Em uma manhã de fé, tradição e beleza, embarcações de diferentes tamanhos e modelos tomaram a baía de Vitória neste domingo (29) para celebrar São Pedro, padroeiro dos pescadores. A tradicional procissão marítima, realizada há quase um século, marcou o encerramento dos três dias de festejos em honra ao santo.
A imagem de São Pedro foi conduzida por barcos até a altura da Ilha do Príncipe e retornou à Praça do Papa, encerrando o trajeto no píer da Praia do Suá, onde está localizada a colônia de pescadores da região. O momento simbólico reuniu fiéis de diversas partes da Grande Vitória, além de moradores da capital.
O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, participou do cortejo religioso ao lado da esposa, Paula Pazolini, e destacou a importância da celebração.
— Isso é como a vida dos pescadores contada com arte, cultura, história e a gastronomia do Espírito Santo. Nosso principal produto da culinária vem do mar. Os pescadores têm um papel primordial na nossa história. Esse momento de união com os pescadores, com os turistas, com os visitantes, com os quatro milhões de capixabas, mostra a força do nosso Estado. Também renovamos nossa fé. Foi uma procissão abençoada — declarou.
A celebração reuniu pessoas de diferentes idades e municípios. A aposentada Maria Aparecida Diniz, moradora de Vila Velha, participou acompanhada da mãe e do filho.
— Venho para essa manifestação de fé e alegria porque me traz uma sensação de paz e renova os sentimentos bons do coração. É emocionante — contou.
A costureira Odair Zonta, de Campo Grande, em Cariacica, participou pela primeira vez e se emocionou com o que viu.
— É a primeira vez que venho. Estou encantada. Os barcos se vão e a nossa oração vai junto — descreveu.
Já os irmãos Rafael e Lívia Andrade, recém-chegados à capital, também estrearam na procissão.
— Minha mãe ficou sabendo por amigos e nos trouxe. Minha irmã tem 8 anos e está encantada com os barcos — contou Rafael.
Barco da Educação
Entre os destaques da procissão, um barco chamou a atenção pela decoração especial: os enfeites eram “barquinhos de afeto”, feitos por alunos do Cmei Dom João da Motta, da Praia do Suá. A iniciativa surgiu após visitas dos estudantes à colônia de pescadores, quando conheceram de perto a história e o cotidiano da comunidade. A confecção dos barquinhos foi orientada durante as aulas de arte.
Celebrações na paróquia
As homenagens começaram cedo, com a celebração de uma missa na Paróquia de São Pedro, na Enseada do Suá. Ao redor da igreja, barracas montadas pela comunidade garantiram o clima de festa.
Dona Eliane Almeida, mais conhecida como Lilica, é uma das voluntárias mais antigas.
— Ajudo há 20 anos. Moro em Guarapari hoje, mas continuo participando. Faço com amor. Jesus, Maria e São Pedro são o nosso norte na vida. É lindo ver a festa bombando — contou.
Outra voluntária histórica é Maria Heloísa dos Santos, que dedicou 35 anos à paróquia.
— Já participei de todos os movimentos da igreja. Agora, cozinho polenta e ajudo na festa para fortalecer a comunidade — disse.
Ao fim da missa, fiéis seguiram em cortejo com a imagem do santo até o píer, onde acessaram os barcos. Párocos da igreja realizaram a tradicional bênção dos anzóis, um gesto simbólico para que o mar traga fartura e prosperidade aos pescadores.
Morador de Bento Ferreira, Dervian de Magalhães participou a pé da procissão.
— Faço esse caminho como forma de agradecimento e para pedir prosperidade. Sei o quanto essa festa representa para a história da cidade e da nossa comunidade — afirmou.
A Festa de São Pedro é celebrada oficialmente em 29 de junho e segue como uma das manifestações religiosas mais emblemáticas do calendário capixaba.
Informações e fotos: PMV