Na próxima segunda-feira (3), mais de 18 milhões de estudantes de escolas públicas e privadas de todo o país participam da primeira fase da 20ª edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Promovida pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), a OBMEP é hoje a maior competição científica do Brasil, reunindo alunos do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio.
Mais do que uma disputa por medalhas, a olimpíada se tornou um verdadeiro trampolim para jovens talentos, especialmente da rede pública. Um exemplo é a capixaba Ester Firmino Alves, de 13 anos. Medalhista de ouro nas duas últimas edições, Ester viu sua trajetória mudar por completo após o bom desempenho na prova. Ela conquistou uma bolsa integral em uma escola particular e foi aprovada no processo seletivo do Instituto Ponte, ONG que promove a ascensão social por meio da educação.
“O que aconteceu de mais relevante após a medalha foi meu ingresso no Instituto Ponte. Além disso, consegui uma bolsa 100% em uma escola particular e pude participar do PIC, com bolsa em dinheiro, o que me ajudou a comprar um tablet para estudar melhor”, conta Ester, que também foi convidada para a cerimônia nacional de premiação e já se prepara para vivenciar novamente a experiência.
Ela começou a se preparar com vídeos sobre técnicas de estudo e muitas provas antigas. “A primeira fase não é difícil se a gente estuda com constância. O mais complicado é que só os 5% melhores de cada escola passam para a próxima etapa, então é importante estar bem preparado”, orienta.
Estudar com propósito e raciocínio
Para os estudantes que farão a OBMEP pela primeira vez, o coordenador pedagógico do Instituto Ponte, Mateus Velten, recomenda uma preparação focada no entendimento, e não na decoreba. “Não adianta decorar fórmulas. É preciso desenvolver raciocínio lógico e criatividade. A prova valoriza quem pensa diferente, quem entende o problema e encontra soluções possíveis”, afirma.
Velten destaca ainda que o bom desempenho na olimpíada pode abrir diversas portas. Alunos premiados têm acesso ao PIC – Programa de Iniciação Científica Júnior –, com bolsas do CNPq, além de aumentarem suas chances em processos seletivos de escolas técnicas, universidades federais e programas educacionais, como o próprio Instituto Ponte.
Mais que números, um caminho de transformação
A OBMEP é dividida em duas fases: a primeira, com 20 questões objetivas, e a segunda, marcada para 25 de outubro, com prova discursiva composta por seis questões. Os vencedores serão anunciados em 22 de dezembro e os medalhistas podem ser convidados para a cerimônia nacional.
Mais do que preparar os alunos para carreiras nas ciências exatas, Velten reforça que estudar matemática traz ganhos que extrapolam a sala de aula. “Melhora a argumentação, ajuda na organização financeira, fortalece o foco e o pensamento lógico. Mesmo quem não vai seguir na área aprende a resolver problemas, algo útil em qualquer profissão.”
Sobre o Instituto Ponte
Fundado em 2014, o Instituto Ponte tem como missão transformar vidas por meio da educação. A ONG capixaba seleciona jovens talentos da rede pública com bom desempenho escolar, frequência elevada e renda familiar de até 1,5 salário mínimo per capita. Os alunos passam a receber formação integral, com suporte acadêmico, emocional e profissional, além de bolsas de estudo, cursos de idiomas e mentoria até o fim do Ensino Superior.
Atualmente, a ONG atende 360 estudantes de 12 estados brasileiros e tem a meta de alcançar 650 até 2029. Reconhecida seis vezes entre as 100 melhores ONGs do Brasil, a instituição é mantida por doações e parcerias, mostrando que educação de qualidade pode, sim, romper ciclos de pobreza e abrir novas possibilidades para a juventude.