Famílias menores e menos influentes deram lugar ao avanço do Estado, que assumiu funções sociais antes reservadas ao núcleo familiar tradicional. Escrevi, há algumas semanas, artigos sobre o individualismo nas sociedades atuais. Falei sobre a redução do tamanho das famílias e das consequências disso no mundo em que vivemos, já que no chamado velho regime viviam às vezes dezenas de pessoas sob o mesmo teto. As famílias foram diminuindo, sobretudo a partir do século XX, até chegarem ao formato atual de um ou dois filhos, na maioria dos lares. A tendência é serem cada vez menores, até mesmo em países como o Brasil, reduzindo-se inclusive nas formações familiares entre as camadas menos favorecidas. Nossos censos populacionais mais recentes mostram claramente isso. Esse longo processo de redução do tamanho numérico das famílias foi acompanhado pela queda de sua importância na socialização, educação e colocação dos filhos no mundo. Também diminuiu seu poder de influência nas inserções na sociedade através do trabalho, afinal, antes do processo de massificação da alfabetização, eram as famílias que transmitiam entre si os saberes e fazeres instituídos. Muitos filhos tinham a ocupação do pai, em um sistema hierarquizado e inflexível. Mas, felizmente, essa realidade mudou. Hoje não se resolve a vida só pelo sangue que corre nas veias, pela tradição e suas heranças simbólicas. As coisas ficaram mais complexas. A sociedade produziu novas significações imaginárias sociais e passou a afastar-se do modelo patriarcal tradicional, criando novos núcleos familiares e ressignificando o próprio conceito de família. Por outro lado, elas passaram a dividir com instituições estatais a responsabilidade sobre o futuro das novas gerações, o que inclui a educação, o cuidado com a saúde e a proteção social. Assim, as famílias também passaram a compartilhar seu papel com outras instituições, como a escola, os hospitais e os lares para idosos, para citar alguns exemplos. A tendência nas sociedades mais avançadas, em termos de distribuição de benefícios, é que esses se tornem mais igualitários. Em outro texto, falei da experiência radical do individualismo na Suécia, onde a proteção do direito de ser independente, em qualquer relação amorosa, levou o Estado a criar mecanismos que garantem a redução ainda maior da importância das famílias. Um exemplo claro disso é que a inseminação artificial quase anônima é garantida por políticas públicas. Sem a figura física do pai, temos um núcleo familiar formado pelas mães e seus filhos. É importante ressaltar que não se trata, nem de longe, das famílias dirigidas por mulheres no Brasil, mas sim do enfraquecimento simbólico da família na sustentação das novas gerações — fenômeno agravado pelo incentivo do Estado sueco ao afastamento dos filhos de seus núcleos familiares. Segundo Tony Judt, o planejamento da sociedade pelo Estado tornou-se prática recorrente no pós-guerra, aproximando socialistas e liberais na defesa de políticas públicas robustas. Esses Estados, sobretudo na Europa Ocidental, não buscavam revolucionar as relações sociais nem instaurar regimes socialistas ou totalitários; ao contrário, pretendiam preservar a ordem existente, utilizando o controle das altas esferas da economia para garantir estabilidade. Nesse contexto, medidas como a taxação progressiva de renda e o fortalecimento da meritocracia — com ampliação do acesso à educação e incentivos à mobilidade social — tornaram-se centrais para promover maior equidade e bem-estar. O objetivo era suprir as falhas do mercado e produzir resultados que este, por si só, não alcançaria. Com o tempo, especialmente uma ou duas gerações após o fim da guerra, consolidou-se a percepção de que a regulação econômica em múltiplos níveis era não apenas viável, mas desejável para sustentar o pacto social emergente. Ao analisarmos a radicalidade do modelo sueco, marcado por intensa intervenção estatal na formação do individualismo, deparamo-nos com a força da ideia central do pós-guerra: fortalecer o Estado para, durante o conflito, proteger a sociedade e, no período subsequente, reconstruí-la. Esse paradigma ampliou progressivamente o alcance da intervenção estatal, que passou a ocupar espaços antes reservados às redes sociais e familiares na configuração das individualidades. O resultado foi a redução do protagonismo da sociedade civil na construção de valores e identidades, deslocando-o para políticas e estruturas estatais cada vez mais abrangentes. Em síntese, a trajetória histórica analisada revela como o Estado, outrora visto como intruso no âmbito familiar, assumiu papel central na configuração das individualidades e na provisão de bem-estar social, especialmente nos modelos europeus do pós-guerra. A experiência sueca ilustra o extremo dessa lógica: a intervenção estatal não apenas substituiu as redes tradicionais de sociabilidade, mas também moldou novas concepções de família, cada vez menores e mais autônomas. *João Gualberto Vasconcellos é mestre e professor emérito da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Doutor em Sociologia pela Escola de Altos Estudos em Ciência Política de Paris, na França, Pós-doutorado em Gestão e Cultura. Foi secretário de Cultura no Espírito Santo entre 2015 e 2018. *A opinião do articulista é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a posição do portal News Espírito Santo
Vitória abre processo seletivo para profissionais da área da saúde
A Prefeitura de Vitória publicou, nesta sexta-feira (8), no Diário Oficial do Município, o Edital nº 014/2025 para contratação temporária de profissionais da área da saúde. O objetivo é suprir, com urgência, demandas da Secretaria Municipal de Saúde (Semus). As oportunidades são para arteterapeutas, fonoaudiólogos, musicoterapeutas e terapeutas ocupacionais. Em cada função, há uma vaga imediata e formação de cadastro de reserva. As inscrições serão feitas exclusivamente pela internet, entre os dias 13 e 22 de agosto, na Página de Seleção da PMV. O prazo abre às 10h e encerra às 23h59, no horário de Brasília. Salário e carga horária A remuneração é de R$ 3.082,14 mensais, mais gratificações, para uma jornada de 30 horas semanais. Requisitos para cada cargo Arteterapeuta – Graduação em Artes Plásticas com especialização em Arteterapia e experiência mínima de 12 meses. Fonoaudiólogo – Graduação em Fonoaudiologia, registro no Conselho de Classe e experiência mínima de 12 meses. Musicoterapeuta – Graduação em Musicoterapia e experiência mínima de 12 meses. Terapeuta Ocupacional – Graduação em Terapia Ocupacional, registro no Conselho de Classe e experiência mínima de 12 meses. Como será a seleção O processo seletivo terá duas etapas: Inscrição online, com preenchimento da ficha e envio das informações sobre experiência e qualificação. Comprovação documental, com apresentação dos certificados e registros declarados. A pontuação máxima é de 100 pontos, sendo até 60 por tempo de experiência e até 40 por qualificação profissional, como cursos, especializações e títulos acadêmicos. O edital prevê cotas: 5% das vagas para pessoas com deficiência e 30% para candidatos autodeclarados negros ou indígenas, conforme decretos municipais. Nesses casos, haverá avaliação médica (PCDs) ou análise da autodeclaração (negros/indígenas). Contrato temporário A contratação será temporária, regida pela Lei Municipal nº 7.534/2008, com validade de 12 meses, podendo ser prorrogada. A aprovação no processo não garante contratação imediata — as convocações ocorrerão conforme a necessidade do município. Foto: PMV
Pais e filhos que compartilham a mesma jornada: histórias de união dentro da Suzano
No Dia dos Pais, a companhia celebra laços familiares que também se fortalecem no trabalho Na Suzano — maior produtora mundial de celulose e referência global em bioprodutos desenvolvidos a partir do eucalipto — o vínculo entre pais e filhos vai muito além do convívio familiar. Em algumas histórias, o ambiente de trabalho também se torna parte do legado, unindo gerações que compartilham valores, orgulho e o compromisso de “plantar o futuro todos os dias”. Neste Dia dos Pais, a unidade de Aracruz apresenta histórias que mostram como a jornada profissional pode ser mais um elo entre pais e filhos. O exemplo de Helder pai e Helder filho Supervisor de Manutenção há cinco anos, Helder Del Caro viu com satisfação o filho, Helder Del Caro Filho, seguir o mesmo caminho na companhia. Hoje Mecânico de Manutenção, o jovem já havia tido experiência como jovem aprendiz na Suzano. “Foi uma alegria enorme saber que ele viria trabalhar aqui. Ele viu o quanto a empresa oferece oportunidades para quem se dedica”, diz o pai. O filho confirma que a inspiração veio de casa: “Meu pai foi um exemplo. A qualidade de vida e o ambiente de trabalho da Suzano me motivaram a buscar uma carreira aqui. Temos uma relação totalmente profissional na unidade, mas a proximidade nos conforta”. Para Helder pai, respeito e dedicação são os maiores legados: “Na Suzano, independente do cargo, todos merecem tratamento igualitário. Com dedicação, as conquistas virão”. Família Costa: um elo que envolve pai, mãe e filha Na família Costa, a relação com a Suzano é de longa data. Alvimar Costa, Analista Químico, começou como office boy e construiu uma carreira sólida. Sua filha, Thainá Boecker Costa, entrou como Analista Pleno em 2020 e hoje é Consultora de Logística. A mãe, Cidneia Boecker Costa, também já trabalhou na companhia e atualmente é colaboradora terceirizada. “As conversas em casa sempre envolveram a fábrica, os desafios e as conquistas. Isso me fez entender a importância da Suzano para nossa vida e para a comunidade”, diz Thainá, que se inspirou na mãe para seguir na área de exportação, mas reconhece o papel fundamental do pai no seu desenvolvimento. Ainda sem filhos, ela já serve de inspiração para a enteada: “Durante quatro anos ela me acompanhou no home office e já disse que quer fazer o que eu faço quando crescer. Quero continuar inspirando as próximas gerações a admirarem essa empresa que tanto admiro”. O pacto dos Caliari Com 30 anos de carreira na companhia, Márcio Caliari, Gerente de Meio Ambiente Industrial, recebeu o filho Gabriel como estagiário na área de Recuperação e Utilidades. Pai e filho firmaram um pacto: dentro da empresa, foco, respeito e ética; fora dela, a relação familiar. “Meu filho cresceu vendo as amizades, valores e conquistas que a Suzano me proporcionou. Isso despertou nele o interesse de fazer parte dessa história”, conta Márcio. Gabriel confirma: “Trabalhar onde meu pai construiu sua trajetória é uma honra e uma responsabilidade. Aqui quero construir minha carreira e, no futuro, deixar esse legado para meus próprios filhos”. Parentalidade como valor O cuidado com as famílias também está presente nas políticas da Suzano. O Programa de Parentalidade oferece suporte e acolhimento em todas as fases da gestação e do retorno ao trabalho, ampliando direitos como a licença-paternidade, que passa de cinco para até 20 dias, e concedendo auxílio para filhos com deficiência. A iniciativa inclui ainda a entrega da caixa “Celebrando a notícia” a futuros pais, com brindes e uma cartilha informativa sobre direitos, saúde e dicas para conciliar vida familiar e trabalho. Segundo Joyce Rocha, gerente de Gente e Gestão da unidade de Aracruz, “na Suzano temos o direcionador que diz: ‘só é bom para nós se for bom para o mundo’. Isso inclui humanizar processos e acolher nosso time, para que cada colaborador se sinta apoiado na chegada de um filho ou filha”.
Bruno Caliman grava novo projeto audiovisual em Vitória com casa cheia e convidados especiais
Casa cheia, plateia animada e um repertório repleto de sucessos marcaram a gravação do novo projeto audiovisual do cantor e compositor Bruno Caliman, na noite desta quarta-feira (6), no Teatro do Sesi, em Vitória. Ao lado de uma banda impecável, Caliman desfilou sucessos de sua autoria. Indicado ao Grammy Latino na categoria de Melhor Canção em Língua Portuguesa com a música “Chico”, interpretada por Luísa Sonza, ele mostrou no palco porque é um dos compositores mais gravados do país — assinando hits como “Camaro Amarelo” e “Domingo de Manhã”. Durante a apresentação, Bruno interagiu com o público o tempo todo e demonstrou entusiasmo por gravar o novo trabalho no Espírito Santo, estado onde escolheu morar. Os cantores Paulo Ricardo, Tato (vocalista do Falamansa), Raffa Torres e Landau foram os convidados especiais que participaram da gravação. Com Paulo Ricardo, Bruno apresentou uma versão acústica da canção “Não Tenha Medo”, composta em Vila Velha e que chegou ao topo das paradas das rádios de pop rock nacional no primeiro semestre deste ano. Outro destaque do repertório foi a releitura de “Cobaia”, sucesso na voz de Lauana Prado, que ganhou uma nova roupagem, cheia de estilo e personalidade, e arrancou aplausos do público, que cantou a letra com entusiasmo. A gravação também atraiu artistas, formadores de opinião e familiares. Estiveram presentes nomes como André Prando, Sandrera, Jura Fernandes e o jornalista e crítico musical da Billboard Brasil Sérgio Martins. A previsão é que o novo trabalho audiovisual de Bruno Caliman seja lançado até o final deste ano.
Etnoempreendedorismo mantém viva a tradição indígena e gera novas oportunidades no norte do ES
O Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9 de agosto e instituído pela Unesco, é uma oportunidade para reconhecer e valorizar a história, a cultura e as tradições dos povos originários. A data também serve como alerta para a importância da defesa de seus direitos e da promoção de sua inclusão na sociedade. No Espírito Santo, segundo estudo divulgado no início deste ano pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), há 16 localidades indígenas, sendo que 13 delas (81,2%) estão situadas em Terras Indígenas oficialmente demarcadas. Ao todo, a população indígena no estado é de 14.410 pessoas — 0,4% da população capixaba — com predominância feminina (51,1%). Aracruz concentra mais da metade dessa população: 7.425 indígenas (51,5%), distribuídos em 13 aldeias. Para manter viva a tradição ancestral e, ao mesmo tempo, gerar renda e autonomia, muitas comunidades vêm apostando no etnoempreendedorismo — modalidade de empreendedorismo desenvolvida por grupos étnicos e comunidades tradicionais, que une valorização cultural e oportunidades econômicas. Um exemplo é a Aldeia Boa Esperança, do povo Guarani, localizada no distrito de Santa Cruz, em Aracruz. Lá, além de preservar e compartilhar saberes tradicionais, a comunidade investe no turismo de experiência. Visitantes podem conhecer a história e a cultura local, participar de atividades típicas, degustar um almoço tradicional e adquirir artesanato, que hoje é a principal fonte de renda da etnia. “Hoje, com a visibilidade que os povos indígenas vêm ganhando, estamos conseguindo vender mais o nosso artesanato. Mais do que uma ajuda, o empreendedorismo indígena incentiva a produção e garante que as pessoas possam viver de sua arte sem precisar deixar a aldeia, especialmente as mulheres, que enfrentam mais dificuldades para conseguir trabalho fora por causa da maternidade”, afirma Ará Martins, representante Guarani. O Sebrae/ES, em parceria com a Prefeitura de Aracruz, atua para fortalecer essas iniciativas por meio da Sala do Empreendedor, oferecendo palestras e capacitações. “Recentemente realizamos uma palestra sobre empreendedorismo feminino para mulheres indígenas e o evento Empodera Mais, que no ano passado ocorreu na aldeia Caieiras Velha, como forma de valorizar a cultura desses povos e ampliar o conhecimento sobre sua história”, destaca Roberta Vieira Stoco, analista técnica do Sebrae/ES em Aracruz. O tema também esteve presente na última edição do ESX – Innovation Experience Espírito Santo, realizada em julho, que promoveu a palestra “Empreendedorismo e povos originários: saberes ancestrais, negócios do futuro”. O debate contou com a participação da cacica Marcela Tupiniquim, da aldeia Pau Brasil, e de Ará Martins, ambas de Aracruz. Ará, que coordena o projeto Nhãdeva Ekuéry, criado por ela aos 15 anos para difundir a cultura indígena além das aldeias, reforça a importância de ter um espaço de fala em eventos como o ESX, que reuniu mais de 20 mil visitantes. “Foi muito importante poder mostrar um pouco da nossa história e de como tudo funciona. Mesmo com mais visibilidade, ainda é difícil conquistar respeito. É do conhecimento que nasce o respeito.” O apoio a comunidades como essa integra o Programa Plural, lançado em 2024 pelo Sebrae/ES para promover diversidade e inclusão no empreendedorismo, com foco em grupos historicamente minorizados, como mulheres, pessoas negras, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, idosos e a comunidade LGBTQIAP+. A iniciativa busca ampliar oportunidades, estimular o empreendedorismo transformador e valorizar a pluralidade cultural do Espírito Santo. Foto: ABr
Empreendimento nas montanhas do ES prepara mudança para categoria resort
O Hotel Fazenda China Park, localizado em Domingos Martins, anunciou que passará a se chamar China Park Eco Resort e pretende se consolidar como o primeiro resort do Espírito Santo. Segundo o presidente do empreendimento, Valdeir Nunes, a mudança de posicionamento tem o objetivo de ampliar a atuação para além do público regional e atrair visitantes de todo o país. Atualmente, cerca de 60% dos clientes são capixabas e 32% a 35% vêm de estados vizinhos, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. O público que chega de avião ao estado para turismo de lazer é reduzido, e nas montanhas representa menos de 1%. O China Park conta com 250 unidades de hospedagem entre apartamentos e chalés, que comportam de quatro a seis pessoas cada. Desde 2015, o local passou por ampliações e reformas, incluindo novos espaços para crianças, restaurante com capacidade para até 700 pessoas, nova recepção, academia, construção de SPA, salão de beleza e passarelas de acesso. Um segundo restaurante e um salão para música estão em obras. O conceito de “Eco Resort” será implementado com ações como uso de energia renovável certificada, instalação de usina fotovoltaica para suprir até 70% da demanda energética e preservação de áreas verdes e lagos da propriedade, que tem 1,5 milhão de m² no total. A inauguração oficial da nova fase está prevista para o fim de outubro, após a conclusão do novo restaurante. O resort pretende também oferecer passeios pela região, incluindo visitas a propriedades de agroturismo, cervejarias e produtores de morango, queijo e café. A iniciativa conta com parcerias com o Conselho Estadual de Turismo (Contures), Sebrae, Fecomércio e a Secretaria Estadual de Turismo, além de aproximação com operadoras e companhias aéreas para inclusão do destino em pacotes nacionais. O China Park Eco Resort participará de feiras do setor, como o Festuris Gramado 2025. Mais informações estão disponíveis no site www.hotelfazendachinapark.com.br ou pelos telefones (27) 3441-9770 e (27) 97601-4288.
Dia dos Pais: autocuidado e tratamentos estéticos entram na rotina masculina
O Dia dos Pais, celebrado em 10 de agosto, reforça uma tendência em crescimento: o aumento da procura masculina por produtos e tratamentos estéticos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o Brasil ocupa a quarta posição mundial no consumo de produtos de beleza e lidera o lançamento de soluções voltadas ao público masculino. Além do uso de cosméticos específicos, cresce também a busca por procedimentos tecnológicos e não invasivos. A médica Renata Melo afirma que os cuidados com os cabelos estão entre os mais procurados. “Temos atendido muitos homens que buscam soluções para calvície, rarefação capilar e entradas mais evidentes. Eles vêm motivados tanto pela vaidade quanto pelo desejo de se cuidar como um todo”, disse. Entre os procedimentos citados por Renata está a mesoterapia sem agulhas, que utiliza a eletroporação para entregar ativos diretamente na pele, sem cortes. Ela também desenvolveu o protocolo Regenera Hair, que combina tecnologias como videotricoscopia digital, aplicação de laser, microinfusão de medicamentos e fotobiomodulação. A dermatologista Karina Mazzini aponta que o cuidado com a pele também tem crescido entre os homens. “Eles estão se cuidando mais, seja com cuidados em casa, seja com procedimentos na clínica”, disse. Segundo a médica, peles masculinas tendem a ser oleosas, e o uso de sabonete adequado, hidratação e protetor solar são fundamentais. “As pessoas precisam entender que até as peles mais oleosas precisam ser nutritivas e hidratadas. Hoje em dia, temos muita coisa bacana para usar, tanto em sérum como em loção oil-free, assim como em gel, para usar à noite”, afirmou. Para quem trabalha ao sol ou pratica atividades ao ar livre, Karina reforça a necessidade de reaplicar o protetor solar e usar barreiras físicas, como bonés ou chapéus, para proteger o couro cabeludo e os fios. Fotos: Divulgação
Vitória terá campanha para cadastro de novos doadores de medula óssea no sábado (9)
No próximo sábado (9), o Shopping Vitória receberá a 7ª edição da campanha “Irmão de Medula” para cadastramento de novos doadores, organizada pelo Instituto Índio Jorge em parceria com o Centro Estadual de Hemoterapia e Hematologia Marcos Daniel Santos (Hemoes). O atendimento será gratuito, das 13h às 19h. A iniciativa tem o objetivo de ampliar o número de voluntários no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), o que pode aumentar as chances de pacientes com leucemia, linfoma e outras doenças hematológicas encontrarem um doador compatível. Segundo os organizadores, a chance de compatibilidade fora da família é baixa — estimada em 1 a cada 100 mil pessoas. Por isso, ampliar o número de cadastrados é visto como fundamental. Para participar, é preciso ter entre 18 e 35 anos, estar em boas condições de saúde e apresentar documento oficial com foto. Durante o cadastro, serão coletados 5 ml de sangue para análise genética e inclusão no Redome. Caso haja compatibilidade com algum paciente, o voluntário será procurado para avaliação da possibilidade de doação. “A medula óssea é responsável pela produção de células do sangue, e o transplante pode ser a única esperança de cura para muitos pacientes. O processo de cadastro é simples e rápido”, disse Índio Jorge, idealizador do projeto e sobrevivente de leucemia. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone do Hemoes: (27) 3636-7920 ou pelo e-mail hemoes@saude.es.gov.br.
TJES lança ferramenta de Inteligência Artificial para transcrição de audiências
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) anunciou, como parte do “Mês da IA no TJES”, o lançamento de uma ferramenta de transcrição automática de áudios e vídeos com uso de Inteligência Artificial. A tecnologia permitirá a transcrição rápida de trechos de audiências e sessões, com o objetivo de agilizar o trabalho de servidores e magistrados. De acordo com o tribunal, uma das funcionalidades principais da ferramenta é a velocidade: uma hora de conteúdo pode ser transcrita em cerca de seis minutos. A tecnologia também oferece resumos automáticos de vídeos e áudios, identificação de tópicos principais e busca por palavras-chave, permitindo acesso direto ao ponto exato do conteúdo onde os termos foram mencionados. A ferramenta ainda é capaz de identificar interlocutores por meio da alternância de vozes e realizar buscas contextuais de informações, além das semelhanças sintáticas. “O objetivo é aumentar a eficiência, a transparência, garantir a precisão dos dados e a imparcialidade dos sistemas, sempre gerenciado pelo olhar humano e com base em princípios éticos”, afirmou o presidente do TJES, desembargador Samuel Meira Brasil Jr. Durante o mês de agosto, outras ferramentas baseadas em Inteligência Artificial devem ser lançadas pelo TJES. Segundo o tribunal, o foco está na automação de tarefas repetitivas, análise de dados em grande volume e previsão de resultados, com atenção às implicações legais e à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Samir Nemer – “Dia dos Pais e o peso invisível da tributação”
Presentear os pais é um gesto de carinho, gratidão e afeto. No entanto, essa demonstração de amor vem acompanhada de um custo que vai muito além do valor sentimental: até 77% do preço de alguns presentes vai direto para os cofres públicos em forma de tributos. Isso significa que, no Brasil, presentear no Dia dos Pais é, muitas vezes, pagar mais que o dobro do valor real de um produto, sem qualquer exagero retórico. Ao analisar os dados divulgados pelo site Impostômetro, observei que itens como perfume importado, tênis, vinho, iPad e celular figuram entre os mais tributados, todos com mais de 60% de carga tributária. O campeão? O perfume importado, com 77,43% do seu valor composto por impostos. Em termos práticos, significa que, ao pagar R$ 100 por esse item, R$ 77 são destinados ao pagamento de tributos, um verdadeiro presente para o Estado, não para o pai. Outros produtos como tênis (65,71%), vinho importado (64,57%) e iPad (63,18%) também figuram entre os primeiros do ranking de tributos. A média da carga tributária sobre os presentes mais populares fica em torno de 48%, o que evidencia como o sistema tributário brasileiro penaliza o consumo, em especial o das famílias de menor renda. É aí que entra um ponto crucial: o Brasil tributa muito mais o consumo do que a renda. Isso significa que quem ganha menos compromete proporcionalmente mais da sua renda com tributos do que quem ganha mais. Um trabalhador assalariado que compra uma calça jeans, por exemplo, arca com cerca de 35% de tributo embutido no valor, o que pesa muito mais no seu orçamento do que no de alguém que recebe um salário dez vezes maior e compra a mesma peça. Chamamos isso de regressividade: o sistema é injusto porque quem tem menos paga mais, proporcionalmente. Em países com sistemas mais maduros e equilibrados, a lógica é inversa: tributa-se mais a renda (quem ganha mais contribui mais) e menos o consumo, permitindo maior acesso da população a bens essenciais e de qualidade. No caso dos presentes do Dia dos Pais, o que mais pesa no bolso dos consumidores são tributos como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é estadual, Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), todos federais. E, quando o presente é importado, ainda há a incidência do Imposto de Importação, elevando ainda mais o custo final. Esses são os chamados tributos indiretos, também conhecidos como “tributos invisíveis”. Diferentemente de impostos como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) ou o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), em que o valor pago está claramente especificado, esses tributos estão embutidos no preço e raramente são percebidos pelo consumidor. Mesmo quando há menção aos impostos no cupom fiscal, trata-se de uma estimativa. Ou seja, a população não tem clareza real sobre quanto paga de imposto em cada compra. E isso é grave, porque dificulta o exercício da cidadania fiscal. Se não sabemos o que pagamos, como podemos cobrar melhores serviços públicos em troca? A expectativa de vendas para o Dia dos Pais continua alta. Só no Espírito Santo, a previsão é de que R$ 156,8 milhões circulem no comércio local, segundo o Connect Fecomércio-ES. Nacionalmente, estima-se um volume de R$ 7,84 bilhões, o maior desde 2012, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Mas, mesmo diante desse potencial, a tributação sobre o consumo segue como uma barreira real ao poder de compra das famílias brasileiras. A reforma tributária, que está em fase de regulamentação, promete simplificar esse sistema e trazer mais transparência. A ideia é que os tributos apareçam de forma mais clara nas notas fiscais, o que pode incentivar um consumo mais consciente e uma cobrança mais efetiva por parte dos cidadãos. É um começo, necessário, mas ainda tímido, diante da urgência por um sistema mais justo, que onere menos o consumo e combata desigualdades. Enquanto essa mudança não se concretiza de forma efetiva, cabe a nós, contribuintes, exercermos o nosso papel: compreender, questionar e exigir um modelo tributário mais racional e coerente com os princípios da justiça fiscal. Além de pensar sobre qual presente comprar para o seu pai, é hora de refletir quanto do que se paga por ele vai para o bolso do Estado e se estamos realmente tendo o retorno que deveríamos. Afinal, todo presente tem seu preço. Mas não deveria custar tanto em imposto. Samir Nemer é advogado tributarista, mestre em Direito Tributário e sócio do escritório FurtadoNemer Advogados. *A opinião dos articulistas é de total responsabilidade dos autores e não reflete necessariamente a posição do portal News Espírito Santo