Impulsionado pelos setores extrativo e de transformação, Estado superou média nacional e ficou atrás apenas do Rio Grande do Sul
O Espírito Santo teve a segunda maior alta na produção industrial do país em maio deste ano, com crescimento de 23,9% na comparação com o mesmo mês de 2024. O resultado expressivo só foi superado pelo Rio Grande do Sul, que avançou 29,1%, e ficou muito acima da média nacional, que foi de 3,3%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), do IBGE, e foram compilados pelo Observatório da Findes.
Apesar do desempenho positivo, o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Baraona, ressalta que o cenário econômico internacional impõe desafios crescentes. “Temos pela frente grandes desafios a serem enfrentados, principalmente após a decisão do governo dos Estados Unidos de elevar em 50% a tarifa sobre todos os produtos importados do Brasil”, alertou.
Segundo ele, o Espírito Santo é uma das economias mais abertas do país e altamente dependente do mercado externo. “Quase 80% do que o Estado exporta são produtos industriais. Essa abertura, que sempre foi uma vantagem para o desenvolvimento socioeconômico capixaba, também nos torna mais vulneráveis a medidas protecionistas unilaterais como essa”, completou Baraona.
Petróleo, gás e minério puxam indústria extrativa
O avanço da indústria capixaba em maio foi impulsionado pelos dois principais segmentos do setor: a indústria extrativa, que cresceu 35,9%, e a indústria de transformação, com alta de 4,1%.
Na indústria extrativa, o destaque ficou por conta do aumento nas produções de minério de ferro pelotizado, petróleo e gás natural. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Espírito Santo produziu em maio cerca de 179,8 mil barris de petróleo por dia, alta de 7,9% em relação a abril e de 13,2% frente ao mesmo mês de 2024. A produção média de gás natural também cresceu: foram 4,6 mil m³ por dia, alta de 16,7% em relação ao mês anterior e de 27,2% na comparação anual.
“O crescimento foi impulsionado pelos ambientes offshore e onshore”, explica o gerente de Ambiente de Negócios da Findes, Nathan Diirr. No mar (offshore), o destaque foi a produção do navio-plataforma FPSO Maria Quitéria, que operou com 26% da capacidade total ao produzir 26,1 mil barris de petróleo por dia e 913,8 mil m³ de gás natural diariamente.
Já em terra (onshore), a produção de petróleo cresceu 75,8% frente a abril, puxada pelos campos Fazenda Alegre (+104,9%), Cancã (+87,5%), Inhambu (+83,4%) e Fazenda São Rafael (+6,8%), todos operados pela Seacrest. A produção de gás natural onshore também subiu 23,1% em relação a abril, mas caiu 30,6% na comparação com maio do ano passado.
Metalurgia lidera crescimento na transformação
Na indústria de transformação, os destaques positivos foram a metalurgia, com alta de 13,2%, a fabricação de papel e celulose (+2,4%) e a de produtos de minerais não metálicos (+1%). Por outro lado, a fabricação de produtos alimentícios apresentou queda de 7,9%.
Segundo a economista-chefe da Findes e gerente executiva do Observatório Findes, Marília Silva, a metalurgia liderou o crescimento ao registrar aumento na produção de bobinas a quente, lingotes, blocos, tarugos ou placas de aço, além do ferro-gusa.
“A fabricação de produtos de minerais não metálicos também teve bom desempenho, com destaque para o crescimento na produção de granito, pedras de construção, ladrilhos e cerâmicas para pavimentação ou revestimento”, destacou Marília.
Foto: Findes