TCE-ES revela falhas graves na proteção de crianças vítimas de violência no ES

Relatório cobra ações urgentes para evitar a revitimização de crianças e adolescentes

Crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência no Espírito Santo correm alto risco de revitimização ao serem atendidos pelos órgãos que integram o Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA). A constatação é de um levantamento realizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-ES), que apontou sérias deficiências na eficácia e segurança do sistema de proteção, além da necessidade urgente de ações estruturantes.

O relatório, aprovado pelo Plenário da Corte de Contas na sessão virtual do último dia 3, teve como relator o conselheiro Rodrigo Chamoun. A fiscalização avaliou as políticas públicas e ações executadas entre 2023 e 2024 por órgãos estaduais: o Poder Executivo, o Ministério Público, a Defensoria Pública e o Tribunal de Justiça.

Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), somente em 2023 foram registrados 4.502 boletins de ocorrência envolvendo crimes contra crianças e adolescentes. De janeiro a agosto de 2024, já foram contabilizados 2.806 casos, entre eles ameaças, maus-tratos, estupro e lesões corporais.

O levantamento foi estruturado em quatro dimensões: Governança, Prevenção, Repressão e acolhimento e Dados e estatísticas, abrangendo desde a articulação entre os entes até o uso de informações para formulação de políticas públicas.

Principais fragilidades identificadas:

1 – Falta de integração entre os órgãos do SGDCA: cada instituição atua de forma isolada, sem protocolos comuns ou troca de informações.

2 – Ausência de um Plano Estadual de Prevenção e Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes: falta de estratégia e articulação prejudica a eficácia das ações.

3 – Déficit na capacitação dos profissionais da rede de proteção: ausência de uma matriz intersetorial de formação contínua compromete o acolhimento adequado das vítimas.

4 – Baixa execução orçamentária: em 2024, apenas 17% da dotação prevista para fortalecimento do SGDCA foi efetivamente utilizada.

5 – Falta de prioridade para a primeira infância: não há protocolos específicos para garantir atenção prioritária a crianças de 0 a 6 anos vítimas de violência.

6 – Inexistência de Centros de Atendimento Integrado: a ausência de estruturas com atendimento multidisciplinar agrava o sofrimento das vítimas e pode gerar revitimização.

7 – Carência de escuta especializada: o procedimento é realizado apenas por uma delegacia especializada; o depoimento especial sequer é feito pela Polícia Civil.

8 – Falta de interoperabilidade entre os sistemas de informação: ausência de integração entre os bancos de dados compromete o acompanhamento dos casos.

Segundo a área técnica do TCE-ES, a situação expõe as crianças e adolescentes a um cenário de vulnerabilidade e compromete a efetividade das garantias constitucionais.

“É essencial fortalecer a governança do sistema, definir fluxos de atendimento, investir em capacitação e garantir recursos orçamentários adequados para assegurar a proteção integral dessas vítimas”, destaca o relatório.

A ação integra um levantamento nacional conduzido em parceria com outros 19 Tribunais de Contas estaduais, sob coordenação da Atricon, com foco especial na articulação intersetorial e na atenção à primeira infância.

Ao final, o Tribunal encaminhou o relatório à Secretaria-Geral de Controle Externo para planejamento de novas ações de fiscalização.

Alinhamento com os ODS

O trabalho está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes, mas também se relaciona com os ODS 3 (Saúde), 4 (Educação), 5 (Igualdade de Gênero), 8 (Trabalho Decente) e 11 (Cidades Sustentáveis).

O TCE-ES atua de forma estratégica para promover os ODS da ONU, incentivando políticas públicas sustentáveis e eficientes, por meio de fiscalizações, capacitações e acompanhamento de investimentos que impactam diretamente a qualidade de vida da população capixaba.

[Clique aqui para acessar o relatório completo]

Informações e foto: TCES

sobre nós

Diretor de conteúdo – Eduardo Caliman

Jornalista formado pela Ufes (1995), com Master em Jornalismo para Editores pelo CEU/Universidade de Navarra – Espanha. Iniciou a carreira em A Tribuna e depois atuou por 21 anos em A Gazeta, como repórter, editor de Política, coordenador de Reportagens Especiais e editor-executivo. Foi também presidente do Diário Oficial, subsecretário de Comunicação do ES e, de 2018 a 2024, coordenador de comunicação institucional no sistema OAB-ES/CAAES.

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