, adaptações de funções e a promoção de ambientes inclusivos e colaborativos.
O incentivo ao envelhecimento ativo, com acesso à educação continuada, práticas esportivas, cultura e tecnologia, fortalece a autonomia e a participação social das pessoas idosas, contribuindo para a sua valorização na sociedade.
A criação e o fortalecimento de legislações que proíbam a discriminação etária são essenciais para assegurar os direitos das pessoas idosas. Tais normas devem prever sanções a práticas discriminatórias e garantir a equidade de tratamento nos diversos setores da sociedade.
O combate ao etarismo demanda um esforço conjunto da sociedade, das instituições e do poder público. É necessário desconstruir preconceitos enraizados e reconhecer que o envelhecimento é uma etapa natural da vida, repleta de potenciais e contribuições valiosas. Promover a inclusão, o respeito e a dignidade das pessoas idosas é um compromisso ético e social que deve orientar todas as esferas da convivência humana.
*Juliana Pimentel Miranda dos Santos é advogada especialista em Direito Previdenciário